Cecília Donata Silva de Oliveira
Imagem de marcson por Pixabay
A população mundial tem aumentado significativamente nas últimas décadas, associado a isso há crescente demanda por alimento de origem animal, para atender a esta demanda houve necessidade de aumentar da produção de alimentos destinados à alimentação animal. Esse novo conceito exigem que as fábricas de ração sejam eficientes, capazes de oferecer uma ração de qualidade e segurança do ponto de vista sanitário, reduzindo impactos negativos sob o animal.
A contaminação da matéria-prima em fábrica de ração ainda é um desafio enfrentado pela indústria, esta ainda acaba por gerar diversos danos e prejuízos as fábricas de ração, os microrganismos patógenos que podem contaminar as matérias-primas destinadas à alimentação animal, entre os microrganismos com grande importância no setor agroindustrial destaca-se a Salmonella spp. que provoca grandes prejuízos econômicos a produção animal, e facilidade de disseminação dentro da fábrica.
A salmonella spp. é um microorganismo capaz de apresentar grandes riscos a rações animais, sua incidência é de maior em farinha de oleaginosas, de origem animal. A principal fonte de contaminação de ingredientes, além dos grãos e sementes oleaginosas, é o pó proveniente do solo, da chuva e da retirada mecânica. Em amostras de pó em fábricas de ração, a incidência da Salmonella spp. tem sido em torno de 10 a 50%, partículas de poeira possuem maior capacidade de absorver umidade do ar do que a própria ração e os ingredientes, dando condições favoráveis para o desenvolvimento de microrganismos.
No momento em que a fábrica é contaminada, podemos observar que o processo de contaminação segue quatro fases:
- Introdução
- Adaptação/distribuição
- Multiplicação
- Disseminação
O processo como um todo se da gradativamente, e pode levar até 12 meses para se completar, esse tempo pode variar de acordo com as condições encontradas em cada fábrica, condições favoráveis ao desenvolvimento da Salmonella spp. Poderá resultar em ciclos mais curtos. Um dos fatores que tornam a Samonela spp. Insistentes e de difícil controle em fábricas é a sua resistência a uma ampla gama de desinfetantes favorecendo seu desenvolvimento e permanência no interior do sistema de produção. Após instalada, a Salmonella spp. pode permanecer até 2 anos em rações estocadas a temperatura ambiente, e em temperaturas entre 20 a 41 °C a taxa de multiplicação pode ser alta, uma única célula pode gerar de 105 a 106 células em apenas 48 horas.
Tabela 1: Pesquisa da ocorrência de Salmonella spp. (%) em amostras de equipamentos da fábrica de ração.
Medidas para controle microbiológicos em fábricas de ração
- A umidade é um fator determinante para a proliferação de diversos microorganismos, como fungos e bactérias, valores de umidades fora do padrão resulta em aumento da proliferação de microorganismos indesejáveis e que causam prejuízos as fábricas. Os valores de umidade de matérias-primas, silos de armazenamento devem ser monitorados e mantidos dentro dos valores padrão para assegurar a seguridade.
- A peletização que se trata de um processo mecênico, associado a umidade, pressão e calor, pode oferecer redução da carga microbiológica e contribuir para redução da deterioração dos nutrientes, e transmissão de patógenos.
- Os operadores da fábrica podem disseminar a bactéria por meio calçados e luvas de operadores que transitavam entre a área limpa e a área suja da fábrica, tornando-se um vetor de contaminação. Mediante a isto é ressaltada a necessidade de capacitação e conscientização dos mesmos para o sucesso da redução dos desafios e do controle microbiológico.
- O controle de pragas em uma fábrica, é um aspecto que deve ser enfatizado ratos, baratas, formigas entre outros, são atraídos devido aos alimentos ali encontrados, e também atuam como vetores. A incidência de pombos em uma fábrica de ração também continuem vetores para transmissão de patógenos, além de representar riscos para a saúde pública por ser reservatório de pelo menos 70 diferentes microrganismos patogênicos para os humanos, destacando-se a Salmonella enterica sorovar Typhimurium. Suas fezes contaminadas transmitem agentes infecciosos em culturas agrícolas e fontes de água potável.
- Por fim podemos orientar as fábricas de ração a adoção de medidas de controle, como adquirir matérias-primas isentas de Salmonella, e a utilização de produtos químicos como ácidos orgânicos, os operadores das fábricas de rações devem ter rotinas de trabalho definidas, que levem em conta as considerações de biossegurança e higiene. Toda a equipe deve receber treinamento a respeito da importância da prevenção de doenças contagiosas e zoonoses, da higiene adequada, incluindo higiene pessoal, bem como sobre os protocolos de biossegurança, a fim de minimizar o risco de transmissão de patógenos nocivos.
Referências:
- Imagem Salmonella: Imagem de 2 72447 por P ixabay
SILVEIRA. NATHALIA.S. D. ESTUDO DE CASO: Ocorrência de contaminação por Salmonella spp. em uma fábrica de ração de aves. Trabalho de Conclusão de Curso- Zootecnia