Lucas Machado
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A batata foi introduzida na Irlanda na segunda metade do século XVI e se tornou uma das principais fontes de alimentação da população mais pobre, alimento extremamente rico em energia, sendo fonte de vitaminas e minerais. A grande fome que ocorreu na Irlanda no século XIX (1845-1852) matou um milhão de pessoas e forçou a emigração de outros milhões de irlandeses. De acordo com historiadores, a contaminação de um grande volume de batatas impossibilitou seu consumo e matou de fome os irlandeses.
Causado pelo fungo Phytophora infestants, o míldio é uma das doenças de maior importância para a cultura da batata. Fungo de rápida disseminação e um elevado potencial destrutivo, que pode devastar uma lavoura em poucos dias e propagar a doença em toda a produção armazenada.
A doença desenvolve-se melhor em dias de clima ameno e húmido, noites frescas e dias quentes favorecem o seu aparecimento, tendo como principal via de disseminação o vento, capaz de levar a doença até longas distâncias do foco inicial. Temperaturas acima dos 30ºC são desfavoráveis à doença, entretanto o patógeno se mantem vivo e quando as condições climáticas voltam a ser favoráveis ele reinicia o seu ciclo de infecção.
Os primeiros sintomas dessa doença podem ser facilmente detectados, como: o aparecimento de pequenas manchas, inicialmente descoloradas e de aspecto oleoso, passando depois a acastanhadas (figura 1). Na face abaxial (parte inferior) da folha e ao redor da mancha forma-se um esbranquiçado.
Figura 1 – Sintoma da doença na folha da cultura da batata
O caule da planta pode apresentar manchas na coloração castanho escuro (figura 2), brilhantes. Em estados mais avançados essas machas rodeiam completamente o caule e nessa situação a planta pode murchar repentinamente.
Figura 2 – Sintoma da doença no caule da cultura da batata
Os tubérculos infectados pela doença ficam com coloração superficial irregular. As lesões tornam-se necróticas e secas, de cor castanha que penetram desde a superfície do tubérculo até seu interior, sendo oportunidade ao ataque de outras doenças (principalmente bacterianas), que acabam ocasionando um cheiro desagradável, que a podridão seca típica do míldio não acarreta (figura 3).
Figura 3 – Tubérculo infectado pela doença
A propagação do míldio através dos tubérculos pode ocorrer de duas maneiras: por meio dos tubérculos guardados para servirem como semente para plantações posteriores ou através de tubérculos de plantações anteriores deixados no solo e que podem estar infectados.
A rápida disseminação da doença dificulta o combate eficaz quando ela já se encontra instalada na cultura. Desta forma, o melhor combate é a prevenção. As principais medidas preventivas são: usar batata de semente certificada, cultivar variedades menos susceptíveis à doença, realizar a amontoa (aproximação de terra, em ambos os lados da fileira de plantas, formando um camalhão com cerca de 20 cm de altura, visando proteger os tubérculos contra a exposição direta dos raios solares), pois esta diminui o risco de infecção dos tubérculos e eliminar os restos de cultura.
O controle químico deve ser utilizado como estratégia preventiva, combinando fungicidas com diferentes mecanismos de ação para minimizar o aparecimento de resistências. A utilização de defensivos sistémicos deve ser feita de forma cuidadosa, nunca fazendo mais de 2 a 3 aplicações por ciclo de cultura.