O Brasil é o maior produtor mundial de feijão (Phaeseolus vulgaris L.), com produção média anual, segundo dados do Ministério da Agricultura, de 3,5 milhões de toneladas. É cultivado por pequenos e grandes produtores em todas as regiões do país, tendo Paraná e Minas Gerais como maiores produtores. Durante seu ciclo de 80 a 90 dias, tanto o desenvolvimento quanto a produção da cultura pode ser influenciada negativamente por fatores bióticos (insetos, fungos, bactérias e vírus) e abióticos (estresse hídrico, temperatura, fertilidade, etc). No que tange os fatores bióticos, atualmenteo inseto praga mais importante da cultura é a mosca branca (Bemisi atabaci biótipo B). Isso se deve à expansão da área cultivada do feijoeiro sob irrigação, ao cultivo sucessivo e intensivo de áreas, por exemplo: soja, feijão, milho, tomate, etc., bem como ao uso intensivo de inseticidas químicos que favorecem o desequilíbrio e o aumento da população desse inseto.
No feijoeiro, os danos causados pela mosca branca podem ser direto, por meio de anomalias ou desordens fitotóxicas, caracterizadas pelo amarelecimento de folhas, ramos e frutos, causados pela injeção de toxinas durante o processo de alimentação do inseto. Os insetos também secretam uma substancia açucarada que cobre as folhas e serve de substrato para o fungo (Capnodium elaeophilum), causador da fumagina, reduzindo a taxa fotossintética das plantas, com consequente redução de produtividade. O principal dano indireto causado pela mosca branca ao feijoeiro é a transmissão do vírus do mosaico dourado, mostrado na figura 1, principal doença virótica da cultura.
Figura 1. Sintomas de infestação pelo vírus do mosaico dourado.
O controle da população de mosca branca na cultura do feijoeiro tem se dado, basicamente, pela utilização de inseticidas químicos com ingredientes ativos variados e pertencentes a diversos grupos químicos, por exemplo: éter piridiloxipropílico, cetoenol e neonicotinoides, com ação sobre ovos, ninfas e adultos do inseto. A utilização do fungo entomopatogênico Beauveria bassiana tem obtido relativa eficiência no controle da mosca branca, mas o que tem que ser observado, na prática, é que esta eficiência é influenciada por fatores como: concentração de esporos do fungo no produto comercial, fatores ambientais (temperatura e umidade do ar), e misturas do produto com outros agroquímicos no tanque de pulverização.
Esses fatores devem ser observados por consultores e agricultores antes de se optar pela aquisição e uso do produto. Uma vez aplicado, os esporos do fungo, em contato com o inseto, o contaminam, penetrando em seu espiráculo e colonizando seus órgãos internos, causando uma enfermidade na praga, que para de se alimentar e morre. Este processo ocorre entre dois a sete dias após a aplicação, dependendo das condições climáticas.
A utilização de inseticida biológico, como a Beauveriabassiana, no controle de mosca branca em feijoeiro, constitui uma ferramenta que muito embora necessite de muita pesquisa e observação em campo, pode contribuir com o manejo eficaz desse inseto-praga tão importante na cultura do feijão. O custo do controle biológico, atualmente, fica entre R$16,00 e R$20,00/ha. Se forem feitas, em média, três aplicações durante o ciclo da cultura, o total será de R$48,00 a R$60,00/ha, ou seja entre R$0,34 a R$0,42sc/ha/aplicação, considerando saca de 60 kg.
Devido aos prejuízos que o inseto pode causar na produtividade, é economicamente viável a utilização do fundo Beauveria bassiana como parte da estratégia de controle da mosca branca no feijoeiro. Deve-se ressaltar, no momento, a importância do correto manejo da cultura, o bom monitoramento da lavoura, a compatibilidade desse produto utilizados na lavoura e a observância às condições ideais de utilização do produto.