Autor: Otávio Canestri de Souza Andrade
Foto: https://www.agrolink.com.br/problemas/carvao_1729.html
A cana-de-açúcar é atualmente uma das principais culturas produzidas pelo Brasil. No ranking mundial de produção, nosso país se encontra na primeira colocação, com uma produção anual média de mais de 720 milhões de toneladas.
Por ser utilizada em diversos setores, tanto no alimentício com a produção de açúcar, quanto o de geração de combustível como é o caso do etanol, ela possui uma enorme importância e relevância para a agricultura brasileira e mundial.
Entre os fatores que afetam sua qualidade e produtividade, podemos citar a incidência de doenças como sendo um dos principais deles. De todos os patógenos que atingem essa cultura, o carvão da cana possui grande notoriedade, pois é capaz de afetar enormemente a produção das lavouras podendo chegar a causar a morte das plantas. A seguir falaremos um pouco mais sobre essa doença e sobre como ocorre a sua incidência.
O QUE É ESSA DOENÇA?
O carvão da cana-de-açúcar é uma doença causada pelo patógeno Ustilago scitaminea, que é uma espécie de fungo biotrófico, ou seja, ele realiza parte do seu ciclo de vida, se alimentando dos tecidos vivos de seus hospedeiros, causando danos na maioria das vezes, irreversíveis e letais.
É uma doença que está presente em praticamente todos os estados produtores do Brasil, sendo altamente agressiva em variedades suscetíveis de cana e também possui rápida dispersão. É muito comum encontrarmos áreas que ficam longos períodos sem a incidência dessa doença, mas quando surge, pode devastar rapidamente toda uma lavoura caso não seja controlada.
Representação do “chicote” – estrutura formada pela doença
Foto: https://www.agrolink.com.br/problemas/carvao_1729.html
É uma doença que possui fácil identificação, principalmente pelo fato de se formar uma touceira na cana muito semelhante a uma touceira de capim, com colmos curtos e estreitos. O sintoma mais característico, porém, é a formação de um apêndice de coloração preta que cresce por meio de modificações que ocorrem na gema apical, que recebe o nome de “chicote”, justamente por possuir o formato parecido com o de um.
O chicote é inicialmente coberto por uma película prateada que, ao se romper, expõe uma massa de teliósporos pretos e pulverulentos, que são os esporos reprodutivos do patógeno, facilmente destacados pela ação dos ventos e percorrem longas distâncias, podendo atingir outras plantas e até outras lavouras canavieiras de outras propriedades.
O carvão da cana-de-açúcar uma doença sistêmica, ou seja, uma vez que a planta é infectada, ele estará presente na touceira toda, implicando assim em maiores prejuízos e maiores necessidades de combate e controle.
O seu ciclo de vida pode durar de 50 a 100 dias, fase que vai desde o ataque ao interior da planta até a esporulação e formação do chicote, sendo que seu maior aparecimento ocorre quando a planta está com 2 a 4 meses e fase crítica nos 6,7 meses de idade.
DANOS CAUSADOS
Os danos causados por essa doença, ocorrem principalmente na estrutura e nos órgãos da cana, que passam a se desenvolver menos ou até ocorrer uma pausa no crescimento da planta.
Pelo fato do carvão ser uma doença que afeta o tecido meristemático, ocorre também uma grande perda na produção de fitomassa da cana, que sofre com perda de produtividade e qualidade do material produzido.
COMO CONTROLAR?
O combate dessa doença se baseia principalmente, em medidas de controle preventivo para impedir que esse patógeno surja e ataque/infecte as plantas. Como principal medida podemos citar a utilização de variedades que são resistentes, ou seja, variedades que apresentam resistência contra esse patógeno, que ao tentar penetrar e atingir os tecidos das plantas, não consegue obter êxito.
Outro ponto importante para se evitar o ataque dessa doença (quando não utilizadas variedades resistentes), é verificar a origem dos materiais que serão utilizados no plantio. É muito comum a utilização de mudas que já possuem esse patógeno em viveiro e sem essa constatação e verificação preventiva, o produtor pode sofrer sérios prejuízos e danos no futuro, trazendo inclusive uma doença para suas plantas sadias presentes na propriedade, causando um enorme impacto produtivo e financeiro.
Quando constatado que uma lavoura está com infestação desse fungo, o mais recomendado a se fazer é a erradicação das plantas e colmos doentes, impedindo que ela se desenvolva ainda mais e disperse os esporos da doença para o restante das plantas. Uma prática que antes era muito utilizada e comum em usinas canavieiras, era a queima da cana, que apesar de ser muito eficaz no controle de doenças, causava um impacto ambiental gigantesco. Como hoje essa prática não é mais permitida, o ideal é a erradicação manual das plantas e estruturas do patógeno, o que requer ainda mais atenção do produtor e observação da incidência da doença.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O carvão da cana-de-açúcar é sem dúvidas um grande inimigo e patógeno que ataca a cultura da cana. Seu controle e também a adoção de medidas preventivas, são fundamentais para se obter êxito no combate dessa doença, impedindo que ela se desenvolva, se dissemine e ataque ainda outras plantas presentes na lavoura. Atualmente grande parte das variedades utilizadas no cultivo dessa cultura são resistentes, mas é sempre importante verificar previamente e observar a procedência das mudas utilizadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MANEJO DO CARVÃO NA CANA-DE-AÇÚCAR – BLAINSKI, JULIANE M. LEMOS. – DISPONÍVEL EM https://www.manejebem.com.br/publicacao/novidades/especial-manejo-do-carvao-na-cana-de-acucar#:~:text=O%20Carv%C3%A3o%20da%20cana%2Dde,perdas%20podem%20chegar%20a%20100%25. ACESSO EM 19/08/2020.
CARVÃO (USTILAGO SCITAMINEA) – AGROLINK – DISPONÍVEL EM https://www.agrolink.com.br/problemas/carvao_1729.html ACESSO EM 19/08/2020.