Cristiane Andrade Pinto
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
Uma das maiores contribuições do Brasil ao meio ambiente é a inoculação em larga escala na cultura da soja, praticamente eliminando a aplicação dos fertilizantes nitrogenados. Para a produção de 80 kg de nitrogênio (N) a fixação biológica de nitrogênio (FBN) pode fornecer mais de 300 kg de N/ha para a cultura da soja, além de 20 a 30 kg/ha de N para a cultura posterior.
A produção dos fertilizantes nitrogenados demanda um grande gasto energético. Para a produção de 1 t de amônia (NH3), matéria-prima para a síntese dos fertilizantes nitrogenados, são necessários 1.030m³ de gás natural. Além disso, as perdas do N proveniente dos fertilizantes nitrogenados por lixiviação, desnitrificação e volatilização são estimadas em pelo menos 50%. Pode ocorrer a poluição de mananciais hídricos, redução da camada de ozônio e intensificação da incidência das chuvas ácidas.
A coinoculação é o fornecimento das bactérias Bradyrhizobium e Azospirillum nas sementes ou no sulco de semeadura (figura1). Na Inoculação tradicional utiliza-se apenas um gênero de bactéria (Bradyrhizobium). A utilização destes dois microrganismos na soja produz um efeito sinérgico, superando os resultados obtidos quando utilizados isoladamente.
Figura 1: raiz da planta coinoculada
As Azospirillum são bactérias associativas, ou seja, são de vida livre e não formam nódulos nas raízes das plantas, colonizam os espaços intracelulares e a superfície das raízes.
A coinoculação pode proporcionar incrementos de até 16% na produtividade da soja, praticamente o dobro do obtido com a inoculação com o Bradyrhizobium. O Azospirillum produz fitohormônios que estimulam o enraizamento da soja, favorecendo a absorção de água e nutrientes. Melhora o estado nutricional, tornando-a mais tolerante às adversidades climáticas, dentre as quais, o déficit hídrico e as variações bruscas de temperatura.
O Azospirrillum estimula a fixação biológica do nitrogênio pelo Bradyrhizobioum. Além disso, este microrganismo também contribui para o fornecimento de nitrogênio à soja, notadamente na fase reprodutiva, podendo trazer aumentos significativos na produtividade final da lavoura.
Todas as operações com os inoculantes devem ser realizadas na sombra e a soja inoculada deve ser protegida do sol e do calor excessivo. Adicionar inicialmente nas sementes de soja os inseticidas, fungicidas e micronutrientes. Por último, adicione os inoculantes às sementes de soja. Realize a semeadura imediatamente após a inoculação, principalmente quando as sementes de soja forem tratadas com fungicidas e micronutrientes. Para uma coinoculação eficiente, realize a distribuição uniforme dos inoculantes em todas as sementes, não realize a inoculação diretamente na caixa de semeadora devido à baixa eficiência proporcionada pela pequena aderência dos inoculantes às sementes e cobertura desuniforme. Na situação em que o produtor utiliza fungicidas e micronutrientes nas sementes de soja, se houver condições, realizar a coinoculação diretamente no sulco de semeadura.