Cecília Donata Silva de Oliveira
Imunocastração, Imagem de Mabel Amber por Pixabay
Exigências do mercado consumidor
A cadeia envolvida na produção de carne suína desenvolve trabalhos contínuos para elevar a produção e atender as exigências do mercado consumidor, buscando aliar termos como quantidade e qualidade ao produto final, aumentando assim a eficiência econômica do sistema. A carne suína é uma das principais consumidas no mundo, o Brasil possui um grande plantel de animais, sendo fundamental também para gerar empregos a população.
Técnicas de manejo e bem-estar animal
Com o objetivo de aumentar a eficiência da cadeia produtiva da carne suína, produtores investem técnicas de reprodução, sanidade, manejo, genética e aplicação de técnologias que priorizem o bem-estar animal, como a aplicação de novos modelos de castração. Devido ao âmbito o bem-estar animal vem ocupando, a castração cirúrgica tende a ser cada vez menos utilizada, países da União Europeia já não utilizam este método desde 2009.
A produção de suíno macho inteiro, apresenta melhor eficiência alimentar quando comparados com fêmeas e animais castrados, porém o principal impasse do abate de animais não castrados seria o odor desagradável deixado na carne, com isso machos inteiros destinados à produção de carne, são castrados ainda em fase de leitão, evitando assim a insatisfação do consumidor.
A imunocastração
A androsterona e o estacol, hormônios sexuais produzidos no testículo de suínos são a causa de mau odor na carne, a imunização ativa e seletiva contra a andosterona e seus percursores, pode ser uma forma de imunocastração, evitando assim o surgimento do odor sexual. Possibilitando o aproveitamento dos anabolizantes naturais produzidos no testículo, a aplicação de vacinas de 8 a 4 semanas antes do abate, se mostra eficaz para minimizar possíveis odores que possam surgir na carne.
Apesar da castração tornar os animais dóceis e minimizar o odor, em contrapartida, ela leva os animais a acumular mais gordura em sua carcaça, óleos e gorduras possuem custos reduzidos. A recente preferência dos consumidores por carnes magras é obtida com maior facilidade em animais não castrados, mediante a isto a busca por métodos de castração que consigam conciliar as características desejáveis e ainda assim não apresentar odor na carne.
Castrar machos inteiros no final do período de terminação, tem por finalidade reduzir os níveis de androsterona e estacol, e ainda assim conseguir os efeitos benéficos dos hormônios na maior parte da vida produtiva do animal, castrar os animais em torno de 3 semanas antes do abate demostra ser suficiente para reduzir o odor deixado na carne, onde a castração cirúrgica nesta fase se tornaria inviável. A imunocastração pode ser realizada com hormônios inibidores de GnRH (Hormônio liberador de gonadotrofinas).
Tabela 1 – Ganho de peso (GP), ganho de peso diário (GPD), consumo de ração período (CRP) e conversão alimentar (CA), de animais na terminação (126 a 161 dias).
Tratamentos | GP | GPD | CRP | CRD | CA |
Animais castrados cirurgicamente | 29,08 | 0,83 | 96,92 | 5,44 | 3,02 |
Animais castrados imunologicamente | 42,44 | 1,21 | 118,67 | 3,39 | 2,33 |
Fonte: Adaptado Tonietti 2008. |
A imunocastração pode ser uma técnica favorável, principalmente por ser menos invasiva quando comparado a castração cirúrgica, reduzir odores desagradáveis e conseguir um melhor desempenho zootécnico. As possíveis vantagens e desvatagens devem ser analisadas por um profissional no momento de implementar esta técnica.
Referências:
TONIETTI. ANDRÉ P. AVALIAÇÕES DO DESEMPENHO ZOOTÉCNICO, QUALIDADE DE CARCAÇA E CARNE EM SUÍNO MACHO INTEIRO IMUNOCASTRADO. Dissertação Mestrado apresentada à Universidade de São Paulo – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”.