Giane Lima Nepomuceno
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
O pré-abate é a etapa responsável pelo carregamento dos frangos em idade de processamento das granjas para o abatedouro. Os procedimentos realizados de forma correta são de extrema importância, tais como: a programação de retirada, jejum, carregamento, transporte, durante o transporte e área de espera do abatedouro. Devido ao seu significativo potencial de riscos à qualidade, rendimento de carcaça e inocuidade alimentar, é imprescindível que essa fase seja muito bem coordenada a fim de que seja assegurada a integridade da matéria-prima entregue ao consumidor.
O pré-abate inicia com a elaboração do programa de retirada, que precisa ser informado com, pelo menos, 24 horas de antecedência aos produtores para que haja tempo suficiente e adequado para preparar, corretamente, os galpões de onde serão retirados os frangos. A programação informa a hora do corte da ração, a quantidade de aves a ser carregada, o número de aves por gaiola e a hora do início e término de carregamento de cada caminhão, proporcionando estabelecer práticas de manejo e bem estar animal, visando obter uma ótima qualidade de carcaça e rentabilidade do lote.
Jejum
O jejum (suspensão do fornecimento de alimento com o objetivo de esvaziar o conteúdo do TGI (trato gastrointestinal)), reduz o risco de contaminação fecal na área de abate. O fornecimento de alimento deve ser suspenso entre 8 e 12 horas antes do horário programado para o abate. A contaminação por jejum em tempo inadequado confere perdas econômicas significativas às empresas avícolas por ser necessário reduzir a velocidade de abate para permitir a inspeção adequada das carcaças, após a evisceração, pelas autoridades sanitárias e pelas perdas geradas pela presença de matéria fecal ou manchas de bílis na superfície interna ou externa das carcaças. A contaminação é uma das 5 maiores causas de perdas em abate avícolas no Brasil. Após a retirada da ração, deve-se garantir às aves acesso livre à água até que o carregamento seja iniciado. Deixar água livre, mesmo que de rotina e adotada no mundo todo, parece ser controversa em relação à contribuição para o esvaziamento do sistema gastrointestinal e consequente redução da contaminação durante a evisceração. Há trabalhos que demonstram que a ausência de água livre durante o jejum não afetou a incidência de contaminação fecal das carcaças no abatedouro, posteriormente. Mas, a água desempenha outro papel importante, que é o de assegurar o inquestionável conforto térmico às aves durante o apanhe e transporte, reduzindo o risco de mortalidade.
Durante o jejum há uma redução do peso vivo da ave, que é inerente ao processo. Essa diminuição, provocada pela excreção das fezes nos primeiros instantes na utilização pelo frango de suas reservas de água e energia para se manter vivo até o abate, não é recuperada no abatedouro, posteriormente, sendo uma perda líquida, irreversível e de grande expressividade econômica para as empresas. Por isso, para que o programa de jejum seja eficaz, é necessário que ele seja desenhado por profissionais com o conhecimento desejado e devido de todo o processo, para que se obtenha, assim, o equilíbrio entre os aspectos econômico (perda de peso vivo) e sanitário (esvaziamento do sistema gastrointestinal).
O processo de retirada de alimento deve:
- Ser conduzido de forma equilibrada considerando o bem estar das aves durante todo o tempo.
- Estar alinhado com os padrões alimentares normais do lote.
- Dar tempo ás aves para consumir todo o alimento dos comedouros.
- Permitir que o TGI se esvaziasse sem que ocorra uma perda de peso excessiva.
Apanha das aves
Durante a apanha das aves:
- Minimizar a intensidade de luminosa e evitar os aumentos súbitos na intensidade da luz.
- Controlar e ajustar a ventilação cuidadosamente para evitar stress por calor.
- Apanhar as aves com cuidado evitando lesões.
Deve-se contar com normas claras e o processo de apanha das aves deve ser monitorado e revisado regularmente. É essencial contar com equipes que tenham sido devidamente treinadas (figura – 1).
Figura 1: Apanha deve ser feita com cuidados para que não lesione os frangos, contar com uma equipe devidamente treinada.
Transporte
O transporte deve ser realizado utilizando-se veículos adequados, com as seguintes características:
- Proporcionar proteção adequada do clima e boa ventilação.
- Estar de acorda com a legislação e as normas locais vigentes.
Durante o transporte (figura – 2):
- Utilizar ventilação e aquecimento/resfriamento adicional quando for necessário.
- Minimizar as paradas, as distâncias e o tempo de transporte.
- Seguir a legislação e as normas locais vigentes.
Figura 2: É importante que siga a legislação e as normas locais vigentes
Área de espera.
Ao chegar ao abatedouro às aves devem ser mantida em uma área fresca e climatizada. Deve-se monitorar periodicamente a umidade relativa, a temperatura e o conforto das aves. O tempo de espera anterior ao abate deve ser minimizado.
O manejo ideal antes do abate resulta em uma transição com sucesso desde a granja até o abatedouro, maximizando assim o bem estar das aves, a qualidade da carcaça e a rentabilidade do lote.