Cristiane Andrade Pinto
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A amostragem de solo pode ser dividida em duas categorias: amostragem convencional refere-se ao método de amostragem ao acaso, que é recomendado para a agricultura convencional, e amostragem em grade que é o sistema recomendado para aplicação de fertilizantes por agricultura de precisão, sendo o método mais adequado para conhecer a variabilidade espacial das propriedades do solo em uma área, pois é levada em consideração a variação em todas as direções. A aplicação uniforme de fertilizantes e corretivos, utilizada na amostragem convencional, pode resultar em áreas com aplicações abaixo ou acima da dose necessária. A amostragem em grade possibilita a aplicação de fertilizantes em taxas variáveis (figura 1), com maior eficiência no uso de nutrientes e redução do potencial de poluição ambiental.
Figura 1: exemplo de mapa de fertilidade
A amostragem em grade está interessada em áreas dentro do campo. Esta modalidade procura relacionar as tendências nos níveis de fertilidade do solo com outras propriedades de campo que são previsíveis ou facilmente mensuráveis. Fatores que influenciam os níveis de nutrientes do solo, topografia, histórico de produtividade, aplicação de adubo orgânico, irrigação e manejo da adubação ajudam a decidir sobre o método de amostragem mais efetiva. O método mais comum para a amostragem de solos em grade é a sobreposição de uma malha quadrada sobre a área, identificando cada unidade de malha, (célula) e realizando coletas de amostras em cada unidade (figura 2). Dentro de cada célula, a amostragem pode ser ao acaso, coletando-se várias subamostras, ou pontual, na qual as subamostras são coletadas em um raio relacionado a um ponto central.
Figura 2: exemplo de grade de amostragem
Existe muita discussão em relação ao tamanho adequado da grade amostral. Apesar dos trabalhos de pesquisa evidenciarem necessidades de grades muito pequenas (menores que 1 ha), na prática os agricultores têm adotado grades que variam de três, quatro e cinco hectares. Em cada grade devem ser coletadas entre 10 e 12 amostras para compor uma amostra, que será enviada ao laboratório. As profundidades de amostras normalmente são de 0 a 20 cm e 20 a 40 cm.
Outro cuidado na amostragem refere-se ao tipo de equipamento utilizado para amostrar, evitar contaminação da camada subperficial com a camada superficial. Os resultados da análise do solo de cada célula são inseridos com seu posicionamento geográfico em um software apropriado, gerando um mapa de fertilidade da área com as condições oferecidas naquele momento, como teor de potássio, cálcio, magnésio, micronutrientes, pH, matéria orgânica e outros.
Com o mapa de fertilidade em mãos começa o trabalho agronômico, que deve ser preciso, resultando na qualidade das recomendações feitas ao agricultor, seja para recomendações do solo ou para a fertilização em taxa variada, considerando a necessidade de cada área homogênea do mapa. Nessa etapa deve-se adotar uma estratégia criteriosa para o sucesso e conclusão dessa abordagem.
Um dos grandes entraves da tecnóloga é o custo de implementação que compreende aquisição de GPS (global position system) em tratores, semeadoras e implementos. Além disso, o maior custo na amostragem intensiva e a interpretação das informações (recomendações). No entanto, os investimentos em aquisição ou adaptação de equipamentos têm grandes variações, dependendo da etapa em que se implementarão as operações de agricultura de precisão.
Apesar de o investimento inicial ser alto, agricultores que adotaram a técnica e estudos na área apontam que poucos investimentos na área agrícola geram tanta economia e melhoria no sistema produtivo. A economia gerada com a redução de fertilizantes e o aumento na produtividade podem abater o investimento da implementação. A tecnologia da amostragem em grade e a aplicação em taxa variável devem ser encaradas não como uma recomendação diferente da tradicional, mais como uma nova maneira de gerenciar áreas de maneira eficiente.