Lucas Machado – Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A demanda mundial por alimentos só tem aumentado, e o grande desafio de alimentar 9 bilhões de pessoas em 2050, com segurança alimentar e preservando o meio ambiente fez com que os investimentos em tecnologias direcionadas para a agricultura objetivando produzir mais, aumentasse consideravelmente nos últimos anos.
As perdas de nutrientes seja ela por lixiviação, volatilização ou adsorção é uma das preocupações de pesquisadores a mais de décadas. Com o aumento das tecnologias surgiu o conceito de “fertilizantes inteligentes” que são aqueles de liberação lenta e ou controlada. Fertilizante de liberação controlada é o termo utilizado quando a duração da liberação dos nutrientes em um intervalo de tempo é conhecida. Já o termo de liberação lenta é empregado quando a liberação dos nutrientes depende de fatores climáticos, não sendo previsto pelo tempo.
Durante o processo de fabricação os fertilizantes são revestidos, encapsulados por uma camada de material insolúvel em água com micro poros (figura 1), que permitem o controle da entrada e saída de água no grânulo do fertilizante, sincronizando assim a liberação dos nutrientes com as necessidades da planta em absorvê-los.
Figura 1 Grânulo de fertilizante revestido
O uso de fertilizantes de liberação controlada pode promover uma economia de 20% a 30% em relação à aplicação de um fertilizante convencional mantendo o mesmo rendimento do cultivo. Através da sincronização de liberação, os fertilizantes de liberação controlada melhoram a absorção de nutrientes pelas plantas (figura 2), reduzem perdas, por exemplo: do nitrato por lixiviação e perdas por volatilização de amônia, minimizando o risco de poluição ambiental.
Figura 2: Liberação de nutrientes sincronizada com a necessidade nutricional da planta
A proporção de grânulos danificados utilizados como se estivessem com o mesmo padrão de fertilizantes de liberação controlada em perfeitas condições é um ponto preocupante, pois o produto danificado não atuará da forma esperada. Atualmente, para o clima tropical e cultivos extensivos existem poucas pesquisas sobre essa tecnologia de fertilizantes, a grande maioria das publicações são do hemisfério norte, de condições bem diferentes das nossas. Outro entrave é a falta de um método padronizado para relacionar os testes feitos em laboratórios com o real comportamento desses fertilizantes em diferentes condições no campo (solo e clima).
O investimento nesse tipo de fertilizantes é maior quando comparado aos convencionais, porém considerando a otimização da aplicação, redução de custos com armazenagem e transporte, tornam sua utilização viável. Há situações onde a aplicação de fertilizantes encapsulados é ainda mais rentável e vantajosa, por exemplo: em culturas perenes de alto valor, cultivadas em solos arenosos e susceptíveis à lixiviação.