A moderna agricultura tem tornado a atividade extremamente competitiva, exigindo dos agricultores um alto grau de especialização buscando aprimorar a capacidade gerencial das propriedades que estão se tornando verdadeiras empresas rurais.
Ser eficiente na aplicação dos recursos disponíveis é essencial para o agricultor moderno como forma de garantir o sucesso em sua atividade. Assim, a agricultura de precisão surgiu como um sistema de gerenciamento de informações e se desenvolveu com os avanços da tecnologia de georreferenciamento e posicionamento, como o GPS (Global Positioning System) e de tecnologias de sensoriamento remoto. A aplicação de insumos em taxas variáveis advém desses conceitos, por exemplo.
A aplicação de insumos em taxa variável na agricultura de precisão considera a variabilidade espacial de fatores como: teor de nutrientes no solo, infestação de plantas daninhas, população de plantas, entre outros. Esse tipo de aplicação busca fornecer os insumos de acordo com a necessidade específica de cada subárea, não trabalhando com médias, como na agricultura convencional.
A realização da amostragem georreferenciada do solo, correção e adubação em taxa variável vem aumentando nas últimas safras no Brasil. O avanço tecnológico associado ao alto conhecimento sobre manejo da fertilidade dos solos são provavelmente os motivos por esse aumento. O georreferenciamento na amostragem visa gerar mapas, indicando a variabilidade de cada área, servindo assim como orientação para aplicação correta dos corretivos e fertilizantes.
A amostragem de solo em grade por ponto é o método mais utilizado no Brasil. Nesse método, através de um sistema de informação geográfica (SIG), uma grade virtual é gerada sobre a área (talhão), dividindo o campo em polígonos (quadrados ou hexágonos, por exemplo). Em cada polígono é criado um ponto amostral, que pode estar posicionado no centro ou aleatoriamente no seu interior (Figura 1). As coordenadas dos pontos são transferidas para um GPS que orientará a equipe de coleta até cada local de amostragem. No entorno de cada ponto georreferenciado são coletadas subamostras que variam em quantidade dependendo do fator amostrado (solo, plantas daninhas, pragas, etc.). Quanto maior o número de subamostras menor será o erro amostral, entretanto o tempo demandado para trabalho será maior e consequentemente, maior o custo. Para amostragem de solo tem sido comum a coleta de 8 a 12 subamostras por ponto. Essas subamostras são homogeneizadas gerando uma amostra composta, que será enviada ao laboratório.
Figura 1 – Posicionamento dos pontos no centro (a) e aleatoriamente (b) dentro dos polígonos da grade – Agricultura de precisão, Boletim técnico 02 USP – ESALQ.
Posteriormente, os resultados de cada amostra são interligados às respectivas coordenadas e é realizada a interpolação dos dados para geração do mapa final, que estima valores em locais não amostrados, preenchendo toda a superfície do mapa (Figura 2).
Figura 2 – Geração do mapa de fertilidade por meio da interpolação de dados obtidos pela amostragem em grade – Agricultura de precisão, Boletim técnico 02 USP – ESALQ.
Com o mapa pronto é possível realizar a distribuição do corretivo ou do fertilizante de acordo com a necessidade de cada área. Os dados do mapa são “descarregados”, conectados ao sistema de navegação (GPS) do equipamento que irá realizar a distribuição, que pode ser: distribuidor autopropelido, carreta distribuidora acoplada a um trator e até mesmo caminhão distribuidor (figura 3).
Figura 3 Autopropelido (A), Carreta distribuidora de calcário acoplada ao trator (B) e Caminhão distribuidor (C)
Podemos ressaltar que nem sempre haverá uma redução da quantidade e dos custos com insumos, porém, como vimos, sua distribuição será correta o que poderá proporcionar um aumento e uniformidade da produtividade, economia pela racionalização do uso dos insumos, menor impacto ambiental, maior tempo livre para o administrador e controle da situação pelo uso das informações.