A grande maioria dos solos brasileiros, em especial os solos sob o cerrado, aqueles onde estão ocorrendo a expansão da fronteira agrícola, apresentam características de acidez, toxidez de Al e também baixos níveis de Ca e Mg.
Para tornar os solos do cerrado mais produtivos, é primordial a correção da acidez, toxidez de Al e aumento dos níveis de Ca e Mg. Essa correção se faz com a utilização de calcário agrícola, insumo relativamente barato, abundante no país e essencial para aumento da produtividade e da rentabilidade agropecuária, processo denominado calagem. Na tabela 1 podemos observar os incrementos de produtividade com a adoção da calagem.
Tabela 1 Aumento de produtividade com a utilização de calcário
Benefícios da calagem
- eleva o pH;
- fornece Ca e Mg como nutrientes;
- diminui ou elimina os efeitos tóxicos do Al, Mn e Fe;
- diminui a “fixação” de P;
- aumenta a disponibilidade dos nutrientes no solo;
- aumenta a eficiência dos fertilizantes;
- aumenta a atividade microbiana e a liberação de nutrientes, tais como N, P, S e
B, pela decomposição da matéria orgânica.
O gráfico abaixo (figura 1) ilustra bem a relação entre o pH e a disponibilidade de nutrientes. Podemos observar que na faixa de pH entre 6 e 7 os nutrientes estão mais disponíveis para os vegetais.
Figura 1 Relação entre pH e disponibilidade de nutrientes
A calagem é recomendada com base nos resultados das análises de solo, efetuadas em amostras de solo coletadas, de 0-20 cm e 20-40 cm de profundidade, como vimos no artigo sobre amostragem do solo. O calcário é classificado com relação à concentração de MgO. Calcário calcíticos (menos de 5% de MgO), magnesianos (5 a 12% de MgO) e dolomíticos (acima de 12% de MgO).
Quando e como distribuir o calcário?
A calagem pode ser feita em qualquer época do ano, porém é importante que a aplicação do calcário seja realizada com a maior antecedência possível ao plantio e/ou adubação. Geralmente o calcário leva três meses para reagir, então é preciso planejar para que ele reaja antes da época do plantio.
O calcário deve ser distribuído uniformemente, estando sempre atento a regulagem da distribuidora, para aplicação correta da dose necessária. Devido à baixa solubilidade, o calcário deve ser incorporado ao solo (com a utilização de arado e/ou grade), maximizando a eficiência da calagem.
A incorporação muito rasa pode ser um problema, ela provoca uma superdosagem nas camadas superficiais, que pode acarretar em deficiência de micronutrientes e limitar o desenvolvi- mento radicular do vegetal, reduzindo assim a produtividade.
Qual calcário utilizar?
Para a escolha da melhor fonte de calcário, deve-se observar qual é o Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT) do corretivo. O PRNT é um indicador que mostra a rapidez e a eficiência de reação do produto com o solo. Assim, quanto maior o seu valor, melhor ele será.
Devido aos custos do transporte, nem sempre é economicamente viável adquirir o produto com o maior PRNT. É recomendado que o agricultor faça o seguinte cálculo: divida o custo do calcário colocado na propriedade (incluindo o frete) pelo PRNT e multiplique o resultado por 100. Utilizando essa fórmula em três opções de calcário, por exemplo, aquele que tiver o menor valor é o que deve ser adquirido, independente de ser o calcário de origem calcítica, dolomítica ou magnesiana.
Qual a quantidade de calcário devo distribuir na área?
A determinação da quantidade de calcário a ser distribuído na área obedece o resultado da análise do solo e depende do comportamento da cultura com relação à acidez e de características como pH, teor de cálcio, magnésio e textura. A dose a ser aplicada deve ser suficiente para elevar a percentagem de saturação por bases para 60%, por exemplo.
Concluindo, nenhuma outra prática agrícola é mais econômica que a calagem, tendo em vista os benefícios ao solo e o aumento de produtividade que ela proporciona consequentemente.