Gabriella Lima Andrade de Sousa
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
O besouro da raiz da cana-de-açúcar Migdolus fryanus, é uma das principais pragas dessa cultura, encontrado principalmente, no Centro-Sul da América do Sul, nas regiões de solo arenoso. A espécie, também conhecida como broca da cana, pode ser constatada nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Santa Catarina, na Argentina e no Paraguai.
Os adultos dessa praga põem os ovos nos meses de janeiro a março, iniciando as larvas o ataque às plantas a partir desse período. Os ovos eclodem e dão origem à larva. Cada fêmea põe cerca de 40 ovos por ciclo. As larvas são de coloração branco-leitosa e medem, quando completamente desenvolvidas, cerca de 40 milímetros (figura 1). Estas são as grandes causadoras de problemas no canavial. Após a larva se aprofundar no solo (4 metros ou mais), ela transforma-se em pupa.
Figura 1: Larvas de Migdolus fryanus
É um inseto de hábito subterrâneo, vive em solos profundos (de 3 a 5 metros), bem drenados e em cerrados. Os machos são ativos e voam, as fêmeas não voam por apresentarem as asas atrofiadas. Os adultos apresentam coloração ferrugínea clara (fêmea) ou preta (macho) (figura 2). As revoadas ocorrem de preferência quando o clima e o solo estão secos. Nessa época, as fêmeas sobem à superfície, atraem os machos, copulam e voltam a seu habitat natural para a postura dos ovos. As fêmeas vivem cerca de 21 dias e os machos, de 5 a 7 dias. O ciclo biológico da praga é longo, provavelmente superior a dois anos.
Figura 2: Adultos de Migdolus fryanus
As larvas do Migdolus fryanus destroem o sistema radicular da cana-de-açúcar de qualquer idade, perfurando-os em todos os sentidos e alimentando-se dele. Em cana-de-açúcar, atacam o rizoma, podendo destruí-lo totalmente. Em canas jovens, as touceiras aparecem parcial ou totalmente secas e as falhas podem ser numerosas. Em canas mais velhas, as touceiras atacadas apresentam aspectos e canas afetadas por seca ou fogo (figura 3). Os efeitos são mais evidentes durante os períodos em que as plantas estão sujeitas a déficit hídrico, quando é possível encontrar números elevados de larvas junto às touceiras atacadas. Os adultos também podem fazer orifícios nos toletes. Por viver debaixo da terra e só sair na superfície por um curto período de tempo – para as revoadas de acasalamento – a praga é difícil de ser encontrada, o que prejudica seu controle. Os danos ao canavial são irreparáveis: de queda da produtividade à perda da plantação.
Figura 3: Talhão altamente infestado por broca da cana-de-açúcar
O controle é realizado mediante a aplicação de inseticidas no sulco de plantio sobre a muda de cana já distribuída, antes da cobrição, em operação mecanizada conjunta, de forma a evitar o contato dos trabalhadores rurais com o inseticida aplicado. Existe também a possibilidade de aplicação em soqueira, mas com resultados inferiores aos do momento do plantio, foto acima.
Outro método consiste na aplicação do inseticida na soleira do arado de aiveca na operação de aração, para reforma dos canaviais, deixando uma barreira química de proteção na profundidade de aração, trazendo a vantagem de manter a proteção de um volume maior do sistema radicular.
Diante do artigo apresentado, fica claro os danos que a broca causa nos canaviais. O importante é manter o constante monitoramento da lavoura, a correta identificação das pragas e conhecimento do nível de controle a ser utilizado. Através dessas informações, com o auxílio de um profissional capacitado, pode-se recomendar e empregar o melhor método de controle para a lavoura.