Lucas Machado – Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A análise do solo é primordial para avaliar a fertilidade e para isso é muito importante que se faça uma amostragem correta da área. Um erro durante a amostragem compromete as etapas seguintes que definem as quantidades de calcário, gesso e fertilizantes que devem ser distribuídos na área. Objetivando sempre conseguir uma análise de solo que seja representativa, ou seja, que realmente traduza a realidade daquele solo, deve-se adotar os seguintes passos para a amostragem:
1 – Dividir a área em glebas ou talhões homogêneos a partir de características como cor do solo, vegetação ou cultura anterior, posição topográfica, drenagem da área, e textura do solo (figura 1).
Observação: A divisão em glebas deve ser feita de forma que o tamanho máximo de cada uma delas não ultrapasse 10 hectares.
2 – Em cada gleba, caminhar em ziguezague (figura 1) coletando amostra de solo em 20 pontos ao acaso. Essas são as chamadas amostras simples. É preciso misturar todas as amostras simples de um mesmo talhão para obter uma amostra composta de aproximadamente 500g e identificar essa amostra com o nome, número ou código daquela gleba. Essa amostra composta será enviada ao laboratório para análise. É importante atentar-se para os recipientes (saco plástico, balde…) onde estão sendo acondicionadas as amostras, eles devem estar limpos.
3 – As profundidades de amostragem devem ser de 0-20 cm e 20-40 cm, para a maioria das culturas anuais, e de 0-20 cm, 20-40 cm e 40-60 cm para culturas perenes. Em sistemas de plantio direto e pastagens formadas, as camadas superficiais apresentam características diferenciadas por não ocorrer o revolvimento do solo, assim as amostragens devem ser realizadas de 0-10 cm e de 10-20 cm.
4 – Amostragem profundas (20-40 cm e 40-60 cm) permitem detectar a presença de barreiras químicas (toxidez por alumínio, deficiência em cálcio) ou físicas (compactação) que prejudicam o crescimento radicular das culturas, limitando o desenvolvimento das mesmas.
5 – Em culturas perenes implantadas, como a cafeicultura e fruticultura, as amostragens devem ser realizadas separadas na faixa que recebe a adubação (próximo a planta ou na projeção da copa) e nas entre linhas não adubadas.
6 – Atentar-se para não amostrar próximo a brejos, voçorocas, formigueiros, caminhos de pedestre, casas, construções, etc. Não utilizar recipientes sujos, como sacos de adubo, cimento, embalagem de defensivo e outros para acondicionar as amostras.
7 – A época ideal para realizar a amostragem em culturas anuais é no início do período da seca, quando o solo ainda apresenta uma certa umidade e facilita o processo de coleta e com uma boa antecedência em relação ao período de plantio (período de chuvas). Para culturas anuais o recomendado é realizar a amostragem após a colheita.
8 – O intervalo de realização das análises de solo varia de 1 a 4 anos, sendo que em áreas de intensa atividade e alta produtividade devem ser repetidas anualmente.
Equipamentos para realização da amostragem
Na coleta manual de amostras de solo, o equipamento mais usual é o trado holandês, que apresenta bom desempenho em qualquer tipo de solo; o trado de rosca, indicado para solos arenosos e úmidos; o trado calador, para amostragem em terra fofa e ligeiramente úmida; a pá de corte, equipamento mais disponível e simples para o agricultor (figura 2), e que deve ser utilizada junto com o enxadão, em solos secos e compactados. Em propriedades de alto nível tecnológico tem-se utilizado equipamentos automatizados e equipados com GPS (agricultura de precisão).
A importância da análise
Existe uma variação muito grande entre solos de diferentes locais em uma mesma região, por isso faz-se necessário conhecer a fertilidade da terra, para que se possa interpretar e realizar as recomendações necessárias para as condições ideais de crescimento da planta. Quanto mais produtiva é uma cultura, mais ela esgota o solo, justificando a repetição anual das análises de solo em propriedades de alta tecnologia e produtividade.
É importante planejar o plantio com antecedência, devido a cada produto possuir um tempo de reação diferente, no caso do calcário utilizado na correção do solo, por exemplo, é preciso três meses de antecedência para ele reagir totalmente. Nesse mesmo contexto, leia também os artigos sobre calagem, gessagem e distribuição em taxa variável.