Cecília Donata Silva de Oliveira
A planta de milho é dividida morfologicamente em frações como sistema radicular, colmo, folhas e espiga onde está inserida os grãos. Fica evidente a importância dos grãos, que são utilizados tanto na alimentação humana quanto de animais de produção (ruminantes e monogástricos).
Quando muda-se o foco e pensamos em fornecer silagem de planta inteira de milho, os grãos são uma parte importante deste alimento conservado, uma vez que a maioria dos nutrientes digestíveis totais (NDT) da silagem de milho está nos grãos de milho, especificamente do amido contido no endosperma dos grãos.
O teor de amido contido no grão de milho pode chegar a 72 a 74% de amido, o que representa 50% do total de matéria seca da planta. A digestibilidade ruminal do amido quando pensamos em silagem de planta inteira de milho, varia entre 24 a 66% e de 80 a 99% no trato total.
O grão de milho é composto por endosperma, embrião e pericarpo, onde:
O pericarpo representa principalmente 5% do peso do grão, é rico em fibra e pobre em amido e proteína.
O gérmen representa 11% do peso do grão, localizado perto da base do grão onde encontra-se principalmente lipídeos sendo pobre em proteínas e amido.
O endosperma representa cerca de 80% do grão de milho, e é constituído principalmente de amido (86% de amido e 10% de proteína). A fração proteica é formada por um grupo de proteínas solúveis em álcool denominadas zeínas. O endosperma é subdividido em camadas, são elas:
- A camada externa chamada aleurona;
- Seguido do endosperma periférico;
- Endosperma vítreo;
- Endosperma farináceo.
O endosperma possui influência sobre o valor econômico e nutricional da planta de milho, a proporção entre vítreo e farináceo é o principal fator para definir a textura do grão. A distinção entre os diferentes tipos de milho ocorre em função da proporção de endosperma vítreo e endosperma farináceo, chamada vitreosidade.
ENDOSPERMA VÍTREO E ENDOSPERMA FARINÁCEO
Grãos de milho destinados à alimentação animal, normalmente possuem os ambos endospermas (vítreo e farináceo). A periferia do grão contém o endosperma vítreo, e na cavidade central é possível encontrar o endosperma farináceo.
As células do endosperma farináceo são maiores, e possuem paredes mais espessas quando comparado ao endosperma vítreo. Sua forma e tamanho são variados, seus grânulos são grandes e com superfícies lisas. Já no vítreo os grânulos de amido são menores e bem compactados. Dentro das células os grânulos de amido estão envoltos por uma matriz proteica, no endosperma farináceo ela se apresenta espessada e fragmentada no vítreo ela é densa e bem desenvolvida.
VITREOSIDADE E DIGESTIBILIDADE RUMINAL DO AMIDO
A matriz proteica que envolve o endosperma vítreo é resistente a água e enzimas hidrolíticas, na fração farinácea os grânulos de amido estão mais acessíveis ao acesso enzimático.
Estudos conduzidos por McAllister et al (1990), buscaram avaliar a colonização e digestão microbiana de diversos cereais incubados no rúmen. Ao se incubar grãos de milhos inteiros, eles foram colonizados apenas quando o pericarpo foi danificado, sendo necessário danificar o pericarpo para o acesso das bactérias ruminais aos nutrientes digestíveis do grão. Grãos fragmentados em duas ou quatro partes o endosperma farináceo foi vastamente colonizado, já o endosperma vítreo apresentou pequenos sinais de digestão.
Referências:
CORRÊA, CLOVIS EDUARDO SIDNEI. SILAGEM DE MILHO OU CANA-DE-AÇÚCAR E O EFEITO DA TEXTURA DO GRÃO DE MILHO NO DESEMPENHO DE VACAS HOLANDESAS – Lavras/UFLA, 2001. 102 p. :il.