Lucas Machado
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A intensificação do cultivo do milho no sistema de “safrinha” e de sistemas irrigados tem aumentando a pressão de pragas e doenças específicas dessa cultura. Calcula-se que o Brasil perca anualmente, mais de um bilhão de dólares apenas na cultura do milho devido às pragas e doenças.
A cigarrinha-do-milho, Dalbulus maidis (figura 1)tem se tornado um grande problema para a cultura. Considerada como praga secundária (aquelas que ocorrem em baixas populações e raramente causam prejuízos econômicos) ela pode causar danos diretos às plantas, sugando a seiva por exemplo. Entretanto, essa espécie é importante por transmitir dois mollicutes (classe de bactérias que não possuem parede celular): Spiroplasma e fitoplasma, responsáveis pelas doenças: enfezamento pálido e vermelho, respectivamente. A cigarrinha também é responsável pelo vírus, rayado fino, conhecido também como risca.
Figura 1- Adulto da cigarrinha-do-milho. Fonte: Circular técnica 175, Embrapa.
A praga apresenta tamanho pequeno, coloração verde-clara, variando entre esbranquiçado e marrom-claro. As fêmeas realizam a postura em gramíneas e os adultos se deslocam com agilidade e são encontrados principalmente em lavouras afastadas, localizadas em regiões com gramíneas nativas e pastagens. Sua ocorrência maior é no final do verão e no outono, em milho plantado tardiamente ou safrinha.
Enfezamentos vermelho e pálido
Devido ao plantio consecutivo, safra e em seguida safrinha, a ocorrência dos enfezamentos tem aumentado muito pelo fato das plantas de milho estarem presentes no campo por quase todo o ano, aliada a condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento da doença, sobrevivência e multiplicação do inseto vetor. O fim do ciclo de uma lavoura infectada coincide com o início do ciclo de uma lavoura nova, assim, os vetores migram para as plantas jovens e sadias, disseminando a doença.
O avermelhamento ou amarelecimento da planta e o surgimento de estrias esbranquiçadas são os sintomas mais característicos dos enfezamentos (figura 2).
Figura 2- Plantas apresentando sintomas do enfezamento pálido e vermelho. Fonte: Pioneer Sementes.
Plantas infectadas podem apresentar proliferação de espigas, espigas deformadas, perfilhamento na base ou axilas foliares, encurtamento de internódios, principalmente acima da espiga, grãos pequenos e frouxos, morte precoce, quebra de colmos, má formação de palha nas espigas (palhas curtas, finas e rasgadas), e colonização de palhas, bainhas e colmos por fungos oportunistas. A variação desses sintomas irá ocorrer conforme o nível de resistência do genótipo, idade das plantas ao serem infectadas e das condições ambientais, tendo como principal fator a temperatura (figura 3).
Figura 3 – Espigas e colmos de plantas com enfezamento. Fonte: Pioneer Sementes.
A cigarrinha pode ser controlada por inseticidas em tratamento de sementes ou pulverização, porém, se existir foco de infestação próximo a lavoura, novas populações estarão migrando para o campo diariamente, exigindo um monitoramento frequente e a realização de várias pulverizações.
O controle químico não é fácil, assim, o uso do manejo integrado da doença é uma boa alternativa para o controle. As principais estratégias são: o uso de cultivares resistentes, adequação da época de plantio, evitar plantios consecutivos e eliminar plantas voluntárias no campo que possam servir de hospedeiras. A combinação de diferentes híbridos pode minimizar possíveis prejuízos causados pela doença e evitar a adaptação do patógeno a um híbrido específico.
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Baita trabalho, boa explicação me ajudou muito …..