Lucas Machado – Universidade Federal de Lavras – 3rlab
Nativo da China, o pessegueiro é uma cultura que só era produzida em regiões de clima temperado e que agora pode ser produzida em outros locais. O microclima favorável pode ser obtidos em regiões de elevadas altitudes, geralmente acima de 900 metros, e que tenha pelo menos, 100 horas por ano, com temperatura igual ou inferior a 7ºC. Nas últimas décadas a cultura do pêssego apresentou uma expansão nas áreas cultivadas nas diferentes regiões que apresentam condições climáticas favoráveis ao seu desenvolvimento. Em 1980, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) lançou novas variedades, com baixa exigência de horas de frio, aumentando consideravelmente as áreas de plantio e abrindo novas regiões produtoras.
Um dos principais fatores limitantes na produção de qualquer cultura, são as pragas. Na cultura do pessegueiro a mariposa oriental (Grapholita molesta) tem destaque, porque além de causar danos diretos, essa praga pode propiciar o desenvolvimento da podridão parda, causada por um fungo, resultando em perdas ainda maiores.
A mariposa oriental está presente em praticamente todas as regiões produtoras de pêssego. O adulto é uma mariposa de coloração parda, apresentando entre 10 a 15 mm de envergadura e comprimento do corpo variando de 5,5 a 7 mm (figura 1).
Após o acasalamento, os ovos são depositados na face abaxial (inferior) das folhas novas ou diretamente sobre ramos não lignificados. Ao eclodirem, as lagartas penetram nos ponteiros ou frutos, sendo que uma lagarta é capaz de se alimentar de 3 a 7 ramos diferentes na mesma planta, geralmente próximos entre si. As lagartas podem atacar os frutos durante o deslocamento entre os ramos. As pupas medem cerca de 7 mm localizando-se geralmente sob fendas da casca no tronco. Aproximadamente três dias após o acasalamento, as fêmeas iniciam a oviposição, de 30 a 40 ovos.
A temperatura tem total influência no desenvolvimento dos insetos. No Brasil, são observadas de 4 a 6 gerações sobre a cultura do pessegueiro e esse número pode variar de acordo com as condições climáticas.
Os danos causados por essa praga pode surgir nas brotações e frutos. Em pomares mais jovens e em viveiros, os danos nos ramos é mais significativo. O ataque nos frutos pode ser realizado pelas lagartas desenvolvidas ou por lagartas recém-eclodidas. As lagartas desenvolvidas podem fazer um grande orifício de entrada, e as lagartas recém-eclodidas geralmente penetram pela região do pedúnculo (figura 2).
As lagartas se deslocam no interior do fruto em direção ao caroço, excretando na superfície do fruto, tornando ele imprestável para o comércio. O orifício de entrada nos frutos, realizado pelas lagartas, pode servir como porta de entrada para a podridão parda causada pelo fungo Monilinia fructicola, que eleva as perdas durante a fase de amadurecimento nos pomares e ainda durante o armazenamento.
O monitoramento da mariposa é realizado através de armadilhas adesivas contendo feromônio sexual sintético. O feromônio é liberado gradativamente no ambiente, atraindo os machos que ficam presos nas armadilhas permitindo aos produtores acompanhar a população da praga nos pomares. A instalação da armadilha deve ocorrer no início da brotação e ser mantida até a colheita, posicionada em uma planta no interior do pomar a uma altura de 1,7 metros do nível do solo.
Em pomares grandes e homogêneos, recomenda-se uma armadilha para cada 5 ha, já para pomares menores, é recomendado no mínimo duas armadilhas por pomar. O técnico responsável deve realizar a contagem e retirada dos insetos capturados semanalmente. O controle da praga deve ser realizado nos períodos de vôo das mariposas, estabelecendo-se como nível de controle da praga a captura de 20 machos/armadilha/semana.
Para reduzir as perdas ocasionadas pela mariposa, pode-se optar por cultivares de ciclo precoce, geralmente essas cultivares sofrem uma menor pressão da praga. Durante a poda no verão, a catação e destruição de ponteiros atacados é recomendado para reduzir a população da praga. O método de controle mais utilizado pelos produtores continua sendo o químico, com aplicação de inseticidas de amplo espectro (fosforados e piretróides), registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle de pragas na cultura do pessegueiro.