O agronegócio café representa para o Brasil uma importante fonte de receitas seja através dos recursos gerados através da comercialização tanto para o mercado interno, quanto para mercado externo, seja pelo número de empregos gerados de forma direta ou indireta dentro e fora dos grandes polos produtores. De acordo com estimativas do ministério da agricultura pecuária e abastecimento (MAPA), o país produziu na safra 2015 aproximadamente 43,23 milhões de sacas, somente o estado de Minas Gerais produziu na mesma safra 22,3 milhões de sacas. A região sul de minas é o maior polo produtor do estado e do país com produção na última safra de 10,8 milhões de sacas, nessa região predomina as pequenas propriedades e a predominância da chamada cafeicultura de montanha.
Apesar dos bons números do setor, existem certos pontos que merecem atenção dos agentes que compõem a cadeia produtiva do café, um desses pontos seria a maior incidência e intensidade de doenças. No caso do sul de minas em áreas montanhosas, Paraná, São Paulo e regiões de alta altitude na zona da mata mineira, a mancha aureolada vem ganhando destaque e comprometendo a produtividade dessas lavouras nas últimas safras.
A mancha aureolada (figura 1) é uma doença causada pela bactéria Pseudomonas seryngae, sua maior ocorrência está relacionada a áreas mais frias, de maior altitude, em lavouras jovens com ausência de proteção contraventos e com alta umidade. É observado também que as cultivares de café de porte mais baixo, especialmente as variedades Topázio e Ouro Verde são mais sensíveis ao ataque de Pseudomonas.
Os principais sintomas da mancha aureolada no café são: manchas escuras com halo amarelado ao redor da lesão, transparência na parte interna desse halo, ocorrência na maioria dos casos em folhas novas e queima e morte dos ramos (figura 2). Em situação de campo observa-se que muitos técnicos e produtores confundem os sintomas de manchas aureoladas com mancha de phoma ou com antracnose do café e com isso tem sido recomendado produtos que não apresentam nenhum resultado em campo.
Figura 1- Ataque de Pseudomonas em folhas de cafeeiro.
Figura 2 – Ataque de Pseudomonas em ponteiros de café.
Por se tratar de uma doença cujo o agente etiológico é uma bactéria, o controle químico é uma alternativa pouco eficaz no controle do patógeno, de modo geral técnicos indicam pulverizações de produto a base de cobre (função preventiva) ou Dithane (grupo dos ditiocarbamatos) em mistura com o superfosfato simples (ação bactericida do flúor). Além do tratamento citado anteriormente, também é indicado a utilização de antibióticos e Kasugamicina.
É observado na prática que o controle cultural é o método que demonstra ter maior eficiência, porém esse método tem caráter preventivo, ou seja, é indicado para evitar a ocorrência da doença no campo. As práticas mais adotadas em locais que apresentam potencial para ocorrência da doença são: Instalação de quebra ventos temporários (plantio de renques de milho, milheto e guandu) e fixos (plantio de árvores em locais onde há grande incidência de ventos), limpeza de maquinários utilizados em talhões com histórico de ocorrência da doença a fim de evitar a disseminação da doença e a poda de limpeza associado com a queima dos ramos cortados têm se mostrado uma técnica importante para o controle do patógeno.
O avanço da doença sobre as grandes regiões produtoras e principalmente sobre as regiões de cafeicultura de montanha, tem sido motivo de preocupação para produtores de tais regiões e representa mais um novo desafio, é necessário que produtores adotem o controle preventivo para evitar a entrada da doença nas lavouras e garantir aumentos de produtividade para as futuras safras.