Cecília Donata Silva de Oliveira
Relevância do alimento na produção animal
A alimentação representa o principal custo dentro da produção animal, desta forma a importância de se adquirir matéria-prima de qualidade e que esta seja mantida durante as diferentes fases de processamento é essencial para a rentabilidade da fábrica de ração. Para assegurar a qualidade dos alimentos e reduzir perdas é importante que a fábrica de ração empregue um Manual de Boas Práticas de Fabricação (MBPF) e Procedimentos Operacionais Padrões (POP).
A compra de matérias primas deverá ser feita de fornecedores selecionados, que forneçam um produto de alta qualidade, visando obter um produto final com o padrão adequado, aumentando a conversão alimentar, e, portanto a eficiência econômica da empresa. Todo o processo desde o recebimento da matéria prima até estocagem do produto final deverá ser realizado de forma eficiente e que todos os envolvidos na cadeia produtiva sigam as recomendações. Ao se investir no controle de qualidade, podemos obter como resultados redução de perdas de ingredientes em toda a produção e diminuir as diferenças entre a formulação original e o produto produzido.
A qualidade de um alimento como um conjunto de características, tornam o produto agradável aos animais, nutritivo, isento de substâncias estranhas e saudável ao organismo.
Pontos críticos e controle
A qualidade dos ingredientes é determinante para assegurar a qualidade do produto final, assim sendo a análise cuidadosa de todos os ingredientes é fundamental. No momento do recebimento da matéria prima procedimentos como amostragens, testes de impurezas, entre outros, são necessários a fim de assegurar a qualidade do produto final.
- Amostragem – A amostragem de ingrediente é um elemento essencial para os programas de controle de qualidade que visam à detecção de micotoxinas e outros elementos maléficos, que podem diminuir a qualidade das rações. Seguido a coleta de amostra, devem ser realizadas as análises bromatológicas dos ingredientes e de umidade do mesmo. Para que a análise seja fidedigna do material amostrado, a coleta deverá ser feita de forma representativa do todo. Para amostras a granel transportadas em caminhões a coleta deverá ser realizada mantendo 50 cm da borda da carroceria e ser coletada em vários pontos, e com material adequado como, amostradores (caladores para coleta de amostras farelo e grãos).
- Armazenamento – Os ingredientes deverão ser mantidos em condições que evitem a sua deterioração, contaminação e reduza as perdas na qualidade. Para um correto
armazenamento de grãos devemos verificar a projeção dos silos e sua capacidade de estocagem. O controle da temperatura, aeração e umidade do silo deve ser feito a fim de evitar proliferação de microrganismos que resultará na perda de qualidade das matérias primas.
- Produção – O processo de fabricação devem ser contínuas e planejadas. O manuseio de materiais, matérias-primas ou produtos devem ser realizados de forma correta para que se mantenha a qualidade e integridade da ração.
- Limpeza e manutenção dos maquinários – A condição dos veículos que entregam os produtos adquiridos deve ser inspecionada quanto à infestação por pragas, odores estranhos, além do estado de limpeza, conservação da carroceria e se transportado adequadamente coberto. As fábricas de rações devem seguir um cronograma de limpeza dos maquinários. Em equipamentos como moinho em que há maior acúmulo de ingredientes e sujidades, as limpezas devem ser feitas semanalmente ou sempre após o uso, como no caso da moega. Os silos devem ser limpos anualmente no período entre as safras. A manutenção dos maquinários deve ser feita regularmente para garantir a durabilidade do mesmo.
- Controle de pragas – O controle de pragas por meio de intervenções químicas, também pode ser realizado a fim de evitar o ataque de pragas nos alimentos e reduzir perdas na qualidade do produto final.
Outros fatores devem ser levado em conta visando melhoria da qualidade da ração como moagem, ajuste do moinho para se obter o tamanho de partícula adequada, qualidade da mistura e higiene e saude pessoal dos própios funcionários.
Milho
Imagem de Gábor Adonyi por P ixabay
Principal cereal utilizado na ração animal devido ao seu excelente valor nutricional, principalmente pelo seu alto valor energético, representa aproximadamente 60% da composição da ração e 40% do seu custo, torna fundamental que seja monitorada a sua qualidade. É preciso identificar a qualidade do produto que será ofertado aos animais, para que o desempenho deles não seja comprometido. O produtor deve estabelecer padrões qualitativos para os grãos de milho, considerando a presença de carunchos, avarias nos grãos, o nível de impureza, umidade, entre outras coisas. O milho é classificado em três tipos: 1,2 e 3, de acordo com a sua qualidade e o índice de grãos avariados.
Materiais estranhos e impurezas:
- Materiais estranhos: Corpos ou detritos de qualquer natureza, que sejam diferentes ao produto como grãos ou sementes de outras espécies vegetais, sujidades, insetos mortos, entre outros.
- Impurezas e fragmentos: Compreende os detritos do próprio produto, fragmentos e detritos vegetais.
Grãos avariados:
- Grãos Ardidos: Alteração na coloração característica do grão, escurecimento total ou parcial.
- Grãos Mofados: Apresentam, no todo ou em parte fungos (bolor) visíveis a olho nu.
- Grãos Brotados: São grãos ou pedaços de grãos que apresentam germinação visível.
- Grãos Chochos ou Imaturos: Ausência de massa interna, maior dureza, e que apresentam enrugados por desenvolvimento fisiológico incompleto.
- Grãos Quebrados: São pedaços de grãos que ficam retidos na peneira de crivos circulares de cinco milímetros de diâmetro.
Para se maximizar a qualidade do grão de milho destinado à alimentação animal, ele deve ser livre de fungos, micotoxinas, sementes tóxicas e resíduos de pesticidas. Deve se enquadrar nos tipos I, II ou III. O teor de umidade do grão na colheita e armazenamento é ideal que esteja ajustado com o padrão previsto na Tabela 1, pois compreende o principal indutor de desenvolvimento fúngico nos grãos, juntamente a temperatura. Acima ressaltamos os principais pontos críticos dos processos de fabrica de ração, e os pontos referência de qualidade do milho para se obter um produto final de qualidade, mas vale ressaltar que além do milho outros alimentos como sorgo, farelo de soja entre outros possuem seu próprio padrão de qualidade que devem ser seguidos.
Referências:
- CONTROLE DE QUALIDADE EM FÁBRICA DE RAÇÃO ANIMAL. Por: THABATA CARVALHO GONÇALVES. Disponível em:
h ttps://www.ufmt.br/zoocba/arquivos/0f0166047f2c0cc412291bc083013112.pdf
- Qualidade da matéria-prima: Monitoramento e inspeção dos ingredientes para nutrição animal. Disponível em: h ttps://agroceresmultimix.com.br/ebooks/ebook-materia-prima.pdf
- Controle de qualidade na produção de rações. Por: Aldo Pereira , Luis Carlos Machado , Cássia Maria Silva Noronha. Disponível em:
f ile:///C:/Users/Cecilia/Downloads/controle-de-qualidade-na-produccedila.pdf