Em virtude do aumento populacional, aumento da demanda de alimentos, valorização de terras e os elevados custos de produção, foi necessário a criação de um sistema de produção que tornasse possível a maximização dos recursos da propriedade rural, garantindo maior rentabilidade as atividades desempenhadas e sustentabilidade ao sistema. Nessa lógica o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) foi desenvolvido a fim de viabilizar as atividades dentro dos estabelecimentos rurais, recuperando terras antes degradadas pelo manejo irracional do solo e consequentemente aumentando o fluxo de capital em decorrência do maior número de atividades sendo desenvolvidas no mesmo local com maiores índices de produtividade.
Segundo estimativas da EMBRAPA no Brasil atualmente 1,6 a 2 milhões de hectares são manejados segundo os princípios da ILPF, sendo que a grande maioria dessas terras está nas regiões do centro-oeste e sul do Brasil. Diante de todos os benefícios que os sistemas de ILPF possam vim a proporcionar a propriedade rural, é esperado que nos próximos 20 anos as áreas de ILPF some aproximadamente 20 milhões de hectares.
Como principais vantagens do sistema ILPF temos: recuperação de pastagens degradadas através da melhoria da qualidade de fertilidade de solo, produção variada dentro da propriedade, maior incorporação de carbono e maior acúmulo de matéria orgânica, menos problemas de pragas, doenças e plantas invasoras nas lavouras. Vale a pena ressaltar que há inúmeras vantagens em empregar o sistema de ILPF nas áreas de produção, porém nesse trabalho iremos abordar e discutir somente as vantagens mencionadas acima.
Sabe-se que as pastagens é a principal fonte de alimentação de volumoso e também é a fonte mais barata de alimentação, historicamente na pecuária brasileira as pastagens não recebem os devidos cuidados necessários para sua boa produção e consequentemente não conseguem suportar maiores taxas de lotação, tornando a atividade pouco viável em regiões que a terra é mais valorizada. Como forma de constatação dessa realidade observamos que os grandes rebanhos migraram para as regiões mais periféricas, onde a terra é mais barata e o produtor não necessita se atentar a condição de sua pastagem para obter resultados econômicos. No entanto com a adoção de tecnologias já se observa no campo a preocupação em aumentar a taxa de lotação para aproveitar ao máximo os recursos disponíveis.
Através da melhoria da fertilidade do solo é possível aumentar a produtividade das pastagens, uma forma de aumentar os níveis de fertilidade do solo seria a consorciação da forrageira com uma cultura de verão, dessa forma planta-se o milho no início da época das chuvas (outubro- novembro) e 10 a 15 dias após o plantio do milho deve-se proceder o plantio da brachiaria ou de outra forrageira via semente nas entrelinhas. Nesse sistema a brachiaria aproveita a adubação residual do milho e logo após a colheita do grão a forragem estará disponível para os animais, conforme ilustrado na figura 1.
Foto1- Consórcio de milho com brachiaria, em sistema de ILP.
Outra vantagem abordada em relação ao sistema de ILPF é a produção diversificada dentro da propriedade, nas áreas em que o ILPF é implantado temos como comercializar anualmente madeira, cereais e animais. A diversificação de produção é importante devido ao fato do produtor ter maior segurança de renda, pois o mesmo não fica na dependência do comportamento do mercado com relação a um único produto.
Bem como se sabe as plantas utilizam CO2 para a realização da fotossíntese, sendo que aproximadamente 50% da biomassa vegetal é constituída de carbono. As árvores nesse contexto são grandes sequestradoras de carbono e são indispensáveis quando se deseja desenvolver uma atividade de baixa emissão de carbono. Para tais atividades já existem linhas de crédito específicas como por exemplo o programa ABC (agricultura de baixo carbono). Além da incorporação de grande quantidade de carbono efetuada pelas árvores, ocorre também na ILPF o aumento do teor de matéria orgânica em virtude dos restos culturais e maior ciclagem de nutrientes, pois utiliza-se plantas de ciclos diferentes com profundidade radicular variada.
A matéria orgânica (MO) é a grande responsável por manter a “boa saúde do solo”, maiores teores de MO estão associados a maior retenção de água, maior disponibilidade de nutrientes, maior tamponamento do pH, menor incidência de pragas e doenças. De certa forma observa-se que a MO está totalmente relacionada com o aumento de produtividade e sustentabilidade do empreendimento.
A incidência de ataques de pragas, doenças e de plantas invasoras são fatores que limitam a produção em determinadas regiões, uma forma de tentar controlar ou até mesmo minimizar os problemas provocados por esses fatores seriam a rotação de culturas a fim de quebrar ciclos de pragas, doenças e plantas invasoras. A rotação de cultura é uma técnica indispensável quando se deseja adotar a ILPF e comparada ao método de controle exclusivamente químico é mais segura, vale a pena ressaltar que a junção de todos os métodos de controle (químico, cultural e biológico) resulta no sucesso do combate.
O sistema de ILPF (figura 2) é um pacote tecnológico que possibilita ao produtor maior segurança em relação a produção, melhor utilização dos recursos disponíveis (água, solo, maquinários e implementos), proporciona melhoria do solo e conservação da água. Para o sucesso do sistema é necessário que técnicos e produtores adotem as práticas adequadas, como por exemplo, plantio de árvores em nível, lotação de pastagens de acordo com a oferta de forragem, evitar monocultivos, entre outras, afim de alcançar os objetivos estipulados.
Foto 2: Sistema de ILPF na fase de pré- pastejo com fileiras duplas de eucalipto.
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Boa noite queria saber mais sobre integracao lavoura pecuária queria saber se é um bom negocio.