Taísa da Silva
Plantio Direto Imagem by Real Pecuária
Plantio Convencional x Plantio Direto
Ao se iniciar o plantio da cultura da cana, o solo passa por um processo de preparação. No sistema convencional, esse processo se inicia nas etapas de areação e gradagem, feito com maquinários, que visa quebrar torrões e descompactar o solo. Embora sendo o mais tradicional, essa forma de manejo não é sustentável para ser feita continuamente. O revolvimento do solo pode acentuar a compactação e levar a perdas das propriedades deste, como por exemplo o teor de matéria orgânica.
O agronegócio brasileiro está em constante transformação e visa se adaptar a formas mais sustentáveis de usufruir de recursos naturais. Por isso, uma alternativa mais ecológica para o manejo convencional do solo vem sendo implementada: o Plantio Direto. O Plantio Direto é uma técnica que consiste em deixar os restos vegetais sobre o solo (folhas, colmos e raízes) e realizar o plantio sobre eles, sem fazer aeração e gradagem. No caso da cana-de-açúcar o revolvimento do solo é feito apenas nos sulcos onde são colocadas as mudas.
Histórico do SPD
O Sistema de Plantio Direto começou a ser implantado no Brasil na década de 70. Ele foi estudado para melhorar as condições dos solos afetados pela erosão que a sucessão das culturas de trigo e soja causavam. Sua implementação ocorreu primeiramente no estado do Paraná, duas décadas depois passou a ser utilizado no Rio Grande do Sul e na região do Cerrado Brasileiro.
Atualmente, a área cultivada com Plantio Direto é maior do que 25 milhões de hectares, o Brasil tem uma área cultivada com Plantio Direto que ultrapassa os 25 milhões de hectares, sua maior concentração está na região Sul do Brasil.
SPD Cana-de-açúcar
Em cultivos sobre a cobertura vegetal, é possível observar um menor volume de resíduos químicos que são levados para os cursos de água por meio das enxurradas. Isto confere uma vantagem em relação a solos manejados convencionalmente, pois há uma redução significativa de poluição de águas. Além disso, em SPD há menor gasto com fertilizantes já que os solos ficam com um alto índice de matéria orgânica e atividade biológica.
A cultura da cana gera um grande volume de biomassa vegetal excedente na produção, conhecido como palhiço. Estima-se que são gerados 140 kg de resíduo a cada tonelada de cana que chega à usina. Sendo assim, esse material pode ser usado potencialmente usado como cobertura do solo.
Redução da perda de solo
A erosão é um problema que ameaça a ecologia dos solos. Em terras agrícolas é um fenômeno comum que além de reduzir a produtividade das culturas, assorea e polui fontes de água. O Plantio Direto também é a resposta para esse problema. Em lavouras de cana o palhiço amortece o impacto das gotas de chuva, que evita a desagregação do solo. A água ao se deparar com um solo coberto consegue se infiltrar melhor e não ocasiona o arraste deste. O SPD pode reduzir em até 70% os problemas com enxurrada. A presença do palhiço também atua como barreira para a perda de água das plantas por evapotranspiração, o que aumenta a retenção e diminui a perda de água.
Produtividade
Produtores de cana que avaliam passar do Plantio Convencional para o Plantio Direto podem ficar confiantes sobre o bom retorno econômico que a prática trará. Estudos mostram que a produtividade da cana em SPD possui médias maiores que a produtividade no sistema convencional. Confira no gráfico abaixo um dado de 2007 que compara a produtividade de 18 meses, nos dois sistemas:
Tabela 1. Produtividade da cana durante seis cortes, em Plantio Direto e Convencional
REFERÊNCIAS:
DUARTE JUNIOR, José B.; COELHO, Fábio C.. A cana-de-açúcar em sistema de plantio direto comparado ao sistema convencional com e sem adubação. Rev. bras. eng. agríc. ambient., Campina Grande , v. 12, n. 6, p. 576-583, Dec. 2008 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-43662008000600003&lng=en&nrm=iso>. accesso em 09 Mar. 2021.
JÚNIOR, João de Deus Gomes dos Santos. Sistema Plantio Direto de Cana-de-açúcar no Cerrado. Circular Técnica, Planaltina,DF, ed. 1, p. 2-7, 2015. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/131276/1/cirtec-30.pdf. Acesso em: 8 mar. 2021.