Cecília Donata Silva de Oliveira
Imagem de Yair Ventura Filho por Pixabay
Manejo e ambiência
O mérito de aumento na produtividade de suínos deve-se principalmente a estudos realizados em nutrição, genética, manejo e ambiência dos animais. O desmame precoce de suínos possibilita obter maior número de leitegadas por ano, porém os desafios enfrentados durante esta fase pode impactar negativamente no desempenho dos animais.
Para reduzir os impactos negativos, o ambiente da creche deve estar próximo à zona de conforto térmico dos animais. Entre 21 a 28 dias, ocorre o desmame dos leitões e durante este período o sistema de termorregulação não se encontra completamente desenvolvido; em grande parte do território nacional encontram-se temperaturas elevadas, contudo leitões no período pós desmame, necessitam de aquecimento. As principais trocas de calor ocorre através de condução principalmente entre piso – leitão.
Suínos, desmame, nutrição e ambiênte
O baixo consumo de alimentos no período pós desmame e alta atividade física dos leitões, levam os animais a um estado de balanço energético negativo. A energia que o animal precisa nesta fase é oriunda principalmente das reservas corporais de gordura, reduzindo assim o isolamento térmico.
Fornecer dieta com teor adequado de nutrientes e de alta aceitabilidade para leitões no recém-desmame, oferece vantagens, pois quanto maior o consumo de alimentos, menor será a temperatura crítica inferior (TCI). O alimento auxilia na produção de calor corporal. A ração na forma úmida ou líquida pode auxiliar no aumento de consumo, visto que animais nesta fase não estão adaptados ao consumo de ração sólida.
A categoria de alojamento também exerce influência uma vez que alojamento em grupos, ao sentirem frio os animais tendem a ficar agrupados conservando calor corporal, reduzindo assim o consumo de alimento.
Tabela 1 – Temperatura crítica inferior (TCI) calculada para leitões jovens em três níveis de alimentação (M = Mantença).
Tipos de pisos e aquecimento de suínos
O tipo de piso adotado influência na troca de calor entre animal – ambiente. Dentre os principais matérias utilizados, o uso de pisos do tipo plástico vazado é adotado por suinocultores devido à facilidade de higienização, o aquecimento em instalações de creche usualmente é feito através de eletricidade com uso de lâmpadas ou pisos aquecidos, porém gastos com energia pode aumentar o ainda mais o custo de produção. Escolher pisos com matérias que minimizem a dissipação de calor tornando o aquecimento ainda mais efetivo pode conferir resultados satisfatórios a granjas.
Resíduos de materiais utilizados na indústria de calçados podem ser aproveitados no uso de pisos para creche, visto que seria um destino alternativo minimizando impactos ao meio ambiente. O copolímero de Etileno-Acetato deVinila (EVA), muito utilizado na indústria de calçados apresenta bom isolamento térmico, podendo ser utilizado sobre piso de instalações.
Figura 1 – Frequência de comportamento dos leitões sobre uso de dois tipos de pisos (Piso 1: Placas em EVA + Piso Plástico Vazado; Piso 2: Piso Plástico Vazado).
Variáveis térmicas na suinocultura
Apenas a temperatura do ar não representa o ambiente térmico, sendo este um conjunto de fatores, como: temperatura, umidade, ventilação, radiação, tipo de instalação, número de animais e interação entre condição nutricional e saúde dos animais. Desequilíbrios entre estes parâmetros como grande variação de temperatura, baixa renovação do ar, pode desencadear aumento da incidência de doenças e baixo desempenho dos animais.
Uma alternativa interessante nesta fase, seria a construção do galpão em orientação diferente a recomendada (leste-oeste), para maior incidência do sol em instalações, atentando sempre a raça dos animais, uma vez que animais de pelagem clara podem ser mais susceptíveis a queimadura solar.
Uma boa ventilação principalmente nos horários mais quentes do dia para eliminar gases tóxicos e proporcionar boa qualidade do ar, aliada a uma nutrição adequada e uma dieta devidamente balanceada, para isso é necessário conhecer o perfil de nutrientes de cada alimento que irá compor a dieta, formulando dietas que maximizem o desenvolvimento dos animais e possuam boa aceitabilidade.
Referências:
ARAÚJO. SILVIA. N. R. DIFERENTES TIPOS DE PISOS NO COMPORTAMENTO DE LEITÕES EM FASE DE CRECHE – Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola –PPGEA/UFCG. Campina Grande – PB. Fevereiro – 2017.
RONY ANTONIO FERREIRA. MAIOR PRODUÇÃO COM MELHOR AMBIENTE PARA AVES, SUÍNOS E BOVINOS – A importância da bioclimatologia animal para amenizar os efeitos do clima e melhorar o bem-estar dos animais. Editora Aprenda Fácil 3º Edição Viçosa – MG 2016.