Autor: Otávio Canestri de Souza Andrade
O agronegócio é hoje o principal responsável pela produção de alimentos no Brasil e no mundo. A busca por maiores produtividades, inovações e tecnologias que otimizem essa produção é algo extremamente importante e que sido constantemente debatido e estudado por pesquisadores, agricultores e técnicos especializados. Sabemos que são vários os fatores que podem influenciar e interferir no desenvolvimento das plantas e consequentemente na quantidade de alimentos produzidos por elas, se destacando as doenças, o clima, a fertilidade do solo, a qualidade dos materiais utilizados e, principalmente, as pragas que as atacam.
Diante deste cenário, algo que tem ganhado cada vez mais espaço e visibilidade é o controle biológico, que tem se mostrado como uma alternativa sustentável e, na maioria das vezes, altamente viável aos produtores.
Mas o que é o Controle Biológico?
De forma simples e direta, podemos definir o controle biológico como a técnica em que se utiliza inimigos naturais para combater as pragas ou doenças que atacam e prejudicam as plantas ou os frutos e grãos que elas produzem. Esse controle pode ocorrer de forma natural ou ser induzido pelo homem. Os inimigos naturais, podem ser insetos, bactérias, fungos, vírus e uma diversidade de outros organismos que conseguem combater as pragas sem causar danos ou prejuízos à cultura de interesse. Além disso, o controle biológico se mostra ainda mais vantajoso pelo fato de, na maioria das vezes, possuir um custo inferior em relação a pesticidas químicos convencionais.
Superficialmente, podemos dividir os inimigos naturais que atacam as pragas de três formas distintas, sendo elas:
- Predadores: esses organismos são aqueles que apresentam comportamento predatório em diferentes estágios de vida, necessitando consumir uma determinada quantidade de presas para que possa se desenvolver até a fase adulta. Como exemplo de predadores, podemos citar a joaninha (Cryptolaemus Montrouzieri), predadora natural de várias espécies de cochonilhas e pulgões.
- Parasitoides: são organismos que necessitam de um hospedeiro para que seja possível completar o seu ciclo de vida. Como exemplo desse grupo, temos principalmente Trichogramma e Cotesia.
- Patógenos: esses seres são aqueles que possuem a capacidade de contaminar as pragas através de doenças, causando uma morte lenta desses organismos atacados. Como exemplo desse grupo, temos principalmente o controle de Fusarium com a utilização do fungo Trichoderma.
Alguns exemplos de agentes de biocontrole
Insetos como as joaninhas (Coleoptera: Coccinellidae) e besouros das famílias Carabidae e Staphylinidae, larvas de bicho lixeiro (Neuroptera: Chrysopidae), larvas de Syrphidae (Diptera), percevejos das famílias Anthocoridae, Pentatomidae, Reduviidae, Nabidae e Notonectidae (Heteroptera), vespas e formigas são alguns dos tipos mais comuns de predadores encontrados nos ecossistemas agrícolas (MENEZES, E. L. A. 2003).
Alguns tipos importantes de insetos predadores: adulto (a) e larva (b) de joaninha (Coccinellidae); (c) larva de Syrphidae; (d) adulto de percevejo Pentatomidae; (e) adulto de Carabidade; e (f) larva de Chrysopidae
(MENEZES, E. L. A. 2003).
O Controle Biológico no cenário Brasileiro
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Controle Biológico (ABCBio), a indústria desses produtos tem faturado aproximadamente 500 milhões de reais por ano. Nos últimos 5 anos, podemos observar que a quantidade de fábricas biológicas e de registros desses produtos praticamente dobraram. Além disso, diversas multinacionais conhecidas pela produção de pesticidas químicos, passaram a ampliar seus portfólios e produzirem também biopesticidas, devido a grande popularização e utilização desses produtos no país.
Número de registros de agentes de controle biológico (MAPA, 2019).
Ainda segundo a ABCBio, a aplicação de agentes de biocontrole já é feita em mais de 10 milhões de hectares em todo o Brasil, sendo principalmente utilizados na cultura da soja, cana e café. De acordo com a pesquisa de opinião realizada pela Associação no ano de 2018, 98% dos produtores que utilizaram controle biológico de pragas na safra 2017/18, afirmaram utilizar novamente na safra 2018/19. Uma pesquisa promissora e que revela a eficiência dos produtos biológicos.
Considerações finais sobre o Controle Biológico
É inegável o fato de que o controle biológico de pragas tem ganhado cada vez mais espaço no Brasil e em todo o mundo. É uma alternativa viável, muitas das vezes mais barata e também sustentável de combater os organismos que influenciam e interferem negativamente na qualidade das lavouras. Além de diminuir a exposição de produtores à pesticidas prejudiciais a saúde humana, esses agentes reduzem também o risco de poluição ambiental, contaminação do solo e dos lençóis freáticos, proporciona uma maior produtividade das lavouras e também mais retorno financeiro aos agricultores. Uma alternativa altamente recomendada e que tem contribuído muito com o desenvolvimento do agronegócio mundial.
Referências Bibliográficas
IFOPE EDUCACIONAL – Controle Biológico: o que é, para que serve e quais os tipos. Disponível em https://blog.ifope.com.br/controle-biologico-na- agricultura/ acesso em 26 de Abril de 2020.
BRITO, R.; AGROMOVE – Controle Biológico: uma alternativa para o manejo de pragas e doenças. Disponível em https://blog.agromove.com.br/controle-biologico-alternativa-para- manejo-pragas-doencas/ acesso em 26 de Abril de 2020. MENEZES, E. L. A. – EMBRAPA – Controle Biológico de Pragas: Princípios e Estratégias de Aplicação em Ecossistemas Agrícolas. Disponível em http://www.agroecologia.gov.br/sites/default/files/publicacoes/25%20Documentos%20164.pdf acesso em 26 de Abril de 2020.