Existem milhares de doenças que podem se disseminar no cultivo de hortaliças. Só da alface, no mundo, já foram relatados mais de 75 tipos que afetam a cultura. Elas são causadas por microorganismos parasitas: fungos, bactérias, nematóides e vírus conhecidos como fitopatógenos. Além dessas doenças, que são transmissíveis, existem aquelas relacionadas a distúrbios fisiológicos das plantas causados por condições climáticas extremas, estresse hídrico e nutricional, e pela fitotoxicidade de alguns produtos.
Para evitar ou reduzir o aparecimento de doenças em uma lavoura, o horticultor ou técnico que presta consultoria na área, deve ter um conhecimento sistêmico dos fatores que influenciam todas as fases da produção. Primeiramente, na etapa de escolher a cultivar a ser plantada deve-se conhecer quais patógenos são frequentes naquela região e se a cultivar escolhida é suscetível ou resistente àqueles patógenos. As empresas detentoras das cultivares sempre disponibilizam em seus sites e materiais de divulgação, informação a respeito da resistência das plantas. Em relação ao patógeno, quanto mais conhecimento tiver sobre ele, melhor o horticultor pode se prevenir de seus ataques. Isso implica saber sua origem, modo de ação e disseminação, e as condições para sua sobrevivência.
Quando não for possível se precaver dos ataques de patógenos, medidas de controle devem ser tomadas. A mais popular hoje em dia, ainda é a aplicação de agroquímicos. Ela deve ser feita de forma muito criteriosa. Para evitar o risco de contaminação inerte dos produtos químicos, sempre seguindo as recomendações dos fabricantes.
Um aspecto de grande importância é se ater a qualidade da água que é utilizada nas etapas da produção. Tanto para a diluição dos produtos fitossanitários, quanto para irrigação ou lavagem de frutas e folhas na pós colheita, utilizando a água mais límpida possível.
Existe hoje uma forte pressão por parte dos consumidores para que produtores implementem cultivos orgânicos. Em relação a questões de alimentação saudável, cultivos sem químicos seriam o ideal. Porém, a incidência de doenças e pragas que atacam hortaliças é alta, levando a devastação de lavouras que causam prejuízos aos produtores e comprometem o abastecimento dos mercados.
Mesmo assim, com o desenvolvimento tecnológico e investimento em pesquisas na área agrária, hoje existem muitas hortaliças produzidas com reduzidas quantidades de agrotóxicos Nestes sistemas de cultivo, os produtores adotam medidas integrativas de controle fitossanitário. Tais medidas consistem em um maior planejamento para implementação da cultura, para isso é necessário:
- Encontrar uma área isolada e sem histórico de infestação,
- Escolher cultivares resistentes não suscetível a doenças locais
- Utilizar sementes de boa qualidade
- Implementar um telado que forneça proteção á insetos vetores de vírus
- Irrigar e fertilizar a produção criteriosamente
- Obter uma densidade de plantio adequada a aeração das plantas
- Fazer a destruição imediata de restos culturais;
- Promover a rotação de culturas.
A produção integrada embora admita intervenções químicas se necessário, ela tem como premissa a obtenção de alimentos saudáveis, com uma produção de baixo impacto ambiental e que leva em consideração altos padrões de segurança do trabalho, preservando a saúde dos trabalhadores. Porém, se produzir dessa forma não é um trabalho simples, é necessário garantir a rastreabilidade da cadeia produtiva, e uma forte organização para que se torne viável dentro dos quesitos técnicos e econômicos.
Taísa da Silva
Estudante de Agronomia da Universidade Federal de Lavras – UFLA
Colaboradora do 3RLAB
REFERÊNCIAS:
LOPES , C.A. Doenças da Alface. Embrapa : Embrapa Hortaliças, Brasília/DF, 2010. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/866064/doencas-da-alface. Acesso em: 11 mar. 2021.
SILVA, G.B.P. Como funciona e como realizar o Manejo Integrado de Pragas (MIP). In: Como funciona e como realizar o Manejo Integrado de Pragas (MIP). [S. l.]: INSTITUTO AGRO, 2019. Disponível em: https://institutoagro.com.br/manejo-integrado-de-pragas-mip/. Acesso em: 10 mar. 2021.