Gabriel Castillo
Universidade Federal de Lavras-3rlab
Para que se possa almejar a sustentabilidade rural e atingir grandes produtividades na cafeicultura, realizar análise de solo e análise foliar em um laboratório de qualidade é um passo importante. Para melhor conhecer sua propriedade, o agricultor não deve conhecer apenas a fertilidade do seu solo. Além disso, é extremamente importante a avaliação do estado nutricional das folhas, por meio de análises foliares. Esta que tem como principal função auxiliar na identificação de deficiências e desequilíbrios nutricionais para que se possa corrigi-los.
A análise foliar, como foi dito acima, nos auxilia na identificação das deficiências e desequilíbrios minerais na planta. Esta é capaz identificá-los antes mesmo do aparecimento dos sintomas típicos, visíveis em nível de campo. Vale ressaltar que quando esses sintomas podem ser vistos a olho nu, nesses casos já atingiram níveis bastante prejudiciais ao cafeeiro e consequentemente a produção.
Basicamente, a análise foliar nos fornece uma avaliação do estado nutricional do cafeeiro e se o adubo aplicado foi capaz de atender as necessidades da planta, podendo contribuir na tomada de decisão sobre qual o melhor adubo a ser aplicado nas próximas adubações. Dessa maneira, a análise foliar é um complemento da análise de solo e deve ser tratada como uma prática essencial e rotineira na cafeicultura.
Procedimentos
- Divisão da área: deve-se dividir o cafezal em glebas/talhões de no máximo 10 ha, agrupados basicamente por uniformidade em idade, espaçamento e variedade. É recomendado acompanhar a mesma divisão em glebas/talhões que se utilizou para realizar a amostragem de solo.
- Em cada gleba/talhão, caminhando em zigue, selecionar ao acaso um ramo no terço médio da planta e nele coletar o 3° ou 4° par de folhas a partir da extremidade (figura 1). Para isso, não se deve contar o 1° par caso este tenha tamanho menor que dois cm.
- Deve-se coletar no mínimo 100 folhas em cada gleba/talhão. As 100 folhas do talhão devem ser retiradas de pelo menos 25 plantas, coletando-as nos dois lados da planta.
- As folhas coletadas devem ser colocadas em sacolas de papel limpas, devidamente identificadas e enviadas imediatamente para o laboratório. Entretanto, caso isso não possa ocorrer, deve-se lavá-las em água corrente, enxugar com água filtrada e secá-las cuidadosamente. Após isso, é recomendado armazená-las em baixa temperatura (2-4 ºC) na parte inferior da geladeira por no máximo 72 horas.
- Para a coleta das folhas é extremamente importante que se respeite um intervalo de pelo menos 30 dias após uma ultima adubação de solo ou via foliar, evitando assim que as folhas cheguem ao laboratório com resíduos e comprometa a análise.
Figura 1- Imagem ilustrativa indicando o local de onde deve ser realizada a amostragem foliar no cafeeiro.
Época para amostragem
A amostragem para análise foliar, em cafeicultura de sequeiro é realizada na fase chumbinho/chumbão, estágio antes da fase de expansão e granação. Sendo que esse período, geralmente, coincide com o mês de novembro até meados de dezembro. Sendo assim, deve-se respeitar um período de 30 dias como foi citado acima.
Na cafeicultura irrigada, recomenda-se que a análise foliar seja feita com maior frequência, em alguns casos bimestralmente. Entretanto, tanto para lavouras irrigadas quanto de sequeiro é imprescindível o acompanhamento de um profissional da área para que possa estabelecer a época e frequência de amostragem para melhor programar a adubação para atender as demandas da planta a atingir bons índices de produtividade.
Parâmetros para interpretação
Para interpretação dos resultados das análises foliares existem diversos parâmetros. No estado de Minas Gerais utiliza-se a 5ª Aproximação, esta que é utilizada para comparação dos teores encontrados pela análise foliar com os teores tabelados para a cultura. Na tabela 1 estão mostrados os teores foliares de nutrientes considerados adequados para o café arábica e para o café conilon de acordo com a 5ª Aproximação.
Tabela 1- Teores considerados adequados na análise foliar para o café arábica e para o café conilon.
Dessa maneira, basta comparar os teores encontrados na análise foliar de sua lavoura com os teores apresentados na tabela acima. Caso o teor encontrado na lavoura for menor do que o apresentado na tabela, o nutriente analisado está em déficit. Caso o teor encontrado na lavoura for maior que o apresentado na tabela, significa que o nutriente está em excesso. É recomendado que o nutriente esteja nos teores indicados acima, considerados suficientes.
Portanto, a análise foliar deve ser encarada como essencial e rotineira na cultura do café. Esta que é uma excelente ferramenta para auxiliar na busca de altas produtividades e na viabilidade do agronegócio. Entretanto, deve ser utilizada em conjunto com a análise de solos. Além disso, é extremamente importante a presença de um profissional (agrônomo) para melhor estabelecer programas de adubação e corretivos, para conseguir eficiência máxima do seu cafezal, gerando maior rentabilidade e menores custos de produção.