Autor: Otávio Canestri de Souza Andrade
A Ferrugem é considerada por muitos como uma das principais doenças que atacam e causam prejuízos para o cafeeiro. Além de causar uma grande quantidade de desfolha nas plantas, ela compromete também o vigor e a produtividade das lavouras. No texto a seguir falaremos sobre o que é essa doença, como ela é causada, quais as condições favoráveis ao seu surgimento e principalmente, como é feito o combate/controle.
SOBRE A FERRUGEM
A Ferrugem do Cafeeiro, também conhecida como ferrugem alaranjada, é uma doença causada por um fungo chamado Hemileia vastatrix e está presente no Brasil desde a década de 1970. Esse fungo é do tipo biotrófico, ou seja, um fungo que se alimenta de células vivas da planta, penetrando-as pelo estômato das folhas. Nesse mesmo local ele germina e se desenvolve, sem causar a morte da célula.
O desenvolvimento da Ferrugem, é favorecido pelas condições de umidade relativa alta, baixa luminosidade (condições típicas de plantios adensados), temperatura média entre 20 e 24°C, alto índice de enfolhamento e alta carga pendente. A ferrugem ataca, inicialmente, as folhas da saia do cafeeiro, evoluindo para o ápice da planta, em infecções generalizadas (MESQUITA et al., 2016).
SINTOMAS E DANOS CAUSADOS
O sinal mais característico da Ferrugem é a presença de uma pequena massa de esporos de cor amarelada/alaranjada, com aspecto poroso na face inferior das folhas, à qual ocasiona em uma mancha clorótica percebida na face superior.
A sua disseminação ocorre de diversas formas, e é uma doença que possui alta capacidade de infestação nas lavouras. Ela pode ser disseminada tanto pela ação dos ventos, quanto por insetos, respingos de água de chuva, etc.
Outra característica importante e que faz essa doença ser ainda mais devastadora, é que além de comprometer na produção atual e gerar uma alta quantidade de desfolha nas plantas, ela compromete ainda a safra seguinte, influenciando e prejudicando no crescimento dos ramos da planta. O que causa grandes prejuízos ao produtor e perdas de rentabilidade.
Representação dos esporos do fungo Hemileia vastatrix.
O ciclo da ferrugem ocorre, na maioria das vezes, de forma bem definida e esperada pelos produtores. A doença evolui em função do clima, com aumento da quantidade de infecção por volta dos meses de novembro e dezembro e atingindo o seu pico de folhas infectadas e com sinais aparentes da doença nos meses de julho e agosto. Após esses meses, com a desfolha natural e também a desfolha causada pela colheita dos frutos, é possível perceber uma diminuição na presença da doença em campo.
A seguir podemos ver o gráfico de um estudo feito pela Procafé – Varginha que mostra os índices médios de infecção ao longo dos meses do ano no município de Varginha – MG.
CONTROLE/COMBATE À DOENÇA
O controle da ferrugem é extremamente importante e deve ser muito bem planejado pelos produtores para que não sofram com o ataque indesejado desse fungo. O combate, consiste basicamente, na adoção de diversas práticas e manejos que serão mostradas a seguir (MESQUITA et al., 2016):
- Realizar o monitoramento para avaliação do nível de infestação. É recomendado iniciar no mês de dezembro e acompanhar mensalmente até o final do período chuvoso.
- Uma alternativa que tem ganhado cada vez mais espaço e se popularizado bastante é a utilização de cultivares resistentes à doença.
- Implantação de espaçamentos que permitam e proporcionem um maior arejamento das plantas da lavoura.
- Realização de podas periodicamente.
- Manter as plantas sempre bem nutridas e com equilíbrio nutricional.
- O controle preventivo com a utilização de cobre pode ser uma boa opção para se evitar o surgimento da doença.
- É recomendado fazer o controle químico quando o nível de infestação for igual ou superior a 5%. Os fungicidas mais recomendados são aqueles de ação sistêmica, principalmente dos grupos dos triazóis e das estrobilurinas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Ferrugem do cafeeiro é uma das principais doenças que atacam a planta do café e que mais pode gerar danos e prejuízos ao produtor. Além de comprometer a produtividade das lavouras, ela influencia negativamente também no crescimento e desenvolvimento vegetativo das plantas, causando grande desfolhas e até secas de ponteiro. O seu monitoramento e controle são fundamentais para evitar prejuízos e obter altas produtividades e lucratividades para o cafeicultor, além, claro, de obter maiores qualidades em seus cafés.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MESQUITA, Carlos Magno de et al. Manual do café: distúrbios fisiológicos, pragas e doenças do cafeeiro (Coffea arábica L.). Belo Horizonte: EMATER-MG, 2016. 62 p. il.