Lucas Machado – Universidade Federal de Lavras – 3rlab.
O ataque das cigarras aos cafezais tem sido constatado desde muitos anos atrás. Os primeiros ataques foram observados no estado de São Paulo em 1900 no município de Caconde, causando danos a aproximadamente 40 mil plantas de café. Após alguns anos foi registrado um surto de cigarras no município de Campinas e posteriormente novos ataques no município de Araras em 1931.
Conhecidas pelo seu canto durante a primavera e o verão, as cigarras são insetos de vida adulta curta. Suas formas jovens (larvas e ninfas) vivem por um longo período no solo (1 a 5 anos), sugando a seiva das raízes de árvores, onde se inclui o cafeeiro. As cigarras tem preferência por árvores e provavelmente, devido ao desmatamento, as plantas de café próximas a matas passaram a ter maior infestação de cigarras.
Os gêneros mais encontrados são: Quesada, Carineta, Fidicina e Dorisina, sendo maiores os insetos de Quesada (6-7 cm), médios os de Carineta e menores (2-3 cm) os de Fidicina e Dorisiana, e os de Quesada que tem o canto estridente e continuado, e os demais com ruído menor e intercalado.
O macho emite o seu canto para atrair a fêmea, na época da revoada, de setembro a março, visando o acasalamento. As fêmeas depositam os ovos nos troncos das plantas, e ao eclodirem, as ninfas descem ao solo até as raízes. Introduzem nas raízes o estilete, para sucção da seiva. As pernas anteriores desenvolvidas permite que as ninfas escavem galerias (panelas), onde ficam junto às raízes. Nessa fase as ninfas são móveis e esse período dura de um a dois anos, quando estão próximas a se transformar em adultos, elas sobem até a superfície do solo cavando, saem e se fixam ao tronco, onde trocam a exúvia (casca), que fica presa ao tronco (figura 1).
Figura 1: Exúvia de cigarra no tronco de uma árvore.
Amarelecimento e deficiência nutricional nas folhas, ramos secos e baixa produção, são sintomas das plantas de café atacadas (figura 2). Para realizar a amostragem deve ser feita pequenas covas no solo, e então pode-se verificar a presença de ninfas de vários tamanhos, sendo comum observar mais de 300 ninfas por planta. A partir de 20 a 30 ninfas das maiores por planta já causam danos consideráveis e a das menores a partir de 60 a 80 por cova.
Figura 2: Seca dos ramos do café, que pode ocorrer pela presença de cigarras.
Após realizar a amostragem e importante observar a existência de umidade no solo para poder aplicar o controle químico, com inseticidas ou com mistura de inseticidas e fungicidas líquidos ou granulados sistêmicos. O controle químico é bem eficiente, podendo-se aplicar inseticidas a base de Aldicarb, Dissulfoton, Terbufos, Phorate, Carbofuran, Imidacloprid e Thiamethoxan. Alguns produtos podem ser associados à fungicidas de solo para controlar a ferrugem do cafeeiro. Durante a aplicação é fundamental fazer uma boa distribuição na projeção da copa nos dois lados da planta e em profundidade ideal no solo para melhor contato e absorção pelas raízes, o que possibilita a intoxicação das ninfas ao sugarem a seiva contaminada.
A aplicação conjunta de produtos granulados sistêmicos com matéria orgânica não é recomendado por proporcionar maior adsorção, assim como a aplicação conjunta com calcário por este favorecer uma maior degradação do inseticida.