Gabriel Castillo
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A murcha de fusarium é uma doença causada pelo fungo Fusarium oxysporum f.sp. phaseoli (figura 1). Essa tem causado enormes prejuízos à cultura do feijoeiro principalmente no sul de Minas Gerais e isso se deve às grandes dificuldades por parte dos produtores em controlá-la e a maior ocorrência a cada safra.
Figura 1- Fungo Fusarium visto pela microscopia.
A murcha ou amarelecimento de Fusarium ocorre, praticamente, em todas as regiões produtoras do Brasil sendo a principal doença de solo que acomete a cultura do feijoeiro. Sabe-se que o aumento na incidência e intensidade tem relação direta com o cultivo intensivo do feijoeiro nas mesmas áreas. Isso se deve ao fato de o patógeno habitar o solo e ser transmitido por meio de sementes infestadas por restos de cultura ou implementos contaminados. Sabe-se que a doença tem início devido à invasão do sistema radicular pelo fungo e as perdas no rendimento da planta são bastante variáveis, podendo afetar até 80% da lavoura.
Como foi dito acima, o patógeno sobrevive em restos culturais e no solo, podendo assim resistir às condições adversas do meio por meio de estruturas denominadas clamidósporo. Além disso, solos mal drenados e com excesso de matéria orgânica favorecem a ocorrência da doença. Temperaturas entorno de 24 a 28ºC e baixa umidade relativa aumentam a severidade da doença.
Sintomas
Como já foi dito acima a murcha-de-fusário ou amarelecimento de fusarium tem início com a invasão do sistema radicular pelo fungo, este que se desenvolve em direção do xilema e causa o escurecimento. A doença manifesta-se basicamente pela perda da turgescência, amarelecimento, seca e posterior queda das folhas (figura 2). A queda das folhas ocorre primeiramente pelas inferiores e podem afetar toda a planta.
Figura 2- Sintomas de murcha de fusarium no feijoeiro.
Quando a infecção ocorre no estádio de plântula resulta em menor desenvolvimento e consequentemente plantas adultas raquíticas, isso se deve a colonização do sistema vascular da planta pelo patógeno. Em nível de campo, a perda de turgescência pode ser observada principalmente no enchimento das vagens (estádio R8). Sabe-se que quando a infecção é severa, a planta morre e caso ocorra condições de alta umidade pode desenvolver sobre o caule estruturas de coloração rosa, sendo estas o micélio e conídios do fungo.
A severidade da murcha de fusário pode ainda aumentar caso ocorra à presença de nematóides Meloidogyne spp. e Pratylenchus spp. estes que causam ferimentos nas raízes do feijoeiro e servindo como porta de entrada para o Fusarium.
Controle
A maneira mais eficiente a baixo custo de controlar a doença é por meio de resistência genética do hospedeiro e pela adoção de algumas práticas culturais. Dentre os cultivares resistentes recomendados para Minas Gerais estão o “Pérola”, “BRSMG Talismã” e “Ouro Negro”. Além disso, é recomendado o uso de sementes sadias e tratadas para a implantação da cultura.
É essencial evitar a entrada do patógeno em áreas não infestadas, dessa maneira é importante evitar o transito de máquinas e implementos agrícolas provenientes de áreas infectadas. Caso a doença for detectada é recomendado que elimine os restos culturais. Além disso, a adoção do sistema de rotação de culturas com espécies de braquiárias ou milheto tem diminuído bem incidência da doença.
O uso de fungos do gênero Trichoderma associado ao fósforo tem mostrado bons resultados no controle da doença, estes que auxiliam no maior enraizamento das plantas, promovendo vegetais mais sadios e resistentes ao ataque de patógenos. Esses fungos tem grande importância na agricultura, uma vez que atuam no controle de doença de várias plantas cultivadas e podem ser inimigos naturais de doenças do solo e de plantas.
Sabe-se que os fungos do gênero Trichoderma tem maior eficácia quando comparado ao tratamento químico. Esses que estabelecem no ambiente e se multiplicam na rizosfera protegendo as raízes durante todo o ciclo da cultura, enquanto o tratamento químico tem eficiência apenas no estabelecimento da cultura e permanece por 15 a 20 dias aproximadamente.
O Thichoderma atua basicamente produzindo substâncias tóxicas para outros microorganismo e alimentam-se de outros fungos causadores de doenças, inclusive do Fusarium, além de competirem por espaço competem por alimento.
É recomendado que a aplicação do fungo seja no sulco de plantio ou usado no tratamento de sementes junto com o inoculante à base de bactérias fixadoras de nitrogênio (FBN).