Durante a última reunião da sociedade americana de pesquisadores de vacas leiteiras que aconteceu em Kansas em julho passado, vários pesquisadores apresentaram experimentos recentes com o objetivo de testar a utilização de aditivos e seus efeitos em vacas leiteiras. Durante o mesmo período a revista americana Hoads Dairyman fez um levantamento sobre a utilização de aditivos em fazendas comercias americana (tabela 1). Vamos discutir alguns experimentos de grande impacto na indústria leiteira mundial.
Utilização de leveduras
Pesquisadores do Miner Institute utilizaram 60 vacas holandesas com adição de 0, 3 ou 5 gramas/vaca/dia de levedura. Vacas possuíam média de 46 kg de leite com 3.9% de gordura e 3.2% de proteína. A eficiência alimentar (quilos de leite por quilos de matéria seca) foi maior com a adição de 3 gramas de levedura, 1.69 vs. 1.64). A adição de leveduras aumentou a produção de ácidos graxos voláteis, principalmente acéticos e butírico. Notamos neste experimento que a fermentação ruminal e a eficiência alimentar melhoraram com a adição de leveduras. Neste estudo a melhora na conversão alimentar resultou e um benefício de R$0,55/vaca/dia
DCAD positivo para vacas em lactação
Pesquisadores da Universidade da Georgia alimentaram 25 vacas holandesas com 250, 375, 500 ou 625 miliequivalentes por kg de matéria seca da dieta para determinar um nível ideal de DCAD (diferença cátion aniônica). Para aumentar o DCAD pesquisadores utilizaram carbonato de potássio como fonte de potássio. O consumo de matéria seca aumentou com o aumento do DCAD (tabela 2). A eficiência alimentar ideal foi determinado em 442 meq/kg. Importante notar neste experimento que fazendas comerciais americanas já estão utilizando o DCAD para vacas em lactação e não para vacas secas como utilizamos tradicionalmente. Uma grande oportunidade de DCAD positivo é na presença de stress térmico, pois nestas situações os animais perdem muito potássio.
Estimulador do sistema imune
Novamente pesquisadores da Universidade da Geórgia sumarizaram uma grande quantidade de informações sobre a utilização de um aditivo com o objetivo de melhorar o sistema imune. Foram utilizados 427 rebanhos totalizando 273.796 vacas que receberam ou não 56 gramas do aditivo. Houve uma redução de 24% de casos de mastites, 28% no número de abortos, e 33% de vacas mortas quando comparado a rebanhos que não receberam o aditivo. Em adição, rebanhos que receberam o aditivo produziram 0,5kg de leite/vaca/dia a mais.
Óleos essenciais
Pesquisadores Israelenses desenvolveram dois experimentos com o objetivo de comparar o efeito da adição de óleo essencial durante quatro meses. Houve um aumento na produção de leite com a utilização de óleos essenciais (42 kg vs. 39,5 kg para vacas que receberam óleo essencial e controle, respectivamente). Não houve diferença no consumo de matéria seca, o que implica em melhora na eficiência alimentar dos animais que receberam óleo essencial. Contagem de células somáticas (CCS) foi menor em vacas que receberam óleo essencial (242.000 vs. 306.000, para vacas que receberam óleo essencial e controle, respectivamente). Podemos concluir que a utilização de óleos essenciais pode aumentar a produção de leite com melhora de saúde animal.
Estes foram alguns experimentos importantes apresentados no Congresso. Proprietários devem discutir com seus nutricionistas a aplicação dos mesmos nas suas fazendas com o objetivo de aumentar a lucratividade do sistema.
Tabela 1 – Porcentagem de aditivos utilizados em fazendas leiteiras nos EUA em 2006 e em 2013.
2006 | 2013 | |
Tamponantes | 41 | 40 |
Levedura | 28 | 27 |
Monensina | 15 | 21 |
Niacina | 9 | 11 |
Probióticos | 11 | 13 |
Ligadores micotoxinas | 11 | 22 |
Sal aniônico | 3 | 6 |
Não usa aditivo | 11 | 10 |
Tabela 2 – Efeito da adição de carbonato de potássio em parâmetros reprodutivos de vacas leiteiras
DCAD (meq/kg) | ||||
250 | 375 | 500 | 625 | |
CMS, kg/d | 22,3 | 23,0 | 23,1 | 23,6 |
Leite, kg/d | 37,2 | 39,3 | 39,3 | 39,2 |
Gordura, % | 3,2 | 3,5 | 3,5 | 3,6 |
Proteína, % | 2,9 | 3,0 | 2,9 | 2,9 |
Por: Marcelo Hentz Ramos – PhD, Diretor 3rlab, consultor Rehagro