Gabriel Castillo
Universidade Federal de Lavras-3rlab
O feijão, é um dos principais alimentos presentes na dieta do brasileiro, é uma fonte excelente de proteína, e possui boa quantidade de carboidrato e ferro. O grão é cultivado por pequenos e grandes produtores em diversas regiões do Brasil, sendo Paraná e Minas Gerais os principais estados produtores (figura 1).
Figura 1- Ranking nacional dos principais estados produtores de feijão e sua participação na produção total do país.
O ciclo da cultura pode variar de 70 a 250 dias, dependendo das condições ambientais e do cultivar escolhido. Sendo assim, essa cultura pode compor desde sistemas de produção intensivos com alta tecnologia até pequenas propriedades com baixo grau tecnológico, principalmente agricultura de subsistência. Algumas características básicas interferem em seu consumo, os grãos menores e opacos são mais aceitos que os maiores e que apresentam brilho. Sendo assim, a preferência do consumidor estimula a seleção e o desenvolvimento de novas cultivares com bom valor comercial.
Atualmente, o alimento tão consumido e querido na mesa do brasileiro está com preço altíssimo, e sendo deixado de lado por muitos consumidores. Os preços do feijão têm batido recordes, chegando a mais de R$ 10 reais o quilo do grão carioca no mercado para o consumidor em algumas cidades do país.
No mês passado, o grão teve um aumento de no mínimo 15%, sendo algo incomum nesse período do ano, isso se deve ao fato de o consumo estar mais alto que o abastecimento no país. Sabe-se que nos últimos dois anos a produção foi menor que o consumo. A demanda interna por feijões é de 3,3 milhões de toneladas por ano e na safra de 14/15 foram colhidos 200 mil toneladas abaixo disso e na safra 15/16 foram 120 milhões toneladas, acumulando um déficit acima de 300 mil toneladas.
Vale ressaltar também que nos últimos anos, a área plantada de feijão tem diminuído, o grão está perdendo espaço para o plantio da soja, uma vez que esta tem sido mais vantajosa para os produtores por estar mais valorizada e o fato de ser uma cultura mais estável, ou seja, que sofre menos com o clima.
Pode-se afirmar que o clima foi o principal causador do alto preço do feijão. Isso se deve a ocorrência do fenômeno El Niño, responsável por causar chuva em excesso nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e pela seca na região Nordeste. Em condições climáticas normais, o produtor colhe em média 50 sacas por hectare e devido ao El Niño foi comum encontrar produtividades que não passaram das 15 sacas por hectare.
Sabe-se que o excesso de chuva causado pelo El Niño foi responsável pelas perdas na produção, nos estados de Minas Gerais e Paraná, os dois maiores produtores do grão no país os produtores esperam uma queda de 30% na produtividade. Com o excesso de chuvas, ocorre o encharcamento do solo dificultando o desenvolvimento radicular e consequentemente prejudicando o desenvolvimento da planta, uma vez que esta não consegue se aprofundar no solo e dele retirar os nutrientes nas quantidades devidas. No Mato Grosso, a falta de chuva afetou a produção (figura 2) e a qualidade dos grãos, com perdas chegando a 60% da produtividade no feijão carioca e 50% no feijão caupi.
Figura 2- Lavoura de feijão no Mato Grosso apresentando falhas devido à falta de chuva.
A cotação do feijão tem batido recordes, chegando a R$ 500,00 reais a saca de 60 kg em alguns lugares do país (tabela 1). Entretanto, isso não significa obrigatoriamente lucro para o produtor, uma vez que as condições climáticas afetaram significativamente a produção da segunda safra, tornando a pior produtividade média da história. Além disso, os custos de produção foram mais altos quando comparados a safra passada, em média o custo para se produzir o grão subiu em 20%.
Diante disso, alguns consumidores têm deixado o alimento fora das refeições, uma vez que este vem encarecendo. Esse freio no consumo, devido aos altos preços irá refletir no mercado. Dessa maneira, torna interessante para o produtor antecipar sua colheita, por meio da dessecação, para que se possa ainda aproveitar o bom preço do grão.