Em decorrência dos bons preços pagos ao produtor pela saca de soja e a entrada da cultura em novas regiões, a soja esta sendo cultivada praticamente em todo território nacional trazendo muitos benefícios econômicos e também trazendo alguns problemas relacionados a sanidade da lavoura. Nesse contexto é observado que ano após ano ocorre com maior incidência o ataque de nematóides no campo, trazendo grandes prejuízos aos produtores. De acordo com a quantidade de indivíduos numa determinada área, nível de tolerância do cultivar plantado, manejo empregado na lavoura e condições climáticas favoráveis o ataque de nematóides podem vim a proporcionar até 50% de queda de produtividade.
A fim de controlar o nível populacional desses patógenos no solo é indicada a realização de algumas práticas culturais, dentre inúmeras práticas destacamos: rotação de culturas, utilização de tratamento de sementes com nematicidas, aumento de teores de matéria orgânica via adubação verde, manutenção do pH ideal em todo perfil do solo, utilização de cultivares com baixo fator de reprodução (FR) e tolerantes quanto ao ataque dos mesmos. É de suma importância que o produtor adote tais práticas a fim de se obter um bom controle, tendo em vista que a erradicação desses microrganismos é impossível e o controle químico muitas vezes não responde de maneira adequada.
Já se sabe que em todo mundo mais de 100 espécies de nematóides estão associados de alguma maneira com a cultura da soja, no Brasil os nematóides que têm gerado grandes problemas na cultura são: os formadores de galhas (Meloidogyne spp.), o nematóide do cisto da soja (Hetereodera glycines) e das lesões radiculares (Pratilenchus brachyurus). Os principais nematóides formadores de galhas em soja são o Meloidogyne javanica e o Meloidogyne incognita, os mesmos atacam a lavoura em reboleiras e se as mesmas não forem identificadase isoladas será grande fonte de inóculo para o próximo plantio. As plantas atacadas desenvolvem clorose generalizada ou internerval que pode ser confundida com deficiência nutricional, nas raízes o principal sintoma é o aparecimento de galhas.
Foto 1 – Presença de galhas nas raízes de soja provocada pelo Meloidogyne javanica.
O nematóide do cisto da soja, também ataca em reboleiras, principalmente em faixas de lavoura próximos a estradas e carreadores em razão da disseminação por automóveis ou maquinários com torrões de terra infectados. Em alguns casos as plantas infectadas morrem, porém em outros os sintomas são visíveis somente após 30 dias do início do plantio. Nas raízes ocorrem a formação de cisto (foto 2) com a coloração marrom escuro, esse cisto é nada mais que o corpo da fêmea que morreu e está servindo de fonte de inóculo onde contém aproximadamente 200 ovos.
Foto 2- Cisto na raiz de soja que posteriormente serão liberados no solo.
O plantio de soja de ciclo precoce tende a favorecer o problema em regiões que há problema com nematóide do cisto, pois a maioria desses cultivares apresenta alta susceptibilidade a esse patógeno.
O nematóide das lesões radiculares é um grande problema para as lavouras localizadas na região central do Brasil onde há lavouras situadas sobre terreno extremamente arenoso (teor de argila com menos de 15%). Nas reboleiras atacadas é observado que as plantas ficam menores, mas continuam verdes, as raízes parasitadas ficam com aspecto negro devido à injeção de toxina aplicada pelo patógeno (foto 3).
Foto 3: Lesões nas raízes (aspecto escuro) em raiz de soja provocada por Pratilenchus brachyurus.
No caso do nematóide das lesões radiculares, o mesmo tem a capacidade de infectar as raízes das gramíneas também, dessa forma o controle via sucessão ou rotação com essas culturas não resulta em um bom controle. Estudos revelam que a sucessão com crotalária diminui a população desses nematóides no solo devido ao seu baixo fator de reprodução.
Como foi observado durante este estudo, que o controle via rotação de cultura é a maneira mais eficiente de controlar esses patógenos, na rotação devemos procurar utilizar espécies que não são hospedeira como grande parte das gramíneas como: aveia preta, sorgo, amendoim, milho e milheto, outras espécies também apresentam grande utilidade no controle de nematóide, podendo citar a mucuna-preta, crotalária e girassol. Outras práticas como realizar bordadura de lavoura com plantas não hospedeiras têm grande eficácia no combate.
De forma geral o produtor deve evitar que o nematóide entre na sua lavoura. As formas de entrada mais comuns que podem ser controladas pelo homem é o trânsito de máquinas e automóveis com partículas de solo infectado. Uma medida para mitigar tal problema seria a construção de rodolúvio nas propriedades e a lavagem de maquinários. Para situações em que há a ocorrência do nematóide na área o ideal é sempre adotar a rotação de cultura, associado ao controle varietal, químico no tratamento de sementes e realizar análises de solo a fim de identificar qual nematóide está presente em sua área.