Gabriella Lima Andrade de Sousa
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A septoriose ou mancha-de-septória é uma doença do tomateiro que cresce em importância, sendo mais comum e prejudicial nas épocas de chuva. Ocorre em quase todas as regiões produtoras do Brasil e do mundo onde se plantam tomate de mesa ou industrial.
A doença é causada pelo fungo Septoria lycopersici, que causa severa desfolha das plantas, reduzindo de forma significativa a produtividade e a qualidade dos frutos. Em algumas regiões ou épocas de cultivo as perdas devido à doença podem chegar a 100% da produção, devido à morte das plantas.
A septoriose pode ocorrer em qualquer fase de desenvolvimento do tomateiro, mas os sintomas normalmente aparecem nas folhas baixeiras logo após o início da frutificação. Os sintomas ocorrem principalmente nas folhas, mas também podem aparecer nos pecíolos, caule e flores da planta, raramente nos frutos.
Os sintomas iniciais são observados nas folhas mais velhas, geralmente por ocasião da formação do primeiro cacho, através de numerosas manchas circulares a elípticas, de 2 a 3 milímetros de diâmetro, com as bordas escurecidas e o centro cor de palha, onde podem ser visualizadas pontuações escuras correspondentes às frutificações do patógeno (figura 1). Quando as condições climáticas são muito favoráveis e a cultivar bastante suscetível, as lesões podem atingir 5 milímetros ou mais de diâmetro, sendo então mais facilmente confundida com lesões de outra doença, como a pinta-preta.
Figura 1: Sintomas iniciais em folha do tomateiro
Geralmente, observa-se a presença de um halo amarelo estreito circundando as lesões. As manchas frequentemente coalescem e provocam crestamento, queima intensa das folhas baixeiras (queima da saia) e desfolha das plantas. Ataques severos provocam também lesões nas hastes (figura 2), pedúnculo e cálice, sendo que nestes órgãos são geralmente menores e mais escuras.
Figura 2: Sintomas de septoriose em haste
As lesões nas folhas são formadas, em média, seis dias após a infecção. De 10 a 14 dias após a infecção, podem ser visualizados pequenos pontos pretos no centro das lesões, que correspondem às estruturas reprodutivas do patógeno, conhecidos como picnídios.
Embora o patógeno não seja um habitante do solo, pode persistir de uma época para a outra nos restos de cultura de plantas doentes, associado a outras solanáceas como batata e berinjela ou às plantas daninhas hospedeiras como Solanum carolinense L. (urtiga-de-cavalo), Solanum nigrum L. (erva-moura) e Datura stramonium L. (estramônio), além de sementes contaminadas, as quais constituem fontes de inoculo inicial para cultivos posteriores.
O controle da septoriose é realizado comumente com a aplicação foliar de fungicidas de contato e sistêmicos, muitas vezes já utilizada no controle da pinta-preta (Alternaria sp.) e da requeima (Phytophthora infestans). Os fungicidas de contato apresentam menor eficiência que os sistêmicos por serem facilmente removidos pela água da chuva ou irrigações por aspersão.
Quando a doença já se encontra instalada, principalmente em cultivares muito suscetíveis, e as condições ambientais são extremamente favoráveis ao desenvolvimento do patógeno, o controle químico pode não ser eficiente no controle da doença. As aplicações devem ser iniciadas logo após o aparecimento dos primeiros sintomas e devem ser repetidas em intervalos de sete a 14 dias. Atualmente não existem cultivares ou híbridos de tomate disponíveis comercialmente com níveis satisfatórios de resistência.
Por todo o exposto, fica claro os grandes prejuízos causados pela septoriose no tomateiro. Por isso, é muito importante que o produtor se informe sobre o assunto e busque a ajuda de um profissional para adotar todas as medidas necessárias disponíveis no controle desta doença, visando reduzir os custos e obter os benefícios esperados.