Lucas Machado – Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A produção crescente de soja tem propiciado ao Brasil grandes volumes de exportação, sustentando nossa economia. No ano de 2015 o agronegócio brasileiro representou cerca de 23% do PIB, com um saldo superior a 80 bilhões de dólares. Com uma área plantada de 30 milhões de hectares e uma produção próxima a 100 milhões de toneladas, a soja tem se destacado.
Além dos problemas externos às propriedades, como o sistema de logística precário do país, o agronegócio enfrenta entraves dentro das próprias áreas de produção. Um desses entraves é o uso crescente de sementes não certificadas, que podem ser as sementes salvas para uso próprio e as “sementes piratas” ou “sementes ilegais”.
Por lei, as sementes salvas podem ser utilizadas para uso próprio, desde que as regras sejam cumpridas. As “sementes piratas” são comercializadas ilegalmente e na grande maioria das vezes são sementes que, produzidas teoricamente para uso próprio, são multiplicadas em volume superior ao que o agricultor necessita e o excedente é comercializado.
A certificação garante a qualidade das sementes produzidas e comercializadas. Sementes não certificadas não possuem garantia e por um preço menor podem esconder problemas que gerarão sérios prejuízos. Além de menor produtividade, elas podem disseminar patógenos provocando sérios problemas fitossanitários que no futuro poderão elevar os custos na tentativa de solucionar e interferir seriamente no sistema de produção de muitas regiões produtoras.
Nesse sentido, inserir informações detalhadas sobre a origem e as características dos produtos, distribuídos em lotes homogêneos, em todas as etapas da cadeia produtiva, tornou-se importante meio de vantagem comercial para atender às exigências do mercado consumidor.
Esse conjunto de informações detalhadas, é denominada como rastreabilidade e possibilita o monitoramento e controle de produtos e processos. Através dela é possível identificar a causa de problemas e realizar ações de melhoria, além de aumentar a transparência entre os elos da cadeia produtiva. As informações formam um banco de dados, onde a empresa passa a gerenciar todo o processo: cadastro de lotes; histórico das áreas de produção e UBS (unidade de beneficiamento de sementes); informações do controle oficial de qualidade; origem e tratamento de sementes e gerência de comentários feitos por clientes (figura 1).
Figura 1: Informações do campo de produção de sementes. Fonte:abrates.org.br
Por meio da rastreabilidade é possível conhecer antecipadamente a qualidade da semente, e todas as etapas que fizeram parte do processo produtivo da mesma. Com essas informações podemos conhecer a identidade destas sementes, que são identificadas e separadas em lotes.
Com todas essas informações detalhadas, o produtor, ao adquirir este material tem maior tranquilidade no planejamento do plantio, que apostando em sementes de qualidade e origem comprovadas terá um excelente estabelecimento da cultura. Dessa forma ambos os lados saem ganhando – o produtor de sementes, que apresenta ao mercado um produto diferenciado, com rastreabilidade e o agricultor, por utilizar sementes com origem comprovada. O agricultor tem acesso via internet, através de um código de barras 2D (figura 2), às informações de origem destas sementes, controles de pragas e doenças no decorrer do processo produtivo, controles de qualidade, tratamentos realizados, informações técnicas, entre outras.
Figura 2 Código de barras 2D (QR code). Fonte:.checkplant.com.br
Essa tecnologia permite ao agricultor consultar estas informações através de seu celular ou acessando o site e digitando o código contido na etiqueta da sacaria, além de poder deixar um comentário sobre o desempenho deste lote de sementes, criando desta forma, um elo de comunicação entre o agricultor e a empresa produtora de sementes que gerencia estas informações.