As doenças de solo são aquelas que afetam a raiz e o caule da alface. Elas não causam danos diretos a parte da hortaliça que é comercializada. Mesmo assim, merecem a atenção dos produtores de alface. Os sintomas dessas doenças geralmente aparecem antes dos sintomas de doenças foliares e seu controle é mais delicado. Além disso elas comprometem toda área cultivada, podendo a torná-la inutilizável, já que os patógenos podem sobreviver por longos períodos no solo, causando danos também a novos plantios. As doenças de solo podem ser causadas por diferentes tipos de patógenos, entre eles: fungos, bactérias e nematoides. Nesse artigo abordarei aquelas causadas exclusivamente pelos fungos.
Tombamento (Pythium spp. e Rhizoctonia solam)
Também conhecida como ou “damping-off” essa doença costuma aparecer quando se usa substrato ou água contaminada, especialmente quando há excesso hídrico no sistema radicular. Ela causa problemas tanto para produção de mudas quanto para o transplante dessas ao destruir o tecido jovem das plantas. Ela é conhecida como tombamento pois a base da planta é apodrecida e ela tomba. Os fungos causadores também podem apodrecer a planta antes mesmo dela emergir, o que compromete a produção de mudas.
Podridão-de-raíz e murcha (Pythium spp)
Essa doença é causada por fungos do gênero Pythium. Ela é muito frequente em sistemas hidropônicos, porém pode ocorrer em campo também. Seus sintomas são: podridão de parte do sistema radicular, crescimento lento e murcha, levando a morte da planta. O patógeno é favorecido por condições de altas temperaturas e umidade.
Podridão-de-esclerotina (Sclerotlnla sclerotiorum e S. minar)
Essa doença costuma aparecer em ambientes mais frios e úmidos. Onde não há rotação de culturas, pode provocar graves perdas. Após o estabelecimento do patógeno no campo, seu controle se torna muito difícil. Os fungos desse gênero possuem escleródios (estruturas de resistência) que permanecem na forma infectiva por até dez anos. Os sintomas da doença podem ser mais bem observados em plantas perto do ponto de colheita. Eles afetam primeiro folhas mais velhas que ficam em contato com o solo, causando murchando. Conforme a doença vai progredindo, a planta vai se tornando amarelada antes de apodrecer totalmente. É possível observar o aparecimento de pontuações pretas, que são os escleródios e uma pluma branca (micélios) nas plantas.
Murcha-de-esclerócio (Sclerotium rolfsii)
Favorecida por temperaturas altas e solos úmidos. É uma doença que ataca muitas espécies vegetais, sempre associada a temperaturas altas e solos muito úmidos. Em alface, é normalmente notada em plantas adultas, quando a folhagem compacta mantém alta umidade no solo. O ataque do patógeno é muito parecido com o de Sclerotinia sclerotiorum. porém ao invés do aparecimento de escleródios irregulares, se percebe estruturas mais arredondadas que inicialmente são brancas e depois se tornam marrons.
Taísa da Silva
Estudante de Agronomia da Universidade Federal de Lavras – UFLA
Colaboradora do 3RLAB
REFERÊNCIAS:
LOPES , C.A. Doenças da Alface. Embrapa : Embrapa Hortaliças, Brasília/DF, 2010. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/866064/doencas-da-alface. Acesso em: 11 mar. 2021.
SILVA, G.B.P. Como funciona e como realizar o Manejo Integrado de Pragas (MIP). In: Como funciona e como realizar o Manejo Integrado de Pragas (MIP). [S. l.]: INSTITUTO AGRO, 2019. Disponível em: https://institutoagro.com.br/manejo-integrado-de-pragas-mip/. Acesso em: 10 mar. 2021.