Os cupins, assim como formigas, são chamados de insetos sociais pelo seu hábito de viver em colônias. Nesse sistema, os indivíduos possuem funções diferentes uns dos outros. Dentro de uma colônia existe uma designação conhecida como “rei e rainha”. Estes são responsáveis por funções reprodutivas: eles vivem para copular e colocar ovos que darão origem aos “operários” e “soldados” da colônia. Os operários são os responsáveis por funções de manutenção: busca de alimento, construção do ninho. Os cupins soldados são indivíduos que possuem uma fisiologia em especial: um sistema de defesa química e mandíbulas bem desenvolvidas para atuarem em defesa da colônia.
As atividades dos cupins se dão abaixo do solo, já que estes insetos possuem corpo mole e fogem da luz. Por conta desse hábito subterrâneo, muitas vezes é difícil perceber os danos causados por cupins. Eles se alimentam desde plantas vivas até materiais em decomposição, como húmus.
Nos agroecossistemas os cupins desempenham papéis importantes na regulação das propriedades do solo. Em solos compactados, a construção das galerias promove uma renovação do solo, aumenta a porosidade e permite que raízes se desenvolvam. Além disso, a matéria orgânica quando consumida pelos cupins e excretada no solo sofre uma transformação: ela é mineralizada e se torna disponível para as plantas.
Apesar de existirem esses aspectos positivos relacionados aos cupins, eles são mais conhecidos pelo seu impacto negativo. Atacam diferentes partes da planta e causam falhas no plantio. Na cana-de-açúcar, esses danos variam de acordo com a espécie de cupim presente na área.
Os cupins atacam a cana durante todo o ciclo de produção. Quando a cana está recém-plantada, penetram nas extremidades dos toletes, se alimentam de seu tecido e danificam a gema, prejudicando a germinação da cana. Além disso, atacam o sistema radicular afetando seu crescimento. Com isso, o produtor, muitas vezes, precisará fazer o seu replantio. Em canas maduras, a ação desses insetos se concentra nos colmos, provocando secamento e morte. Nem após o corte da cana é possível se livrar dos cupins, já que as touceiras nas superfícies cortadas, ficam vulneráveis e se tornam uma fonte de alimento. Além disso, nesse período eles encontram uma condição favorável de umidade para sobreviverem até a próxima brota das soqueiras.
Até a década de 80, usava-se produtos organoclorados para controlar cupins. Embora muito eficientes e com baixo custo, esse tipo de inseticida é altamente tóxico, sendo proibido no ano de 1985. Atualmente existem poucos produtos eficientes para o controle químico da praga, porém existem alternativas sendo viabilizadas, como programas de Controle Biológico, controle cultural e monitoramento como medida preventiva. Se a sua propriedade está passando por essa situação, consulte um técnico agrônomo de sua confiança que lhe indicará a melhor alternativa para combater seus cupins.
Taísa da Silva
Estudante de Agronomia da Universidade Federal de Lavras (UFLA)
Colaboradora do 3RLAB
REFERÊNCIAS:
MIRANDA, Carmélia S.; VASCONCELLOS, Alexandre; BANDEIRA, Adelmar G.. Termites in sugar cane in Northeast Brazil: ecological aspects and pest status. Neotrop. Entomol., Londrina , v. 33, n. 2, p. 237-241, Apr. 2004 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-566X2004000200015&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 10 Mar. 2021
PAIVA, Sílvia Rodrigues de. O efeito da remoção da palha de cana-de-açúcar na população de nematoides do solo e raiz em duas situações edafoclimáticas distintas. 2016. Dissertação (Mestrado em Biologia na Agricultura e no Ambiente) – Centro de Energia Nuclear na Agricultura, University of São Paulo, Piracicaba, 2016. doi:10.11606/D.64.2017.tde-09032017-094823. Acesso em: 2021-03-