Giane Lima Nepomuceno
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A circovirose suína é uma virose causada pelo Circovirus que acometem suínos mundialmente, atacando o sistema imunológico dos suínos e facilitando a entrada de outras enfermidades ao animal, levando a manifestação da síndrome multisistêmica definhamento dos suínos, mioclonia congênita, síndrome dermatite nefropatia, além de estar relacionada com alterações reprodutivas e respiratórias (figura 1). Causa significativa de mortalidade e alto índice de refugagem entre leitões.
Figura 1: Principais lesões causadas pela circovirose.
A circovirose suína foi diagnosticada pela primeira vez no Canadá, em 1990. A doença é causada por um vírus, o circovírus suíno o PCV tipo 2, da família Circoviridae, (figura 2), um dos menores organismos(vírus) que agridem animais domésticos no mundo, é altamente contagioso, resistente ao ambiente e praticamente imune à maioria dos desinfetantes convencionais e ao calor, o que dificulta a sua eliminação do ambiente. No Brasil o primeiro diagnóstico foi feito em 2000, pela EMBRAPA/CNPSA, em SC.
Figura 2: Animal infectados com circovírus suíno o PCV tipo 2, da família Circoviridae.
Não tem época de predileção da circovirose, embora haja maior incidência na época do frio, pelo estreito contato entre os suínos para se aquecerem. Essa doença atinge principalmente suínos após o desmame, a partir das sexta semanas de vida e clinicamente se observa retardo no crescimento, anemia e icterícia, podendo evoluir para a morte. A “Síndrome da Refugagem” ou Síndrome multisistêmica do definhamento do leitão desmamado é dada pelo fato dos animais confinados morrerem ou ficarem pequenos e fora do padrão de peso para a idade ,devido ao ataque de várias bactérias oportunistas, tornando o suíno acometido um doente crônico. O quadro clínico se caracteriza por dermatite e nefropatia, distúrbios reprodutivos como abortos, pneumonias, enterites, doenças do sistema nervoso tais como meningoencefalite e tremores congênitos. Aliado a isto, ele esta presente em altas prevalências nos rebanhos mundiais, causando prejuízos por perdas de animais, condenações de carcaças bem como gastos com tratamentos principalmente de infecções secundarias, tendo em vista sua ação imunosupressora.
Atualmente não existe tratamento para a Circovirose. Os tratamentos são feitos para combater as infecções secundárias. A vacinação das matrizes confere imunidade aos leitões, via colostro, ingestão de plasma suíno, as quais tem se mostrado eficazes na redução da viremia (presença do vírus no sangue), eliminação do vírus e melhora dos índices produtivos. As marrãs devem ser imunizadas antes do acasalamento ou inseminação artificial, com dose de reforço no primeiro parto e a cada parição, recomendação também válida para matrizes. Portanto o controle desta enfermidade deve ser focado nos esquemas de vacinação e na biossegurança. O controle pode ser realizado com a observação dos postulados de Madec, conjunto de medidas de biossegurança para diminuir a persistência do vírus e estimular a resposta imunológica dos animais. Além disso, podem ser utilizados suplementos nutricionais nutracêuticos, antibióticos bactericidas e manejo como:
Limitar o contato suíno a suíno:
- Evitar propagação da doença;
- evitar contato nariz x nariz entre baias;
- não misturar leitegadas diferentes na maternidade;
- evitar misturas pós desmame;
- remover os animais doentes para baias separadas;
Estresse deve ser evitado:
- Evitar mistura de lotes;
- reduzir densidade de animais / baia;
- livre acesso à bebedouros e comedouros;
- temperatura ambiente controlada;
- ventilação controlada;
- eliminar manejos traumáticos;
- realizar as vacinações corretamente.
Boa higiene:
- Utilizar o sistema all in / all out (todos dentro / todos fora);
- desinfetar as instalações;
- desinfetante com boa eficácia contra vírus;
- promover uma rigorosa limpeza da granja;
- cuidar da desinfecção de seringas, agulhas, tesouras, etc;
- eliminar os animais mortos;
- fazer vazio sanitário correto;
- evite trânsito de pessoas entre galpões;
- visitas proibidas;
- limitar acesso de veículos à granja;
- controle de ratos, pássaros e insetos (moscas);
- utilizar desinfetantes na entrada da granja e galpões.
Boa nutrição:
- É importante na formação de anticorpos;
- leitões ter acesso ao colostro;
- rações de qualidade comprovada;
- bons níveis nutricionais;
- utilização na ração de minerais orgânicos;
- Ingredientes na ração de boa digestibilidade;
- utilização de antioxidantes e ácidos orgânicos na controlada;
- controlar as micotoxinas na ração.
A doença circovirose não é uma zoonose, com isso não é transmitido para o ser humano. É uma doença imunossupressora, que debilita o sistema de imunológico apenas do suíno, não existe risco algum para o ser humano em contato com o suíno.