Autor: Otávio Canestri de Souza Andrade
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Foto: Organicsnet
A produção de hortaliças é hoje um dos grandes ramos do agronegócio brasileiro, responsável por movimentar a economia, gerar empregos e alimentar grande parte da população. Segundo dados da Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSEM), este ramo movimenta cerca de R$ 55 bilhões ao ano, com uma área de 820.000 hectares destinados ao cultivo de hortaliças em todo o país. Além disso, ainda segundo a ABCSEM, aproximadamente 20 milhões de toneladas de 18 hortaliças diferentes são produzidas por ano no Brasil. Tomate, cebola, melancia e alface são responsáveis por 50% desse total.
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
A horticultura, assim como mencionada no parágrafo anterior, é uma modalidade de produção agronômica muito explorada em todo o país. É produzida através de pequenas, médias e grandes propriedades, que se localizam tanto no interior quanto próximas dos grandes centros urbanos. Aqui no Brasil, São Paulo se destaca como o maior estado produtor de hortaliças, com uma produção média de 4,19 milhões de toneladas por ano. Além disso, vale destacar a importância econômica que a horticultura possui: por se tratar de culturas extremamente sensíveis, que requerem cuidados e manejos diferenciados, a mão de obra se mostra muito necessária, proporcionando um impacto positivo na geração de empregos do país.
A ADUBAÇÃO VERDE
Na produção de hortaliças orgânicas a utilização exclusiva de composto orgânico tem se mostrado uma prática onerosa e que requer altos investimentos, em função do grande volume exigido para se obter produções comerciais. Uma das alternativas para a adubação complementar das hortaliças é a utilização da adubação verde. Adubos verdes são plantas que são utilizadas para melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo. Há espécies como leguminosas, que se associam a bactérias fixadoras de nitrogênio do ar e o transfere para as plantas. Estas espécies também estimulam a população de fungos micorrízicos, microrganismos que aumentam a absorção de água e nutrientes pelas raízes. Geralmente, as espécies mais utilizadas pra essa modalidade de adubação são: Crotalaria juncea, mucuna-preta, sorgo forrageiro, guandu-anão e milheto.
Veja a seguir algumas das formas de se utilizar os adubos verdes:
- Em pré-cultivo ou rotação de culturas: quando são utilizados antes ou depois de uma cultura para melhorar o solo para a cultura que será plantada em seguida, aumentando a porcentagem de matéria orgânica no solo.
- Em consórcio: pode ocorrer o plantio conjunto da cultura e do adubo verde e em seguida o corte e deposição do material sobre o solo para fornecer nutrientes ainda para esta cultura, ou então o plantio na parte final do ciclo da cultura, sendo que o adubo verde se desenvolve na parte final e após o ciclo de cultura, beneficiando a cultura seguinte.
- Cultivo em faixas: quando se cultivam faixas de leguminosas perenes ou semiperenes separando talhões de culturas e as leguminosas são podadas periodicamente para adubar as culturas.
CAPACIDADE NUTRITIVA
Com base nessas informações, foi realizada uma pesquisa que teve como objetivo quantificar a capacidade que as espécies utilizadas como adubo verde, têm de crescer e produzir massa verde e matéria seca para a cultura de interesse. Os principais nutrientes encontrados nessas plantas são: N, P, K, Mg, B, Mn e Zn.
Veja os resultados obtidos na tabela abaixo:
Produção de massa verde (MV), matéria seca (MS) e teor de matéria seca (MS) das plantas de cobertura. UFLA, Lavras, 2002
Fonte: FONTANÉTTI, A. et al.
BENEFÍCIOS
É possível afirmar que a adubação verde é hoje uma técnica indispensável aos produtores de hortaliças e também outras culturas. Além de intensificar a atividade biológica do solo; melhora o aproveitamento e eficiência dos adubos e corretivos; produz fitomassa para cobertura morta; protege as mudas-plantas contra o vento e radiação solar; protege o solo contra os agentes da erosão; cobre o solo com grande quantidade de massa verde em curto espaço de tempo; recicla os nutrientes lixiviados em profundidade; recupera os solos degradados; reduz a infestação de ervas daninhas, incidência de pragas e patógenos nas culturas; supre o solo com material orgânico; desintoxica o solo com a mitigação de metais pesados, resíduos de defensivos e excesso de nutrientes, fitorremediação; é matéria prima para compostagem; contribui para o sequestro de carbono e, por fim, reduz os teores de alumínio trocável e libera fósforo fixado (CARLOS, 2016)
Em resumo, essa é uma técnica agrícola extremamente sustentável e viável, que além de aumentar e melhorar a produtividade das culturas, protege e melhora os aspectos químicos e físicos do solo. Tudo isso proporciona resultados positivos no bolso do produtor e agricultor.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
WAGNER, L. 2016 – Adubação Verde nas culturas de frutas e hortaliças: saiba como aplicar a técnica, disponível em: https://www.grupocultivar.com.br/noticias/adubacao-verde-nas-culturas-de-frutas-e-hortalicas-saiba-como-aplicar-a-tecnica
EMBRAPA, Adubação verde – disponível em https://www.embrapa.br/documents/1355054/1527012/4a+-+folder+Aduba%C3%A7%C3%A3o+verde.pdf/6a472dad-6782-491b-8393-61fc6510bf7d
FONTANÉTTI, A. et al. 2006 – Adubação verde na produção orgânica de alface americana e repolho. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-05362006000200004
1 Comment
Gostei bastante do assunto