Lucas Machado
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A cana-de-açúcar é uma cultura semiperene, por ser cortada várias vezes antes de ser replantada. Em média, seu ciclo de produção dura cinco ou seis cortes. Ela é a responsável por dois produtos de extrema importância: o açúcar, essencial para a alimentação humana, e o álcool, utilizado nas bebidas alcoólicas e como combustível (etanol) para abastecer os automóveis. Cultivada em regiões de clima tropical ou subtropical, a cana-de-açúcar é da mesma família de plantas como o milho, arroz, trigo e sorgo. A cultura pode se desenvolver bem até em solos onde os recursos são mais escassos, como o cerrado.
Uma das principais pragas que atacam a cultura da cana-de-açúcar é a broca da cana (Diatraea saccharalis), além de ter importância econômica também para as culturas do arroz, milho, pastagem, sorgo e trigo.
O inseto adulto da broca da cana é uma mariposa de coloração amarelo-palha, que deposita seus ovos nas folhas da cana, podendo variar de 5 a 50 ovos (figura 1).
Entre quatro e nove dias, ocorre a eclosão das lagartas, alimentando-se no início de folhas pequenas e em seguida das partes mais moles do colmo. Com o desenvolvimento da lagarta, ela passa a apresentar cabeça marrom e corpo esbranquiçado com pontuações escuras (figura 2). O período larval é de aproximadamente quarenta dias, podendo ocorrer até quatro gerações durante o ano.
A abertura das galerias ocorre de baixo para cima, longitudinalmente na maioria das vezes, mas podendo ser transversal a abertura também. Os prejuízos diretos causados pela lagarta são: perda de peso e morte das gemas; tombamento pelo vento, caso as galerias forem transversais; secamento dos ponteiros, conhecido como coração morto, na cana nova; enraizamento aéreo e brotações laterais.
A abertura das galerias pode ocasionar prejuízos indiretos, como a podridão vermelha do colmo, causada por fungos (Colletotrichum falcatum e Fusarium moniliforme) que penetram pelos orifícios no colmo e invertem a sacarose, reduzindo a pureza do caldo.
O controle deve ser realizado quando a intensidade de infestação (IF) for igual ou superior a 3%. Para saber a intensidade de infestação, é necessário coletar 100 colmos por talhão, abri-los longitudinalmente, contar o número total de internódios, o número de internódios atacados e calcular com base na seguinte formula:
IF= 100 x nº de internódios atacados / nº total de internódios
Existem várias medidas para controle da broca, as medidas culturais são: plantio de variedades resistentes ou tolerantes; corte de cana sem desponte; moagem rápida após o corte; eliminação de plantas hospedeiras próximas ao canavial. As medidas de controle biológico podem ser através da utilização de Trichogramma galloi, um parasitóide de ovos, evitando o ataque da broca aos colmos. Outra forma é por meio da liberação de Cotesia flavipes, parasitóide de lagartas com mais de 1,5 cm (figura 3).
O controle químico pode ser realizado por meio de pulverizações de inseticidas como: triflumuron, lufenuron ou fipronil, direcionada para a região do palmito, quando houver 3% de canas com lagartas eclodidas. Para algumas culturas o tratamento de sementes com inseticidas se mostra eficiente. O controle químico é mais recomendado quando a infestação está alta e mesmo assim a sua aplicação deve ser cautelosa para não afetar a população de inimigos naturais. Associar a o controle químico com o biológico é uma boa alternativa.