O sistema de plantio convencional é um importante método na implantação de culturas. Dividido em duas etapas: a primeira chamada de preparo primário,caracterizado de operações mais grosseiras, realizadas por arados ou grades pesadas visando suavizar o solo, bem como incorporar corretivos, fertilizantes e restos vegetais. E a segunda etapa, chamada de preparo secundário constituída por operações complementares a aragem, visando destorroar e nivelar a camada arada do solo. Nessa etapa utiliza-se de grades de terreno.
Entretanto, com o passar dos anos e a utilização desse sistema, foi observado inúmeros problemas relacionados à degradação do solo, principalmente por perda de matéria orgânica, água e nutrientes, bem como a compactação acrescentando gastos ao sistema de produção e diminuindo a produtividade. Neste contexto, para minimizar estes empecilhos surge o sistema de plantio direto (SPD).
O SPD pode ser conceituado como um sistema de manejo do solo no qual os restos culturais são deixados na superfície para formação de palhada e o plantio é realizado sobre a mesma sem que haja revolvimento do solo (Figura 1). Lembrando que a palhada pode ser tanto de restos da cultura anterior bem como de plantas de cobertura, geralmente leguminosas, cultivadas para a formação desta prática conhecida como adubação verde.
Figura 1- Plantio de milho sobre a palhada (SPD).
Sendo assim, as operações de aragem e gradagem são eliminadas do processo de produção. Portanto, é necessário o uso de herbicidas no controle de plantas daninhas, bem como no processo de dessecação para a formação da palhada.
Neste contexto, a utilização do SPD surge como uma modernização da agricultura de maneira inquestionável. O Brasil é líder mundial no uso do sistema, que ocupa mais da metade de sua área plantada. O gráfico a seguir (Figura 2), é um comparativo, realizado com 110 fazendas no país, sobre a utilização do sistema de plantio direto ou sistema convencional.
Figura 2- Gráfico comparando a utilização dos sistemas de plantio direto e convencional.
O sistema de plantio direto apresenta inúmeras vantagens, dentre as quais podem ser citadas:
- Menores perdas de solo por erosão;
- Aumento dos índices de matéria orgânica do solo (MO);
- Melhora a estrutura do solo;
- Melhor flexibilidade na semeadura;
- Aumento da vida microbiana do solo, através da redução das oscilações térmicas;
- Redução de perda de água no solo;
- Menor uso de combustível, através da diminuição do número de operações com maquinário;
- Sequestro de carbono no solo;
- Melhor controle de plantas daninhas, por supressão ou por alelopatia;
- Aumento da produtividade;
- Aumento no aproveitamento da área de plantio, através da possibilidade de se plantar duas vezes no mesmo ano agrícola.
Economia nas operações com máquinas
O sistema é altamente viável, uma vez que reduz expressivamente os custos de produção. O manejo eficiente do SPD elimina um número alto de operações com maquinário principalmente no preparo do solo, reduzindo significativamente o gasto com combustível, bem como o desgaste das máquinas.
Diante do alto preço do óleo diesel no país, em torno de R$ 3,00 (três reais) o litro, essa redução com combustível se expressa de maneira significativa ao bolso do produtor. O menor tráfego de máquinas pesadas sobre a superfície do solo evita também uma possível compactação do mesmo, consequentemente evitando gastos com operações de descompactação, usando subsolador.
Melhor utilização da propriedade
No sistema convencional, para a implantação de uma nova cultura é necessário respeitar um período para o preparo do solo, geralmente três meses. Já o sistema direto possibilita a implantação de outra cultura logo em seguida à colheita. Possibilitando por exemplo: Soja/ Milho safrinha dentro do mesmo ano agrícola. Sendo assim, torna possível a exploração da terra mais de uma vez no ano, e consequentemente aumenta-se a produção e variedade de fornecimento de alimentos.
O sistema de plantio direto surgiu diante da necessidade de tornar o agronegócio mais sustentável. Portanto, com a implantação e manejo adequado do sistema o agricultor evita os principais problemas de degradação dos solos e ainda incrementa seu sistema de produção, melhorando de maneira expressiva sua produtividade (Tabela 3), diminuindo custos e consequentemente tornando sua atividade altamente lucrativa.
Tabela 3 – Tabela comparativa entre a produtividade no sistema de plantio direto e no sistema convencional na cultura da soja.