Pedro Felipe Martins da Silva
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
Com o crescente monocultivo do sistema soja- milho nas grandes regiões produtoras de grão, aliado ao desequilíbrio biológico provocado pelo uso indiscriminado de inseticidas, as pragas, principalmente nos seus ataques nas fases iniciais da cultura do milho, assumiram o papel de principal fator de limitação na produtividade. Os principais prejuízos relacionados às pragas estão na diminuição no stand inicial da lavoura, afetando dessa forma diretamente a produtividade final.
Nesse artigo iremos caracterizar de maneira geral como acontece o ataque das principais pragas da parte aérea do milho, bem como indicar algumas medidas necessárias para o seu efetivo controle. Para facilitar o entendimento do estudo iremos dividir o estudo das pragas em 2 grupos. O grupo 1 está relacionado aos percevejos pragas e o grupo 2 está relacionado ao ataque das principais lagartas que ocorrem na fase inicial.
Grupo 1- Percevejos
Os principais danos associados ao ataque de percevejos são visíveis a partir do estágio v4 e v6 quando a planta já emitiu de 4 a 6 folhas. Em anos de baixa pressão de ataque desses insetos observa-se uma sequência de furos transversal ao comprimento da folha. Em anos que o ataque é maior, observa-se a ocorrência de perfilhamento nas plantas e a dificuldade da emissão de novas folhas em razão da alta injeção de toxinas por parte desses insetos (figura 1).
O principal prejuízo que os percevejos podem acometer a cultura do milho seria o comprometimento da produtividade em razão da diminuição do stand inicial de plantas, originando em consequência desses ataques alta concentração de plantas dominadas com deformações nas espigas.
O monitoramente através da contagem e avaliação direta em campo com o uso de armadilhas atrativas é a principal maneira de aferirmos sobre a população desses insetos na lavoura. Todos os esforços devem ser no sentido de que se evite o ataque generalizado em toda a lavoura. Dessa forma o tratamento de sementes com produtos específicos para insetos sugadores assume importante papel no que diz respeito ao estabelecimento da cultura no campo.
Figura 1- Plantas com desenvolvimento atrofiado, em virtude da alta pressão de percevejos.
- Grupo 2- Lagartas na fase inicial
Nas últimas safras foi observado com mais frequência o ataque de lagartas na fase inicial da cultura do milho na maioria das regiões produtoras do Brasil, alguns fatores como a rotação inadequada de culturas, condições climáticas ideais e a presença de palhada têm contribuído para esse quadro.
As lagartas que são mais críticas na fase implantação da cultura são: a lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda), lagarta do trigo (Pseudaletia sequax), lagarta rosca (Agrotis ipsilion) e a lagarta elasmo ( Elasmopalpus lignosellus). Na cultura do milho os principais prejuízos são a perda das plantas provocada pelo seu corte e o rápido desfolhamento em condições de não controle.
O controle das lagartas se faz antes do plantio do milho. É indicado que se realize o monitoramento na fase de dessecação da cultura anterior e caso a população dessas pragas esteja em nível de controle o indicado é a utilização de inseticidas fisiológicos para o controle de lagartas de menor tamanho. Após o plantio do milho devem-se realizar rondas periódicas nas lavouras no intuito de detectar o nível de controle dessas pragas, de maneira geral quando 10% das folhas estiverem raspadas (figura 2), deve se proceder a aplicação de inseticidas específicos para o efetivo controle.
Figura 2- Folhas raspadas de milho, sinal típico do início do ataque de lagartas.
De acordo com o que foi abordado durante o estudo, fica evidente que para o efetivo sucesso do combate aos insetos-pragas é necessário que todas as decisões sejam tomadas visando a prevenção do ataque, nesse sentido o tratamento de sementes e as contínuas vistorias na lavoura são importantes ferramentas que irão garantir o sucesso da cultura.