Lucas Machado – Universidade Federal de Lavras – 3rlab
Uma das maiores preocupações no manejo de uma lavoura é com o controle das plantas daninhas. As plantas daninhas são aquelas que se desenvolvem na mesma área das culturas agrícolas, atrapalhando o desenvolvimento da cultura, pela competição, redução do stand e perdas por produtividade (Lorenzi, 2000). Elas também são conhecidas como plantas invasoras e uma das que mais tem preocupado os produtores rurais nas últimas safras é a buva, Conyza bonariensis (figura 1).
Recentemente o ministério da agricultura definiu oito pragas de maior risco fitossanitário que terão prioridade na análise e registro de defensivos, a buva está presente nessa lista, assim como o capim amargoso. O uso continuo de determinado defensivo, sem se preocupar em alternar os mecanismos de ação, a ausência de cobertura do solo na entressafra e a utilização inadequada do glifosato, são alguns dos fatores que aumentam a resistência dessas plantas invasoras. No Brasil, por exemplo, a buva é resistente ao glifosato (figura 2). Ela tem gerado grandes perdas nas principais regiões agrícolas do país, sendo capaz de produzir aproximadamente 100 a 200 mil sementes, que são carregadas pelo vento a grandes distâncias, explicando o seu surgimento em regiões que não existia anteriormente.
A buva costuma se desenvolver em áreas de pouca cobertura vegetal e paIhada, sendo característica de entressafra. A resistência ao glifosato e a fácil disseminação, são os dois principais fatores que tem contribuído para o aumento dessa invasora. Entre os meses de junho e outubro ela começa a aparecer, sendo que o pico de germinação ocorre no mês de agosto, mas pode variar de acordo com as condições de temperatura e luminosidade.
O pousio na entressafra, anterior ou posterior as culturas de inverno, possibilita a emergência precoce da invasora. Cultivar trigo ou aveia no inverno é uma boa opção para reduzir o problema de infestação da buva. Essa redução se deve ao fato de ser aplicado herbicidas nessas culturas que também possuem ação sobre a buva. Outra justificativa para essa redução é a coincidência do pico de emergência da buva com o desenvolvimento vegetativo dessas culturas, que fecha as entre linhas e abafam a planta invasora, prejudicando o seu crescimento.
A forma mais eficiente de prevenir a planta invasora é através do manejo, o recomendado é que o produtor realize o manejo cultural por meio do sistema de plantio direto (SPD), rotação de culturas, integração lavoura-pecuária (ILP) e consórcios de cultivos. As plantas daninhas se adaptaram ao manejo utilizado na cultura da soja e do milho e essas práticas citadas reduzem a seleção de daninhas resistentes. A formação da palhada protege o solo ao longo da estação seca, evitando a oscilação de temperatura do ambiente e reduzindo a incidência de luz, dificultando assim a germinação da buva.
A prevenção é essencial, limpar o maquinário levado para a lavoura e adquirir sementes certificadas, são duas práticas importantes. “O manejo da buva deve ser contínuo e integrado, ao longo do ano, para que o controle seja realizado de forma eficiente”, afirma Germani Concenço, pesquisador da Embrapa. Todas essas ações citadas anteriormente é que irão prevenir e controlar a buva, a aplicação de um único produto como acontece para a maioria das plantas daninhas não é eficaz para o controle dessa planta.