Autor: Otávio Canestri de Souza Andrade
Foto: Marina Torres
A cana-de-açúcar é hoje um dos principais produtos produzidos pelo agronegócio brasileiro e mundial. Seja para a produção de combustível (etanol), açúcar ou cachaça, essa cultura é extremamente importante para a economia e é também responsável pela geração de inúmeros empregos em todo o país. De acordo com dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola), o Brasil é hoje o maior produtor de cana e também de açúcar de todo o mundo, além de ser o segundo maior país produtor de etanol.
Além da escolha de bons materiais para o plantio, bom planejamento, maquinário e manter uma boa fertilidade do solo, o produtor precisa ainda se atentar a um grande vilão das altas produtividades e qualidade da cana produzida: as pragas que atacam o canavial, principalmente a tão conhecida broca da cana-de-açúcar. Essa praga, além de causar grandes danos à planta, compromete também a produtividade e pode ser porta de entrada para diversas doenças e patógenos, gerando prejuízos e impactos negativos ao produtor.
O QUE É ESSA PRAGA?
A broca da cana-de-açúcar também conhecida por seu nome científico Diatraea saccharalis é uma praga de extrema importância econômica para a produção de cana em todo o país. Quando está em sua fase adulta essa praga apresenta a forma de mariposa, com coloração amarelo-palha e aproximadamente 25 milímetros de envergadura. Ela deposita seus ovos nas folhas da cana, tanto na parte abaxial quanto na adaxial.
Após a eclosão dos ovos, as lagartas se alimentam basicamente das folhas da planta, até que cheguem em determinado nível de desenvolvimento e passam então a se alimentar do colmo da cana, abrindo galerias longitudinais ou transversais. Ali elas se alimentam até chegar no estágio final de crescimento (aproximadamente 40 dias), passando então pela fase de pupa e resultando na etapa final (adulta), a mariposa.
O ciclo total dessa praga pode durar de 50 a 60 dias, sendo que é possível observarmos até 4 gerações por ano.
Foto: Canal Jornal da Bioenergia
PREJUÍZOS CAUSADOS PELA BROCA
Os prejuízos causados pelo ataque da broca da cana-de-açúcar são diversos e por isso a sua grande importância econômica. Dentre os principais danos encontrados, podemos destacar:
– Formação de galerias no interior do colmo da planta;
– Interferência no fluxo de seiva da planta;
– Perda de peso e morte de gemas;
– Tombamento ou quebra das plantas;
– Seca dos ponteiros (conhecido como “coração morto”);
– Enraizamento aéreo e brotações laterais;
– Porta de entrada para outros organismos patógenos, como por exemplo Colletotrichum falcatum, causador da podridão vermelha;
– Perda da qualidade da sacarose produzida;
CICLO DE VIDA DA BROCA
Foto: promip.agr.br
COMO CONTROLAR/COMBATER ESSA PRAGA?
Controlar a broca da cana-de-açúcar não é uma tarefa simples, principalmente pelo fato desta se desenvolver, na maior parte do tempo, no interior (colmo) das plantas, o que dificulta a percepção do produtor. No entanto existem alguns pontos que são cruciais para se obter sucesso no controle dessa praga e mostraremos a seguir:
– Monitoramento: esse é um dos principais fatores e extremamente necessário para a realização do controle da broca. Consiste no monitoramento da lavoura para averiguação da presença desses organismos nas plantas, identificando o nível de infestação. Quando este nível for igual ou maior que 3% é necessário adotar alguma medida de controle.
– Controle Biológico: é a utilização de algum organismo que é inimigo natural da lagarta da broca para controlar a população. Podemos citar com principais inimigos naturais a vespa parasitoide Cotesia flavipes e também a Trichogramma galloi.
– Controle químico: consiste na utilização de inseticidas que atuam no controle da broca. Vale ressaltar que quando esta estiver alojada no colmo da planta, dificilmente será atingida pelos produtos. Dessa forma, a utilização do controle químico deve ter como objetivo reduzir a população de lagartas neonatas, ou seja, aquelas que acabaram de eclodir e ainda se alimentam das folhas da planta.
– Variedade resistente: é a utilização de determinada variedade de cana que seja resistente ao ataque da broca. É uma alternativa relativamente nova mas que tem ganhado cada vez mais espaço no cenário produtivo brasileiro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É evidente a grande importância que a broca da cana-de-açúcar possuí para essa cultura. Ignorá-la, ou deixar de fazer o seu devido controle, pode ser uma péssima decisão, visto que ela apresenta uma série de prejuízos e impactos negativos que influenciam diretamente na produtividade, na qualidade e no retorno financeiro obtido pelo produtor. Essa é uma praga que passa a maior parte de seu desenvolvimento no interior da planta e por isso o monitoramento, em conjunto com outras técnicas de MIP (Manejo Integrado de Pragas) são indispensáveis. Além disso, manter as plantas com equilíbrio nutricional e vigorosas é um fator muito importante para se evitar prejuízos ainda maiores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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