Com o crescente processo de aumento populacional a demanda por alimentos de origem vegetal e animal aumentou radicalmente nos últimos anos. Segundos dados da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) a população mundial deve aumentar em uma taxa de aproximadamente 1,1% ao ano até 2030, enquanto que a demanda por alimentos tende a crescer a uma taxa de 1,5% ao ano até 2030. Aliado ao fato do aumento populacional e o aumento por demanda de alimentos, as pessoas atualmente tendem a consumir mais alimentos e que tenham melhor qualidade, portanto fica claro que o desafio da agricultura nos próximos anos será produzir mais com maior qualidade.
Nessa perspectiva os cereais assumem papel de grande importância, pois além de servirem como alimento diretamente para as pessoas e com relativo baixo custo, também são utilizados para compor a base da dieta de animais que serão utilizados posteriormente como fonte de proteína. O Brasil atualmente é o segundo maior produtor mundial de soja do mundo com área plantada de 31,573 milhões de hectares e produção de aproximadamente de 95,070 milhões de toneladas na safra 2014/2015, ficando atrás somente dos EUA segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Já em relação ao milho o Brasil é o 3° maior produtor mundial, com área plantada na safra 2014/2015 de 15692,9 milhões de hectares e produção de 83519,1 milhões de toneladas, considerando o plantio de safra e safrinha.
Segundo os dados citados acima fica evidente que a produção de grãos no Brasil representa uma importante fonte de entrada de capital para o país e, portanto, tais atividades necessitam de grande eficiência. Nesse contexto o tratamento de sementes assume papel importante no controle e prevenção do ataque de pragas e doenças a campo.
De maneira simples o tratamento de sementes pode ser entendido como a aplicação de fungicidas e inseticidas a um determinado lote de sementes com o intuito de proteger as sementes contra o ataque na fase inicial de insetos e fungos e dificultar a disseminação de doenças via semente. Nessa operação além da aplicação de agroquímicos, pode-se proceder para aplicações de micronutrientes como o cobalto e o molibdênio no caso da soja, possibilitando economia no custo operacional, já que não haverá necessidade de nova pulverização desses nutrientes em campo.
Diversas doenças fúngicas têm grande importância na produção de grãos, dentre elas se destacam a antracnose, mancha púrpura na cultura da soja e do feijão, Cercosporiose na cultura do milho entre outras. Essas doenças instaladas em campo representam aumento do custo de produção, pois aumenta a necessidade de pulverizações de controle e pode vir a inviabilizar a comercialização principalmente se a produção for destinada a semente. Para evitar tal situação recomenda-se o uso de fungicidas sistêmicos registrados para o tratamento de sementes como o captana, carbendazim, carbedazim+tiram, carboxina+tiram, quintozeno, tiabendazol e tiofanato metílico. Como citado acima há um grande número de princípios ativos que podem ser utilizados para o tratamento de sementes, portanto é necessário que se faça o rodízio dos ingredientes ativos a fim de diminuir a pressão de seleção sobre os patógenos, desfavorecendo assim o processo de indução de resistência.
Além das doenças fúngicas, os ataques de insetos pragas é outro grande problema encontrado nas lavouras, apesar de transgenia auxiliar no controle das principais pragas é observado com certa frequência ataques severo a lavouras transgênicas. Uma forma de evitar esse problema seria diminuir a pressão inicial desses insetos em campo, por meio de aplicação de inseticidas nas sementes. Os ingredientes ativos mais comumente empregado no tratamento de sementes são: Fipronil (ação contra pragas de solo), bifentrina (ação contra pragas de solo), carbofuran, carbosulfan, thiodiocarbe e imidiacloprid. As sementes quando tratadas exibem coloração diferenciada, indicando que as mesmas foram tratadas e já estão prontas para serem plantadas (figura1). Recomenda-se antes de efetuar o tratamento de semente, fazer o levantamento de pragas incidentes no local a fim de escolher o melhor ingrediente ativo para melhor controle.
Foto 1- Sacaria contendo sementes de soja tratada.
Em virtude das grandes vantagens que o tratamento de semente proporciona a lavoura nos últimos anos, intensificaram-se estudos a fim de desenvolver metodologias eficientes para a aplicação dos produtos. Atualmente as empresas já comercializam sementes ensacadas e tratadas já prontas para o plantio e também há a possibilidade de realizar o tratamento na própria fazenda, porém tal operação deve ser bem supervisionada a fim de evitar principalmente danos físicos aos materiais propagativos e inviabilizar sua germinação (figura 2).
Diante das vantagens mencionadas durante o artigo fica evidente que o tratamento de sementes deve ser uma prática obrigatória, pois possibilita a lavoura maior proteção contra patógenos e pragas com baixo custo. Aliado ao baixo custo, o tratamento de sementes traz maior sustentabilidade na propriedade pois o mesmo utiliza de baixa quantidade de produtos por aplicação e reduz a quantidade de aplicações por safra trazendo maior lucratividade a atividade.
Foto 2- Tambor para tratamento de sementes na propriedade rural.