Giane Lima Nepomuceno
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A Peste Suína Clássica (PSC), também conhecida como febre suína ou cólera dos porcos, é uma enfermidade contagiosa e muitas vezes, fatal aos suínos, causada por um vírus RNA envelopado pertencente à família Flaviviridae.
Podemos afirmar que foi a enfermidade que mais prejuízos causou a suinocultura deste Estado. Devido ao caráter altamente contagioso, dizimou centenas de animais durante as longas décadas em que o vírus circulou no plantel.
A contaminação geralmente se dá pela via oronasal e o período de incubação varia de 7 a 10 dias, sendo menor em casos de infecção experimental. Alguns fatores que são responsáveis pela propagação da doença são a alta densidade populacional e a presença de porcos silvestres, pois estes são um importante reservatório do vírus.
A transmissão é feita através do contato direto entre animais (secreções, excretas, sêmen e sangue); propagação por pessoas, utensílios, veículos, roupas, instrumentos e agulhas; utilização de restos de alimentos sem tratamento térmico adequado na alimentação de animais; infecção transplacentária.
Os sinais clínicos que os suínos afetados apresentam dependem de fatores como a idade do animal e a virulência da cepa envolvida. Em animais jovens, a taxa de mortalidade pode chegar a 90%, já em animais mais velhos, a enfermidade pode manifestar-se discretamente ou até mesmo ser subclínica. Inicialmente os animais apresentam depressão e febre alta, mancha vermelha arroxeadas na pele (figura – 1), andar cambaleante, diarreia fétida, inapetência, prostração.
Figura 1- Manchas vermelhas arroxeadas na pele.
Observa-se também sinais nervosos, como: letargia, convulsões ocasionalmente, ranger de dentes e dificuldade de locomoção.
Leitões tristes e aglomerados em um canto da baia é sinal de peste suína (figura 2).
Figura 2: Leitões tristes e aglomerados no canto da baia podendo levar a morte.
Para o controle da doença são utilizadas vacinas atenuadas, baseadas na amostra chinesa do vírus da PSC. Elas induzem altos títulos de anticorpos neutralizantes e é segura para fêmeas gestantes. A desvantagem da utilização da vacinação é que não é possível a diferenciação entre anticorpos vacinais e aqueles induzidos por infecção natural.
Em áreas sem vacinação são utilizados os seguintes procedimentos para controlar os surtos:
- Eliminação de toda a população suína de rebanhos infectados;
- Separação das instalações nas diferentes fases;
- Investigação epidemiológica, clínicas e virológicas;
- Saber a origem dos animais adquiridos e fazer a quarentena dos mesmos quando chegam na propriedade;
- Limpeza e desinfecção das instalações e dos veículos que transportam os animais;
- Restrição de movimentação de suínos vivos, da carne suína e de outros vetores que possam transmitir a doença;
- Limpeza e desinfecção das mãos e das botas das pessoas que lidam com os animais.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) estabeleceu em março de 2004, por meio da Instrução Normativa n° 6, as Normas de Erradicação da Peste Suína Clássica. Uma das medidas da norma relata a proibição da vacinação de suídeos no território brasileiro. Essa atitude visa identificar os focos de ocorrência da doença, sem mascarar a presença do vírus com a utilização de vacinas, com a meta principal de erradicar a PSC em todas as regiões do país.
Para definir as estratégias no combate da doença, também foi criado o Plano de Contingência da Peste Suína Clássica, por meio da Instrução Normativa n° 27, de 20 de abril de 2004. As medidas desse plano tratam de procedimentos emergenciais a serem tomados em caso de constatação do vírus. Além da adoção desses métodos de manejo, é imprescindível comunicar o serviço veterinário oficial federal e estadual. As ações implantadas nos locais de ocorrência de PSC incluem a interdição e restrição do trânsito de suídeos e seus subprodutos, que sejam suspeitos de transmitir a doença; inspeção veterinária oficial no matadouro; desinfecção do local; vigilância da zona com foco da peste suína; e a Instrução Normativa nº 6 também prevê o sacrifício de animais, por incineração ou enterramento, quando há a confirmação laboratorial do agente patogênico.
A maior parte do território nacional apresenta-se livre de Peste Suína Clássica, porém a grande extensão do Brasil dificulta a erradicação total da enfermidade no país. Além disso, o trânsito de pessoas, equipamentos e materiais, sem uma fiscalização efetiva, demonstra a possibilidade de entrada do vírus, mesmo em locais considerados como zonas livres da PSC. Portanto, os cuidados na aquisição e venda de animais, bem como as precauções pertinentes à sanidade do rebanho devem ser tomadas em todas as etapas de desenvolvimento dos suínos, para manter a sustentabilidade da suinocultura nas propriedades agrícolas brasileiras.