Giane Lima Nepomuceno
Universidade Federal de Lavras – 3rlab.
A erisipela é uma doença infectocontagiosa do tipo hemorrágica, caracterizada por lesões cutâneas, articulares, cardíacas ou septicemia, além de causar aborto, por bactérias do gênero Erysipelothrix spp. A estrutura antigênica do gênero Erysipelothrix é complexa. Existem antígenos termolábeis, comuns à maioria das amostras das bactérias e antígenos termoestáveis, através dos quais é feita a diferenciação sorológica. Algumas amostras não possuem antígenos termoestáveis. A classificação das bactérias em sorovares é importante do ponto de vista imunológico, visto que somente algumas amostras de Erysipelothrix sp. apresentam características imunogênicas apropriadas para a produção de vacinas, sendo que diferentes sorovares apresentam características peculiares na relação com o hospedeiro, considerando-se as diferentes manifestações clínicas da doença. As bactérias resistem várias semanas na água e no solo em pH alcalino, sobrevivem vários meses em matéria orgânica em putrefação. A sobrevivência é mais longa em temperatura ambiente mais baixa.
A ocorrência de erisipela suína depende de diversos fatores:
- Idade do suíno por ocasião da infecção;
- Nível de anticorpos (pelo colostro ou vacinação);
- Intensidade da contaminação ambiental;
- Virulência da amostra da bactéria;
- Existência de fatores imunodepressores.
Estes fatores explicam porque em algumas granjas os suínos apresentam sinais brandos, enquanto outras a doença ocorre de forma grave.
A infecção em suínos ocorre frequentemente pela ingestão de alimentos ou água contaminada. É provável que a penetração das bactérias no organismo ocorra através das tonsilas ou tecido linfoide ao longo do aparelho digestivo. A infecção pode ocorrer também através de ferimentos na pele e contato com outros suínos portadores, ou animais selvagens, como roedores e pássaros, bem como aves domésticas como galinhas, perus, entre outros.
Sintomas clínicos da erisipelose em suínos podem ser agudos, subagudos, ou crônicos.
Na forma aguda, os animais apresentam sintomas da doença sistêmica. Eles ficam deitados e relutam em levantar. Se forçados a se levantar eles ficam com suas pernas encolhidas sob seu corpo. Os animais afetados deixam de se alimentar, e podem ter febre de até 40,0 a 42,2 ºC. As matrizes gestantes podem abortar. Lesões avermelhadas na pele (lesão chamada de “pele de diamante”) (figura – 1), frequentemente aparece entre 2 a 3 dias e animais que desenvolvem lesões severas na pele geralmente morrem.
Figura 1: Lesões avermelhadas na pele, lesão chamada de “pele de diamante”.
A erisipelose subaguda inclui muito dos mesmos sintomas acima descritos, mas com menos severidade, às vezes ao ponto de passarem despercebidas.
A erisipelose crônica, pode resultar de casos de erisipelose aguda ou subaguda, ou pode aparecer em suínos que não tenham tido sinal prévio da doença. Suínos com erisipelose crônica normalmente mostram sinais de artrite, devido a alterações degenerativas nas articulações. As válvulas do coração também podem ser afetadas e, neste caso, os animais podem mostrar sinais de doenças cardíacas, como falta de ar.
Reprodutores afetados podem apresentar alterações no tecido espermiogênico.
A identificação clássica em nível de campo, antes da sorologia, são manchas de formato geométricas, quase sempre losangulares, com coloração púrpura-escura, e sempre acompanhadas dos sintomas já descritos.
É quase impossível erradicar a erisipelose de um rebanho infectado, em virtude da resistência da bactéria ao ambiente.
Adotar um programa de vacinação, associado ao um programa de desinfecção, vazio sanitário, eliminação dos animais contaminados classificados como forma aguda, diminuir as chances de nova introdução da bactéria no ambiente da granja, adotar cercas de isolamento, quarentenário para novos animais a serem introduzidos no plantel, banho e troca de roupas para funcionários e visitantes.