Gabriel Castillo
Universidade Federal de Lavras-3rlab
Para alcançar o sucesso produtivo de qualquer cultura, realizar a análise de solos é extremamente importante para que se possa fazer a recomendação de corretivos e fertilizantes. Para que tais recomendações sejam efetivas alcancem seus objetivos, ou seja, aumente a produtividade por meio do aproveitamento dos insumos, é necessário que se tome conhecimento da fertilidade daquele solo.
As recomendações visam, basicamente, suprir os nutrientes na quantidade adequada para cada fase de desenvolvimento da planta. Uma maneira simples e barata de realizar esse suprimento é por meio da análise química. A análise química determina os teores contidos na amostra de solo, portanto, realizar uma boa amostragem, confiável e representativa de um todo é importante.
Amostragem de solos
Na cafeicultura, a amostragem além de necessária deve se tornar uma prática rotineira. Entretanto, a amostragem para análise química exige determinados critérios para que represente melhor as características do solo a ser analisado.
Dessa maneira, uma amostragem mal feita poderá resultar em prejuízos econômicos e ambientais, uma vez que as recomendações de dosagem de corretivos e fertilizantes são calculadas diante dos resultados laboratoriais.
Época e frequência
A amostragem deve ser realizada anualmente, geralmente entre junho e agosto. Recomenda-se que a amostragem deve ser feita, antes da arruação e pelo menos 60 dias após a última adubação. Entretanto, pode ser realizada em outra época e mais de uma vez ao ano de acordo com o nível tecnológico e as particularidades da região.
Divisão da área
Como foi já foi dito acima: a amostra deve ser representativa e confiável de um todo. A uniformidade da área é de grande importância para a amostragem do solo. Portanto, a área cultivada deve ser subdividida em glebas, sendo estas homogêneas.
A gleba deve ser definida por características que a tornam homogêneas e não por tamanho. Recomenda-se que o tamanho não ultrapasse 10 ha, para ser representativa da área amostrada a amostra deve ser retirada levando-se em conta o histórico de uso e manejo (cultura anterior, tipo de vegetação, entre outros), exposição do terreno ao sol, localização e características visíveis do solo (cor, textura, estrutura e entre outros).
A seguir, na figura 1 é destacada a subdivisão da área cultivada em glebas. Sendo de um a quatro áreas produtivas e a quinta área não cultivada.
Figura 1- Subdivisão da propriedade em glebas para amostragem de solo.
Local da amostragem, número de subamostras ou amostras simples
Recomenda-se que o local da amostragem seja o solo sob a copa, na “saia” do cafeeiro. Isso se deve, basicamente, a dois motivos. O primeiro motivo é que a as raízes do cafeeiro exploram, predominantemente esse local. Segundo motivo é que nesse local são feitas as adubações. Entretanto, quando se deseja conhecer a condição do solo nas entrelinhas, pode ser feita também a amostragem no meio da rua do cafezal, lembrando que são duas situações diferentes que necessitam de duas amostras a serem analisadas separadamente
Recomenda-se que a amostra completa (de cada gleba) deve ser constituída de no mínimo 20 amostras simples, em cada gleba separadamente, sendo retiradas na camada de 0 a 20 cm, percorrendo a área em ziguezague retirando amostras aleatoriamente, lembrando-se que deve prevalecer o bom senso.
Cuidados na coleta das amostras
- Para o local da coleta da amostra o solo deve estar limpo. Deve-se retirar a cobertura vegetal, atentando-se para que a camada superficial do solo não seja removida;
- Deve-se evitar locais próximos a formigueiros, cupinzeiros, árvores, caminhos, locais de descarga de fertilizantes e/ou corretivos, manchas no solo, ou seja, qualquer ponto diferente das características predominantes do terreno.
- Para padronizar o volume de cada amostra simples, recomenda-se utilizar o mesmo equipamento de coleta. A profundidade da amostragem, geralmente 0 a 20 cm, deve ser sempre o mesmo para cada conjunto de amostras simples que irá formar uma amostra composta;
- Caso o volume de cada amostra simples seja reduzido, devido ao tamanho e tipo de ferramenta usada, recomenda-se aumentar o número de amostras simples, para que se obtenha no mínimo 500g de terra, ou seja, quanto menor o volume das amostras simples, maior será o número de amostras a ser coletado;
- Para que a amostra composta seja confiável e representativa de um todo, deve-se unir todas as amostras simples em um recipiente limpo, de preferência de material plástico. Após isso, em uma lona plástica, deve-se fazer uma boa mistura de todo o solo coletado, destorroando-o e deixando-o secar a sombra. Retira-se, aproximadamente 300g dessa mistura, coloca-se em um saco plástico limpo, fazer a identificação e enviar para o laboratório.
Identificação da amostra
Para enviar para o laboratório, a amostra deve ser identificada (figura 2). Basicamente, a identificação deve conter: nome do produtor, da propriedade, do talhão ou lavoura. Informações complementares de interesse do agrônomo poderão ser úteis, tais como: recomendações técnicas, espaçamento e produção esperada.
Figura 2- Identificação na amostra para envio ao laboratório.
Dessa forma, para que se alcance boas produtividades, economicamente viáveis em sua lavoura de café, fica evidente a importância de se realizar análise de solos. Sendo assim, deve-se realizar uma análise química completa de macro (N, P, K, Ca, MG, S) e micronutrientes (B, Zn, Cu, Fe, Mn, Cl, Mo), matéria orgânica, e também análise física para avaliar textura do solo. Estas contribuem para recomendações de um bom plano de calagem, gessassem e adubação do solo.