Rafael Achilles Marcelino
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
O brasil possui o maior rebanho bovino comercial do mundo com 212,13 milhões de cabeças, destacando-se não somente pelo tamanho do rebanho, mas também pelo potencial de crescimento.
Com relação a produção de carne bovina, o Brasil obteve uma produção de cerca 12,38 milhões de toneladas de carne bovina em 2015, sendo superado apenas pelos EUA com cerca de 12,88 milhões de toneladas. O Brasil é o terceiro maior mercado consumidor de carne bovina representando 13% do mercado consumidor mundial, com aproximadamente 7,3 milhões toneladas equivalente carcaça, ficando apenas atrás de EUA e União Européia com 12,5 e 8.5 milhões de toneladas, respectivamente.
Embora tenha todo esse impacto na economia mundial, a bovinocultura de corte brasileira precisa melhorar, e muito, sua produtividade. E este processo deve ser feito de maneira sustentável, ou seja, a produtividade é o fator primordial de crescimento sustentável da cadeia de carne bovina brasileira. E, para produzir com qualidade temos que reproduzír com excelência.
Portanto, esse artigo visa elucidar o impacto da eficiência reprodutiva no aumento da produtividade de carne para o mercado mundial e seu papel na sustentabilidade econômica e produtiva. Em especial, será abordado a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), pois se trata da ferramenta reprodutiva de maior impacto econômico e produtivo principalmente em críaçõcs extensivas de bovinos de corte, predominantcs Brasil.
Terras no Brasil e no mundo
Segundo o IBGE, ocupando uma área territorial de cerca 8,5 milhões de km² o Brasil é o quinto país mais extenso do mundo. Dessa área total, dados do MIMA mostram os Biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal, onde se encontra a maior parte do rebanho bovino nacional, são responsáveis por aproximadamente 4 milhões de km², 2 milhões de km² e 150mil km², respectivamente, o que corresponde a cerca de 75% da área territorial brasileira.
Recentemente, o CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) e a SUDAM (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) divulgaram dados sobre a utilização da terra no Brasil (gráfico 1) os quais mostraram haver uma área de aproximadamente 90 milhões de hectares disponível para a utilização em favor do agronegócio brasileiro. Essa área corresponde a cerca de 10% do território nacional.
Gráfico 1 – Utiliação da terra brasileira
A área de terras potencialmente cultiváveis no mundo, ou seja, aptas à prática da agricultura ou da pecuária, foi também analisada pela FAO (gráfico 2). Desse estudo, percebeu-se que o Brasil é o país que mais possui potencial de exploração apta a prática agropecuária, enquanto que muitos outros países como EUA e Austrália possuem sua área cultivável praticamente já saturada, enquanto que na India, o potencial de expansão é zero. Esse fator confere ao Brasil uma grande capacidade de reagir a aumentos de demanda pelo produto e reforça sua importância e responsabilidade como o grande produtor mundial de alimentos.
Gráfico 2 – Potencial de terras cultiváveis nos principais países
Apesar desse quadro favorável a exploração produtiva, a degradação das pastagens é um dos maiores problemas da pecuária brasileira na atualidade. Estima-se que 80% dos 50 a 60 milhões de hectares de pastagens cultivadas do Brasil Central, que respondem por 55% da produção de carne nacional, se encontram em algum estado de degradação. Estes problemas afetam diretamente a sustentabilidade da pecuária. Considerando apenas a fase de recria e engorda de bovinos, a produção animal em uma pastagem degradada pode ser seis vezes inferior ao de uma pastagem recuperada ou em bom estado de manutenção. Logo, não basta ter terras, deve-se saber aproveitá-las com qualidade e eficiência.
Panorama da população mundial
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas) a população mundial tem crescido nos últimos anos. Hoje o planeta terra conta com cerca de 7 bilhões de seres humanos e em 2050 esse número poderá atingir o valor de 9,1 bilhões de habitantes.
Foi se elaborado um estudo do panorama da população entre os anos de 1940 e 2020 (gráfico 3) no qual se constatou o crescimento populacional nos próximos anos porém em ritmo cada vez menor já que se percebe uma redução das taxas de crescimento durante o mesmo período. Com esse panorama de crescimento populacional, o Brasil, grande ” Celeiro do mundo”, deve estar preparado para atender a demanda de alimentos pela população. Para isso, deve-se aperfeiçoar seu sistema produtivo visando o aumento da produtividade por unidade de área, afinal, deve-se produzir cada vez mais numa área cada vez menor.
Gráfico 3 – Panorama da população mundial e taxa de crescimento
Produção e cosumo da carne bovina
A produção mundial de carne bovina cresceu significativamente entre 2006 e 2015, saltando de 65,922 milhões para 77,834 milhões de toneladas equivalente a carcaça. O gráfico 4 representa a produção de carne bovina e de vitelo dos maiores produtores mundiais. Estados Unidos, Brasil e China figuram como os três maiores países produtores individuais, embora os maiores rebanhos pertençam ao Brasil, India e China, nessa ordem. Entretanto, os países que possuem os maiores rebanhos não caracterizam o melhor desempenho em produção de carne bovina. Os Estados Unidos, por exemplo, detentores do quarto rebanho mundial, apresentam-se com a classificação de maior produtor do mundo.
Gráfico 4 – Produção de consumo de carne mundial
Assim como crescimento mundial produtivo de carne bovina, entre os anos de 2006 e 2015 ocorreu também a elevação no consumo mundial, o qual saltou de 65,922 milhões para 77,834 milhões de toneladas equivalente-carcaça (tabela 1). Dentre os maiores consumidores se destacam EUA, UE, Brasil e China.
Tabela 1 – Produção em milhões de tonelada por páis e % de crescimento
2006 | 2015 | Crescimento % | |
Mundo | 65,922 | 77,834 | 18,0 |
EUA | 11,60 | 12,88 | 11,1 |
Brasil | 8,95 | 12,38 | 38,2 |
EU 25 | 8,11 | 7,62 | -6,1 |
China | 7,49 | 11,71 | 56,3 |
Ìndia | 3,12 | 3,71 | 19,1 |
Argentina | 3,07 | 3,23 | 5,2 |
Austrália | 2,43 | 2,10 | -13,5 |
O consumo de carne bovina é influenciado principalmente pela renda per capita da população, pelos preços do produto e das demais carnes substitutas, tais como as carnes de frango e de suíno. Logo, a elevação no consumo somente será permitida se houver alimento disponível e acessível a população. Para tanto deve haver aumento na produtividade de carne bovina, caso contrário, a carência no mercado do produto carne forçará a queda em seu consumo.
Na segunda parte desse artigo vamos falar mais sobre a sustentabilidade brasileira e o impacto da IATF a sustentabilidade produtiva, não deixe de ler!