Taísa da Silva
Algumas mudanças no manejo da cana de açúcar, como a não mais utilização da queima da palhada e a intensa mecanização das últimas décadas, trouxeram impactos na entomofauna nas regiões de plantio. Com esse desequilíbrio uma nova ameaça aos produtores surgiu: a Broca-Gigante, (Telchin licus). Embora sua ocorrência tenha sido notada desde 1927 no Nordeste e Norte do Brasil, foi a partir de 2007 que ela passou a ser mais preocupante: ela foi encontrada em lavouras do estado de São Paulo, região que concentra mais de 60% da produção de cana.
CARACTERÍSTICAS E CICLO
Em sua fase larval, o tamanho que da Telchin licus é uma característica que chama atenção. As lagartas podem chegar a 8 cm de comprimento. Esse é um fator preocupante já que seus danos são semelhantes a broca-da-cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis), porém em proporções bem maiores.
O adulto da Broca-Gigante é uma mariposa de coloração marrom quase preta com manchas brancas e vermelhas. Ela apresenta medidas médias de 3,5 cm de comprimento e 9,0 cm de envergadura (da ponta de uma asa à outra).
As fêmeas, após o acasalamento, podem colocar até 100 ovos, dando preferência às touceiras velhas em meio aos caules cortados. Esses ovos possuem coloração rosada e vão ganhando tom mais esverdeado ou alaranjado ao longo dos 10 dias em que ficam, em média, encubados. Após eclodirem, as lagartas ficam em estágio larval por até 10 meses. Após o estágio larval vêm a fase de pupa: as lagartas e depois constroem um casulo com as fibras da cana e permanecem dentro deles por até 45 dias. Da pupa, emerge então a mariposa adulta que possuem longevidade de até 15 dias.
A figura abaixo apresenta um esquema do ciclo da Broca-Gigante.
Figura 1 – Ciclo de vida da Broca-gigante Telchin licus
Broca-Gigante: AÇÃO DA PRAGA
As lagartas conhecidas como brocas, perfuram o colmo da cana e formam galerias profundas, fazendo surgir o sintoma conhecido como “coração morto” responsável pela morte da gema apical. O surgimento desse sintoma leva a perda de peso e facilita a penetração de fungos. Uma vez que fungos penetram no colmo eles invertem a sacarose, o que diminui a produção de açúcar e causa prejuízos industriais. Outro impacto decorrente da ação da praga é a redução da germinação na touceira, já que quando a cana é cortada as lagartas passam a se alojar dentro das touceiras alimentando-se do rizoma.
CONTROLE
A Broca-Gigante possui o comportamento de se abrigar dentro da planta, por isso o controle químico se torna pouco ineficiente, já que a maioria é de aplicação via área. Por conta dessa dificuldade, o principal método de controle ainda é o cultural: consiste em apanhar manualmente as larvas e pupas, e capturar as mariposas com rede entomológica.
Plantas resistentes
Todas as variedades de cana-de-açúcar são atacadas pela praga, porém algumas cultivares apresentam menores os índices de infestação. As mais resistentes, são as variedades de plantas com maior teor de lignina, que são as de colmo com estrutura mais rígida.
REFERÊNCIAS:
TRIANA, Merybeth Fernandez. Ecologia química da broca-das-sementes de andiroba, Hypsipyla ferrealis (Hampson, 1929) (Lepidoptera: Phycitidae) e das pragas da cana-de-açúcar: broca-peluda, Hyponeuma taltula (Schs., 1904) (Lepidoptera: Erebidae) e broca-gigante, Telchin licus (Drury, 1773) (Lepidoptera: Castniidae). 2019. 118 f. Tese (Doutorado em Biotecnologia) – Instituto de Química e Biotecnologia, Programa de Pós-Graduação da Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO), Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2019.Disponível em: <http://200.17.114.109/handle/riufal/5593> Acesso em 26 jan. 2021.
JÚNIOR, Mauricio Pacheco da Silva. Broca gigante da cana-de-açúcar, telchin licus licus (drury, 1773) na região centro-sul: preocupação para os produtores. Nucleus, [s. l.], n. 1, ed. 1, p. 1-6, 16 jun. 2008. DOI : 10.3738/1982.2278.90. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=4037493. Acesso em: 2 fev. 2021.