A área de refúgio é importante para que seja mantida a população de pragas sensíveis à toxina Bt, visando a durabilidade da tecnologia. O refúgio é uma medida preventiva, e a falta dele pode acabar provocando pragas cada vez mais resistentes à tecnologia Bt, tornando invalida a ação do milho transgênico. A área de refúgio é a principal estratégia que o produtor tem para evitar a quebra do ciclo de resistência dos transgênicos.
Segundo o pesquisador José Magrid Waquilda Embrapa Milho e Sorgo, o produtor que não utilizar a área de refúgio pode ser o primeiro a sofrer com os prejuízos, pois quando não há estímulos à migração, a tendência das mariposas emergidas numa determinada área é permanecer no local. É recomendado que, além de plantar a área de refúgio, o produtor faça uma rotação do seu híbrido, utilizando diferentes eventos de Bt na sua área plantada, principalmente onde já foi observado ocorrência de lagartas. Além disso, o produtor deve utilizar híbridos de milho expressando mais de uma proteína Bt e deve evitar o uso do mesmo evento Bt utilizado no ano anterior.
De maneira geral os insetos oriundos da área de refúgio poderão acasalar com insetos sobreviventes das áreas plantadas com milho Bt, possibilitando a manutenção da suscetibilidade ao transgênico Bt. A área de refúgio deve ser adotada em todas as culturas que tenham associado à sua genética à tecnologia Bt, que no Brasil são algodão, milho e soja. O princípio envolvido nas áreas de refúgio é simples: se o produtor mantiver uma área de cultura 100% Bt, a ação inseticida da planta eliminará a maioria dos indivíduos, mas será preservado um pequeno grupo que apresenta resistência, com o tempo, os insetos mais resistentes serão os únicos sobreviventes e cruzarão entre si, gerando novas populações de indivíduos resistentes ao Bt.
No Brasil, a norma de coexistência do milho Bt com cultivares não Bt é estabelecida pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio), vinculada ao Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI). A comissão estabelece as distâncias mínimas entre cultivos comerciais de milho geneticamente modificado e outro de milho não geneticamente modificado, em áreas vizinhas, para permitir a coexistência entre os diferentes sistemas de produção no campo: igual ou superior a 100 metros ou, alternativamente, 20 metros, desde que acrescida de bordadura com, no mínimo, 10 fileiras de plantas de milho convencional de porte e ciclo vegetativo similar ao milho geneticamente modificado.
Desta forma, a área de refúgio pode ser feita com o aproveitamento da área de coexistência. Desde que atenda a distância máxima entre milho Bt e refúgio. O produtor deve respeitar as duas regras, tanto para preservação da tecnologia Bt como para a liberdade do vizinho em produzir milho convencional. “É importante não confundir a área de refúgio com a área de coexistência”, afirma Mendes
No caso da cultura da soja, por ser uma cultura autógama não há necessidade das práticas para a coexistência. Já para a cultura do algodão transgênico não é permitida nas áreas de exclusão, onde ocorrem populações de algodão selvagem. Para o milho a área de refúgio é de no mínimo 10%
Para algodão e milho, a área de refúgio é a semeadura de um talhão utilizando cultivares/híbridos não Bt, de iguais porte e ciclo. A área de refúgio não deve estar a mais de 800 m de distância das plantas transgênicas. Esta é a distância máxima verificada pela dispersão dos insetos adultos em campo. Para glebas maiores que 800 m cultivadas com material Bt serão necessárias faixas de refúgio internas à gleba.
Legenda:
Figura 1-As plantas de milho não Bt da área de refúgio devem estar no máximo a 800 m de distância das plantas;
Figura 2-Obedecendo a regra, o plantio pode ser feito no perímetro da lavoura ou em faixas, dentro da área de cultivo;
Figura 3-Em área de pivô central, o refúgio pode ser feito em faixas ou em parte da área.