Pedro Felipe Martins da Silva UFLA-3rlab
Em sistemas de produção de bovinos leiteiros que utilizam pastagens como principal fonte de nutrientes, as mesmas devem ser manejadas de maneira racional, a fim, de propiciar a melhor utilização do recurso terra. Em razão do continuo processo de urbanização da sociedade, há maior pressão em relação ao aumento da produção de alimentos em áreas cada vez mais limitadas. Nessa lógica é de vital importância que empreendamos todos os esforços em conduzir sistemas que visem a máxima produção de maneira econômica e com qualidade para o consumidor final e que os mesmos sejam sustentáveis por si só.
De maneira geral, em sistemas de produção de leite a pasto alguns fatores são responsáveis por influenciar a produção leiteira, dentre os inúmeros fatores destacam-se a aptidão leiteira dos animais escolhidos para compor o plantel, o valor nutritivo do pasto que se deseja explorar e o consumo de matéria seca. É de vital importância que concentramos nossos esforços em adotar práticas que visem a melhoria dos fatores mencionados acima, como por exemplo quando se deseja aumentar o consumo de matéria seca dos animais deve-se atentar a disponibilidade de forragem e a estrutura no qual aquele alimento é ofertado aos animais considerando densidade de plantas, altura do dossel e relação folha-colmo.
Diante do que foi mencionada nos primeiros parágrafos acima uma reflexão se faz necessária. Por que ocorrem grandes diferenças em produtividade e rentabilidade do negócio em propriedades que estão localizadas nas mesmas regiões e que utilizam o pasto como componente fundamental responsável pela nutrição dos animais? Para tentar responder essa pergunta é necessário que se leve em consideração três elementos: a produção anual da forragem, a taxa de lotação que será utilizada e a quantidade de alimento adquirida de fora da propriedade.
A produção anual da pastagem é fator essencial quando se pensa em intensificação do sistema. O desenvolvimento das forrageiras é extremamente afetada pelo clima da região, onde por exemplo as gramíneas tropicais tendem a produzir grandes volumes de biomassa nas estações quentes e chuvosas e nas estações mais secas e frias tais gramíneas tendem a acumular baixa quantidade de biomassa. Recomenda-se antes da formação das pastagens procurar conhecer as principais forrageiras que apresentam potencial produtivo para a determinada região, através de testes agronômicos que vão levar em consideração as exigências e características da determinada forrageira e também através de experimentos dirigidos para a resposta animal onde será avaliado por exemplo período de pastejo ideal, respostas dos animais a flutuações de produção em relação ao clima, entre inúmeros outros aspectos.
A taxa de lotação se refere a quantidade de animais que estarão se alimentando da determinada pastagem por unidade de área, tal parâmetro é extremamente influenciado pela oferta de forragem no determinado momento, ou seja, para que sejamos bem práticos quando se tem maior acúmulo de massa de forragem, maior poderá ser a taxa de lotação. Para determinarmos a oferta de forragem podemos utilizar o método do “quadrado” com área conhecida, onde se coleta por meio de cortes toda a massa de forragem que está no seu interior (figura 1).
Além de ser uma ferramenta que possibilita ajustar o consumo com a oferta do alimento, a taxa de lotação também é responsável por ajustar a qualidade do alimento produzido, aumentando consequentemente o desempenho anual da propriedade expresso em Kg de leite/vaca/dia. O aumento da taxa de lotação também pode ser alcançado através de adubações, no caso das gramíneas tropicais as mesmas são muito responsivas as adubações nitrogenadas.
Figura 1- Quadrado utilizado para verificação da oferta de forragem
A quantidade de alimento adquirida de fora da propriedade estará diretamente associada ao estado das pastagens da propriedade. Devemos ter em mente que o concentrado que será adquirido terá a função de complementar a dieta dos animais e não deverá ser um substituto das pastagens como é observado em muitos casos quando o pasto está deteriorado.
Uma forma de diminuir a dependência do produtor em relação a aquisição de concentrados é apostar na elevação dos teores de proteína bruta nas pastagens através do consórcio de gramíneas com leguminosas forrageiras (figura 2), como por exemplo a soja-perene, estilozantes, trevo-branco amendoim forrageiro, entre outras. Tais plantas deverão ter a função de incorporar nitrogênio no solo através do processo de fixação biológica de nitrogênio (FBN) e também aumentar os teores de proteína bruta das pastagens, dessa forma diminuindo os gastos com o concentrado.
Figura 2- Capim Massai com estilozantes.
De acordo com todos os argumentos citados durante o estudo, é de grande importância que os produtores encarem as pastagens sendo elemento vital para o sucesso da atividade. Esse determinado artigo procurou enfatizar os principais pontos que devem ser levados em consideração quando se pensa em produção de leite a pasto. O produtor de leite atual deve atentar aos fatores que podem impactar na produção da pastagem e estudar meios que possam o auxiliar em manter ou melhorar a produtividade na fazenda.
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Estou no aguardo se uma solicitação sobre representação para o estado de SP
Olá, bom dia!
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