Gabriel Castillo
Universidade Federal de Lavras-3rlab
Neste artigo, o último referente aos cuidados no processo de compostagem, será abordado o preparo das pilhas, solução para possíveis problemas, características do composto pronto e seu uso.
Preparo das pilhas
Inicialmente, deve-se demarcar no terreno escolhido uma largura de 3 a 4 metros, necessários para entrada do trator, e o comprimento variável de acordo com a quantidade de composto que será produzido. É importante que respeite 2 metros nas extremidades da pilha para facilitar as balizas do trator, e ao redor das pilhas é importante a construção de valas para o escoamento de excesso de água.
Na construção das pilhas é recomendado que se inicie com os resíduos vegetais, em uma camada de 15 a 25 cm de espessura, a cada camada colocada deve-se irrigar a pilha (figura 1). Em seguida a deposição de material fibroso: coloca-se a camada dos “nitrogenados” em uma camada de 5 a 7 cm de espessura, esse procedimento de alternância se repete até que a pilha atinja de 1,5 a 2 metros, e deve-se colocar o material palhoso como ultima camada para melhor proteção contra água das chuvas.
Figura 1- Irrigação nas camadas na montagem das pilhas de compostagem.
Solução para possíveis problemas
No processo de compostagem, é extremamente importante o monitoramento e manejo das condições de temperatura, umidade e aeração, como já foram vistos anteriormente. Durante o processo é comum o aparecimento de alguns problemas, sendo principalmente:
- Pilha com baixa temperatura, no momento em que deveria estar alta: caso o composto esteja muito seco é recomendado revirar a pilha e irrigá-la; caso o composto esteja com excesso de umidade é recomendado que revire a pilha deixando que ela seque aos poucos. Pode ser causado também pela compactação, neste caso revira-se a pilha novamente; por excesso de material rico em carbono (material fibroso), neste caso revira-se a pilha e acrescenta-se material rico em nitrogênio.
- Cheiro podre: este problema pode ser causado pelo excesso de umidade, neste caso revira-se a pilha deixando-a secar aos poucos; e pode ser também pela compactação, neste caso deve-se revirar a pilha;
- Cheiro de amônia: problema causado pelo excesso de nitrogênio e neste caso deve-se adicionar material palhoso (rico em C);
Incidência de moscas no composto: este problema pode ser causado pelo excesso de umidade, neste caso revira-se a pilha e deixa-a secando; pode ser pela falta de oxigênio e neste caso revira-se a pilha;
- Temperatura muito elevada: problema causado pela alta atividade microbiológica e neste caso deve-se acrescentar material palhoso.
Características do composto pronto
Um composto pronto apresenta algumas características comuns (figura 2), sendo principalmente:
- A pilha pronta tem a redução do volume inicial de 1/3;
- Não é possível identificar quais eram os compostos iniciais, significa que ocorreu a degradação destes;
- O composto pode ser facilmente moldado nas mãos;
- Possui cheiro de matéria orgânica;
- Temperatura ambiente, geralmente baixa.
Figura 2- Composto pronto.
O uso do composto
Recomenda-se que o composto obtido seja utilizado imediatamente após o término do processo de compostagem. Entretanto, em muitas ocasiões isso não é possível, sendo assim é recomendado a armazenação em local protegido do sol e da chuva e de preferência coberto com lona de polietileno.
A incorporação do composto ao solo deve ser cerca de 30 dias antes da implantação da cultura, tanto em anuais quanto em perenes. A quantidade a ser utilizada pode variar de acordo com o tipo de composto orgânico aplicado, com o tipo de solo e com condições ambientais. Normalmente as taxas de aplicação são de 10 a 100 toneladas por hectare.
Diante disso, a utilização da compostagem se torna um passo interessante na busca de uma agricultura sustentável, competitiva e rentável ao produtor. Na maioria das vezes o composto não deve ser utilizado como 100% da adubação, sendo, portanto necessário o complemento com a adição de fertilizantes químicos.